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No Rio de Janeiro
Cristiane Marcenal, mãe da menina Joanna, falecida em agosto do ano passado aos cinco anos de idade, se diz "indignada" e "apavorada" com a decisão judicial que revogou a prisão preventiva de André Marins, pai de Joanna e acusado de torturar a filha.
Ontem (28), o juiz Alberto Fraga, da 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), decidiu que André deveria deixar o presídio de Bangu 4 (onde estava desde outubro passado) e responder às acusações em liberdade. “A manutenção do réu no seio social não acarreta qualquer ameaça, seja à ordem pública, seja à aplicação da lei penal, seja à oitiva das testemunhas”, escreveu o magistrado em sua decisão.
Fraga também entendeu que André e Vanessa Furtado (sua atual cônjuge, que responde ao processo em liberdade) não devem ser acusados pelo crime de homicídio. O juiz pediu que o Ministério Público reformulasse a denúncia.
Cristiane disse que já está tomando algumas providências para assegurar a segurança própria e de sua família. Médica cardiologista, ela decidiu reforçar a segurança do consultório onde trabalha e pediu às recepcionistas que só deixassem entrar pacientes com consulta marcada.
“Estou apavorada. Tenho muito medo por mim, pela minha família e o que é pior, pelas testemunhas que foram lá falar contra ele”, declarou a mãe de Joanna. “Tentamos contratar empresa de segurança, mas a gente está falido [sic] financeiramente. Todo o pouco que a gente tinha, gastamos com advogado. Vai ficar complicado daqui pra frente, vai ficar difícil de viver”, disse Cristiane. Ela também cogita solicitar sua inclusão no programa de proteção a testemunhas.
A reportagem do UOL Notícias tentou contato com o advogado de André Marins, mas ainda não obteve retorno.
Entenda o caso
Joanna estava sob a guarda do pai quando foi levada, em julho, ao Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, e atendida por um falso médico. Depois disso, ela foi levada a outro hospital, onde passou um mês em coma. Ela morreu no dia 13 de agosto.
Ela chegou à primeira unidade com hematomas nas pernas e nádegas. A polícia investigava se a menina foi vítima de maus tratos. Laudo do Instituto Médico Legal (IML) revelou que Joanna morreu de meningite herpética, mas não explicou as marcas de queimadura que ela tinha no corpo.
A criança estava provisoriamente com o pai e a madrasta desde o fim de maio. A Justiça havia determinado o afastamento da mãe por 90 dias por entender que a menina sofria de síndrome de alienação parental, quando um dos genitores tenta afastar o filho do outro.
Além do processo contra André e Vanessa, há outros dois abertos envolvendo o mesmo caso. A médica Sarita Fernandes Pereira é acusada por homicídio doloso de forma omissa por ter contratado o falso médico que atendeu Joanna. Sarita nega as acusações. No outro processo, o estudante de medicina Alex Sandro da Cunha Souza responderá por exercício ilegal da medicina com resultado de morte. Alex Sandro estava foragido desde o ano passado, mas entregou-se à polícia no final de fevereiro.
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