Em sua última carta, atriz que se matou no sábado escreve aos filhos e alfineta ex-marido
São Paulo - ‘Perdoem a mamãe, mas, a solidão é uma prisão terrível, é como se eu estivesse trancada dentro de mim mesma, estou cansada’. Com essas palavras, escritas numa carta enviada à revista ‘Caras’, a atriz e escritora Cibele Dorsa se despediu dos filhos, Viviane, de 10 anos, filha de seu casamento com o cavaleiro Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, e Fernando, 13, com o empresário Fernando Oliva.
As duas crianças moram no exterior e não vieram ao Brasil para o enterro da mãe, que ocorreu ontem, no Cemitério do Araçá, em São Paulo. Cibele morreu, aos 36 anos, na madrugada de sábado após cair da janela do apartamento onde morava, no sétimo andar de um prédio no Morumbi, Zona Sul de São Paulo. O caso foi registrado no 34º Distrito Policial como suicídio consumado. O enterro foi acompanhado por cerca de 40 pessoas. Os familiares não falaram com a imprensa.
Cibele, no ensaio para ‘Playboy’, e Gilberto, em foto divulgada pela noiva após a morte dele: fim trágico | Foto: Divulgalção
Na carta, Cibele diz que foi “plenamente feliz ao lado do Gilberto (Scarpa), seu noivo de 27 anos, que morreu em janeiro ao se jogar da mesma janela de onde ela saltou. “Ele pulou do prédio por vergonha de ter sido vencido pelas drogas… uma pena”, explica a atriz na carta, para depois alfinetar desafetos: “Quem devia se matar não se mata…”. A mensagem seria para seu ex, Doda, hoje casado com a milionária Athina Onassis.
Abaixo, leia trechos da carta envida pela atriz à revista ‘Caras’
“Viver sem o Gilberto é pra mim uma sobrevida desumana. De todos os homens que passaram por mim quem me fez mais mal foi sem dúvida alguma, o Doda, pai da filha que nem mais contato pude ter, e quem mais me fez bem, em vida, foi o Gilberto. Viver sem meus dois filhos e sem o amor da minha vida me dilacera por inteiro, é como se eu estivesse acordada passando por uma cirurgia cardíaca, sinto meu coração sendo cortado, um bisturi elétrico que não para nunca. Não aguento mais chorar, quando não estou soluçando de tanto chorar, fico com lágrimas calmas mas, elas não cessa, nunca! Não aguento mais viver, ou melhor, sobreviver. A comida não desce, sinto um nó na garganta, estou ficando cada dia mais magra, sinto minha pele se descolando do meu corpo. (…) Minha cabeça não consegue pesar menos que 10 toneladas, eu não tenho mais paz, a cena da morte do meu amor me atropela constantemente, lembro do corpo do Gilberto no meio da rua mas, os olhos estavam abertos e eu achei que ele pudesse me ouvir… Falei muito com ele acho que ele deve ter ouvido mas, falei tarde demais. Eu disse que me casaria, que teria o filho, que ele não poderia morrer, molhei o rosto dele de tantas lágrimas e, nada de conseguir que ele se salvasse. (…) Estou sofrendo mais dor agora do que quando sofri o acidente de carro. Agora não tem morfina, não tem nada que acalme essa dor, nada que faça parar essa sensação de perfuração no meu peito. Ainda por cima, o Doda parece nunca cansar de me humilhar, ele não se satisfará nunca mesmo. É o pior homem que já conheci em minha vida, um lobo em pele de cordeiro.”
A sua família:
“Mãe, Carla, Tio, Pai e Bruna, Maciel e Dantino, Me perdoem… não deu, tentei por quase dois meses mas, a dor é infernal. Estou indo em paz e feliz de estar me retirando, não se preocupem, tenho certeza que Deus entende quem morre por amor. Não estou obssediada, estou muito ciente do que estou fazendo, minha vida se tornou uma mentira, e, vcs sabem, eu dempre optei pela verdade.”
Ao Doda:
“Doda, Que um dia Deus te perdoe pelo que vc fez e faz comigo, com a Athina e com as crianças, tente ser alguém melhor, tenho pena da Athina... essa nunca vai conhecer um homem de verdade, um amor. Eu sofro agora, no entanto, fui plenamente feliz ao lado do Gilberto, homem de verdade, que mostra a cara, que não menti, não dissimula, e, assim ele foi até o final. Ele pulou do prédio por vergonha de ter sido vencido pelas drogas…uma pena. Quem devia se matar não se mata…”
Aos seus dois filhos:
“Perdoem a mamãe, mas, a solidão é uma prisão terrível, é como se eu estivesse trancada dentro de mim mesma, estou cansada, sinto muito a falta de vcs mas, confesso que com o Gilberto aqui era mais fácil suportar, eu o amo muito, não sei nem como posso continuar… aqui em casa ficou frio, me sinto fora do meu corpo às vezes, e, isso me dá uma pausa na dor, só que depois volta em dose mais pesada. Faz algumas semanas que sinto uma leveza no corpo, como se eu estivesse já com um pouco de aus~encia do mundo terreno. (…) Amo vcs e estarei olhando vcs (…) meu sonho é encontrar o Gilberto em Aruanda e virar guia espiritual. Vivi, ainda vamos nos encontrar em outras vidas, munca te bandonei, seu pai fez um plano milionário para tirá=la de mim, não tive saída. Fe, idem… vou estar torcendo por vc no futebol, na realização de seus sonhos.. O inacabado, o interrompido tem que ter um fim.”
Para seu noivo Gilberto que cometeu suicidio antes dela:
“Meu amor Gilberto, Vou te encontrar esteja onde vc estiver, no plano espiritual tenho chances de te ver, a famosa esperança, aqui, não. Senti vc e ouvi sua voz inconfundível me pedindo o vídeo e já está no ar. Te amo meu amor, quero correr para os seus braços. Somo o Romeu e Julieta do mundo pos-moderno. Vamos continuar criando, quero ao seu lado dar aulas de teatro para crianças aí no plano espiritual. Vou cuidar delas como gostaria de ter cuidado da minha Vivi…Eu sempre te disse para não copiar autores famosos. Para criar e vc criou! Mas, eu te copio com o maior prazer… Vou tbm em frente com dois anéis até o fim, tu és foi…minha vertigem, meu oásis, minha eterna paixão.”
Para seu sepultamento:
“QUERO SER ENTERRADA NO MESMO JAZIDO DO Gilberto. Não usei nenhuma droda, apenas calmantes e o antietanol…Por favor, quero ser velada em São Paulo e eterrada no mesmo jazido do Gilberto. Quero meu caixão em cima do dele.”
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