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terça-feira, 29 de março de 2011

Meu Jogo Inesquecível: Timão de Sócrates na vida de Fábio Assunção


Empate que valeu título paulista de 1983, nos tempos da Democracia Corintiana, marcou ator, que ia ao estádio com o pai. Hoje, leva o filho, João

Por Márcio Mará Rio de Janeiro


Na infância, quando ia com o pai ver o Timão jogar, Fábio Assunção aprendeu logo uma lição: para quem tem o sangue corintiano correndo nas veias, é mais importante lutar do que vencer. Nos tempos de garoto, foram incontáveis as vezes em que o ator viu a equipe sair de campo derrotada, mas debaixo de aplausos.

O gesto da Fiel, da qual já fazia parte, fascinava o menino Fábio. Ele cresceu e, tal como os craques de infância, suou a camisa para tornar-se um grande ator. Conquistou também a dádiva da paternidade e fez questão de repetir com o filho as saborosas tardes de domingo, a maioria no Pacaembu. O garoto João, de 8 anos, percebeu desde cedo que, seja qual fosse o resultado, faria parte do bando de loucos. Dentro de campo, teve em Ronaldo o ídolo e espelho. O Fenômeno representou para o moleque o mesmo que um certo doutor barbudo para o pai. Sócrates foi o favorito de Fábio Assunção nos tempos da Democracia Corintiana. E no dia 14 de dezembro de 1983, um jogo emocionante ficou marcado na vida do ator.

fabio assunção filho joão chicão corinthians (Foto: Arquivo Pessoal)Fábio Assunção leva o filho João para conhecer os jogadores, entre eles Chicão (Foto: Arquivo Pessoal)

- Era final do Campeonato Paulista, último jogo entre Corinthians e São Paulo. E no Morumbi. Fizemos 1 a 0, eles empataram logo depois. Mesmo assim fomos campeões, o time tinha vencido a primeira partida. Foi o primeiro título que vi ao lado do meu pai no estádio, vibramos muito. O Sócrates marcou o gol. Ele era a fina flor da equipe. Doutor, com cultura privilegiada, elegante, tinha toque rápido, principalmente aquele de calcanhar. Nem parecia um jogador de futebol. Com aquele tipo físico poderia tocar contrabaixo de orquestra. Alto, magro, canela fina, barbudo... Uma figura discreta. Hoje, o visual do jogador é bem mais pop - disse por telefone o ator da TV Globo, que fez participação especial no fim da novela Ti-ti-ti, das 19h.

Para quem não lembra, a Democracia Corintiana foi um movimento surgido na década de 1980, liderado pelo grupo de atletas corintianos politizados que tinha em Sócrates, Vladimir e Casagrande o grande pilar. Em acordo com o então diretor de futebol da época, o sociólogo Adilson Monteiro Alves, decisões como contratações, demissão, escalações, local de concentração eram decididas no voto pelos jogadores.

Assim, o clube superou a má fase em 1981 e partiu para o bicampeonato paulista, conquistado em 1983 na final com o Tricolor Paulista. No primeiro jogo, Sócrates já desequilibrara com seu talento para marcar o gol da vitória por 1 a 0.

Fábio Assunção Ronaldo (Foto: Divulgação/Corinthians)Fábio Assunção realiza sonho do filho, que era conhecer o ídolo Ronaldo (Foto: Divulgação/Corinthians)

Na segunda partida, foi de calcanhar, sua marca registrada, que o Magrão, como era chamado, recebeu o passe do meia Zenon, outro destaque do time, para fazer 1 a 0 aos 46 minutos do segundo tempo. A Fiel explodiu nas arquibancadas. E nem o gol de Marcão, empatando a partida dois minutos depois, também nos acréscimos, estragou a festa da Fiel no Morumbi. O título, o 19º estadual, recolocou o Timão como o clube com mais títulos paulistas. Mas não foram apenas os triunfos que fizeram a paixão do ator pelo Corinthians aflorar durante esses anos.

- Algumas vezes, junto com meu pai, via o time perder mas ser aplaudido pela torcida, que vibrava, ficava sempre do lado dos jogadores. O ensinamento mais importante do futebol não é o de vencer, mas o de lutar, desses caras dando sangue. O Corinthians é muito marcado por isso. Meu pai dizia que o clube era sofredor, ganhava as coisas sempre na raça, no esforço. O futebol ensina muito. Não é um esporte solitário, como o tênis. Precisa do esforço coletivo, tem a coisa da multidão, é muito popular.

Essa garra, naquela democracia corintiana, era simbolizada por outro jogador que divide com Sócrates a preferência de Fábio Assunção.

- Ah, o Biro-Biro era sensacional. Muito raçudo, corria o tempo todo, tinha aquele cabelo dourado, uma figura. Sempre gostei muito dele, tanto que era um dos craques do meu time de botão - afirmou Fábio, que lamenta só ter visto Rivellino pelos vídeos e teipes da TV.

De 1990 a 2005, por conta do trabalho, o ator.viveu no Rio de Janeiro. Confessa que foi algumas vezes ao Maracanã ver jogos do Flamengo e viu semelhanças da garra do time e da paixão da torcida com o seu Corinthians. Nada, no entanto, que o fizesse adotar um segundo clube. Ainda mais que o filho João ajudou-o a se reaproximar dos estádios. Agora, sempre que pode, leva o garoto às partidas e até aos treinos.

Pouco antes de Ronaldo pendurar as chuteiras, Fábio realizou o sonho de João de conhecer o o Fenômeno. Lembra dos olhos fixos do garoto no ídolo, em tudo em volta no CT do clube, no momento crucial em que viram o ex-camisa 9. É como se o passado voltasse para o ator. Recordou-se não só de Sócrates e Biro-Biro, mas de uma leva de craques que acompanhou nos estádios. Palhinha, Marcelinho Carioca, Ronaldo (goleiro) e tantos outros. Hoje, faz questão de ser mais um da Fiel nas arquibancadas para torcer por Liédson, Chicão, sempre abraçado à sua cria.

- Hoje repito com meu filho o que meu pai fazia comigo. Ele sempre me levava para ver os jogos. Outro dia, vi com o João pelo You Tube a final do Paulista de 1977, que pôs fim a um enorme jejum de títulos. Falar sobre essas coisas é sempre gostoso, é uma forma de homenagear nossos pais. Minha filha vai nascer em maio, e os sapatinhos do Corinthians já estão comprados. Não quero nem saber - disse o ator.

CORINTHIANS 1 X 1 SÃO PAULO
Leão, Alfinete, Mauro, Juninho e Wladimir; Paulinho, Sócrates, Zenon e Biro-Biro; Casagrande (Wágner) e Eduardo. Waldir Peres, Paulo (Paulo César), Oscar, Daryo Pereira e Nelsinho; Zé Mário, Humberto (Gassen), Renato e Márcio Araújo; Marcão e Zé Sérgio.
Técnico: Jorge Vieira. Técnico: Mário Travaglini
Gols: Sócrates, aos 46, e Marcão, aos 48 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschilla.
Local: Estádio do Morumbi, São Paulo. Data: 14 de dezembro de 1983. Competição: Campeonato Paulista. Renda: Cr$ 126.715.000,00. Público: 88.085.






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