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terça-feira, 29 de março de 2011

que vergonha :Justiça do Rio manda soltar o pai da menina Joanna

28/03/2011 18h33 - Atualizado em 28/03/2011 20h16


Segundo juiz, neste momento, não há motivos para que ele continue preso.
André Rodrigues Marins foi preso em outubro sob acusação de tortura.

Rodrigo Vianna Do G1 RJ

Joanna Marins e o pai André Marins (Foto: Arquivo Pessoal)Justiça mandou soltar André Rodrigues Marins, pai
da menina Joanna (Foto: Arquivo Pessoal)

O juiz Alberto Fraga, da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, revogou nesta segunda-feira (28) a prisão preventiva do advogado e técnico judiciário André Rodrigues Marins, preso desde outubro sob a acusação de torturar a sua filha Joanna Marcenal Marins, de 5 anos. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), ainda cabe recurso.

A menina morreu no dia 13 de agosto de 2010, de acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), vítima de meningite, contraída pelo vírus da herpes, após 26 dias em coma no Hospital Amiu, em Botafogo, na Zona Sul.

Além de André, a madrasta de Joanna, Vanessa Maia, também foi acusada pelos crimes de tortura com dolo direto e homicídio qualificado por meio cruel. Na época, a promotora Ana Lúcia Melo afirmou que Vanessa teve uma atuação tão grave na morte da menina quanto a do pai dela. No entanto, ela teve o seu pedido de prisão preventiva negado.

Ainda de acordo com o Tribunal de Justiça, o juiz Alberto Fraga entendeu que o crime foi de tortura seguida de morte. Desta forma, ele vai encaminhar o processo ao Ministério Público para que seja adicionado à denúncia. O juiz entendeu que, neste momento, não há motivos para que o pai da menina continue preso, "visto que ele não representa ameaça à ordem pública".

Morte não decorreu de qualquer conduta omissiva"
Juiz Alberto Fraga

Na mesma decisão, o juiz concluiu também que as provas adicionadas ao processo não foram suficientes para caracterizar que André e Vanessa tenham cometido o crime de homicídio qualificado por omissão, apontado inicialmente na denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ). Para ele, ficou claro que os dois não deixaram de procurar atendimento médico para a menina.

"Por consequência, o resultado morte não decorreu de qualquer conduta omissiva, mas sim de situação pretérita, a qual, como se verá, levou a criança a um quadro imunológico que permitiu a rápida evolução da meningite herpética e o óbito de Joanna”, escreveu o juiz Alberto Fraga.

O Ministério Público do Rio informou que vai recorrer da decisão.

Menina foi atendida por falso médico

Antes de dar entrada no Hospital Amiu, Joanna foi atendida e liberada num hospital na Zona Oeste por Alex Sandro da Cunha, que está preso desde o dia 28 de fevereiro sob suspeita de se passar por falso médico. A pediatra Sarita Fernandes, que contratou o estudante, chegou a ser presa em 2010, mas a Justiça revogou a sua prisão. Segundo o TJ-RJ, o juiz condicionou a liberdade provisória da médica à apresentação do passaporte, que ficará acautelado em cartório.

Em depoimento, Alex afirmou que após a morte da criança foi orientado pela médica a deixar o país. Ele confirmou parte das denúncias do MP-RJ e disse que se apresentou à médica usando o nome verdadeiro. Ele responde por exercício ilegal da medicina. Tanto ele quanto Sarita também foram denunciados por estelionato, falsificação e uso de documento falso e tráfico ilícito de entorpecentes.

Procurado pelo G1, o advogado Wanderley Rebello de Oliveira Filho, que defende a médica Sarita Fernades, disse, na época, que acusação era estranha, já que Alex Sandro trabalhou com André Lins Moreira antes de conhecer a pediatra.

Relembre o caso Joanna

Joanna era alvo da disputa dos pais desde o nascimento. De acordo com a denúncia do MP, na primeira quinzena de julho de 2010, Joanna foi mantida dentro da casa dos acusados com as mãos e pés amarrados e deixada no chão por horas e dias suja de fezes e urina. O que, segundo a denúncia, teria deixado lesões físicas e psíquicas na menina. Para o MP, isso teria colaborado para a baixa de imunidade e de seu sistema imunológico.

Estudante Alex Sandro chegou é escoltado por agentes da DRCCSP durante depoimento (Foto: Tássia Thum/G1)Suspeito de se passar por falso médico, Alex foi
preso em fevereiro (Foto: Tássia Thum / G1)

O relatório final de conclusão do inquérito indiciava André Marins por tortura, mas o MP ampliou a denúncia. Ao ser indiciado, ele se disse surpreso com o resultado do inquérito e alegou que o delegado responsável pelo caso, Luiz Henrique Marques, foi pressionado pela opinião pública para tomar a decisão.

Ainda segundo a denúncia do MP, os acusados assumiram o risco da morte da criança "de forma omissiva", já que a menina somente foi levada ao Hospital Rio Mar já em situação crítica, local onde teve "atendimento médico impróprio". Foi neste hospital que ela foi atendida pelo falso médico e pela médica Sarita Fernandes Pereira. De acordo com parecer técnico, quando Joanna foi levada ao hospital ela tinha apenas 30% de probabilidade de recuperação.

Esses fatos, de acordo com o Ministério Público do Rio, caracterizam o crime de homicídio.






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