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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Clube obriga babá a usar branco e barra ida a restaurante


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CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

O crachá deve estar sempre no pescoço e a roupa deve ser toda branca. Em alguns dos mais tradicionais clubes de São Paulo, não basta às babás apresentarem carteirinha, como os sócios. É preciso estar trajada de acordo com as regras.

É assim no Pinheiros, no Paineiras e no Paulistano, todos na zona oeste, cujos títulos chegam a R$ 25 mil.

No Pinheiros, algumas babás relatam que são cobradas a usar calçados fechados, mesmo em dias quentes. No Paulistano, é preciso usar "sapatênis, sapatos ou tênis da mesma cor do uniforme".

"Acho discriminação", diz a babá Silvana Santana, 36, que vai ao Pinheiros duas vezes por dia. Na semana passada, ela teve apreendida sua carteirinha (onde se vê escrito "acompanhante") porque vestia bermuda jeans e blusa branca. Foi avisada de que só o patrão poderia retirar o documento.

Outra passou por uma "blitz de babás" e teve a carteirinha retida, pois não usava branco. Ficou "constrangida e envergonhada."

Sua empregadora, que preferiu não se identificar, afirma que ficou tão incomodada que enviou uma carta ao clube explicando que ela não usa uniforme em casa e pedindo que não tivesse de fazê-lo no clube. "Foi indeferido. Alegaram que é regra."


Carlos Cecconello/Folhapress
Babás entram no clube Pinheiros vestidas de branco; traje é obrigatório em clubes tradicionais de SP
Babás entram no clube Pinheiros vestidas de branco; traje é obrigatório em clubes tradicionais de SP

Juliana Rodrigues, 25, também babá, diz que já lhe chamaram a atenção no Pinheiros porque sua blusa branca tinha "uma florzinha no canto" e porque usava sandália "neste calor".

Diz ainda ser proibida de ir ao restaurante acompanhada apenas das crianças e conta que um sócio já pediu que ela se levantasse de um banco perto da piscina.

O Pinheiros confirma que as babás só podem ir ao restaurante infantil.

Sócia do clube, a professora Nuria Carbó, 35, considera o uniforme discriminatório. "Passaram a vir de branco porque muitos sócios reclamaram da presença delas." Já Paula Krishnan, 37, também sócia, acha que a regra é uma forma de controle. "Assim como os funcionários do clube, [as babás também] têm identificação."

O coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Martim Sampaio, vê discriminação na exigência da roupa branca e, sobretudo, no veto ao restaurante.

"O clube tem o direito de saber quem está adentrando a dependência, até por questão de segurança, mas a carteirinha basta para isso", diz.

"É um constrangimento ilegal a empregada ter que se vestir de forma diferenciada e é absurdo impedir que ela entre no restaurante. Ser obrigada a levantar do banco é um apartheid social."

Segundo o Pinheiros, o clube tem 37 mil sócios e 1.500 acompanhantes de idosos, crianças e deficientes cadastrados. Eles devem apresentar crachá "e portá-lo em local visível durante a sua permanência no clube, como acontece com funcionários em qualquer organização". Uniforme e crachá servem para identificação, diz.

Afirmou que algumas áreas possuem "regras específicas para acesso, podendo ser reservados exclusivamente aos associados". Paineiras e Paulistano não se manifestaram


Comentar esta reportagemVer todos os comentários (458)

  1. Fabio Melero (309)
    (10h57) há 6 horas

    Walter Salles disse uma vez que não fazia filmes com ricos brasileiros, porque eles são caricatos. Após uma temporada longa nos EUA, ao chegar ao terminar de embarque do JFK e ver os brasileiros "ricos", constatei a veracidade das palavras de Salles. São realmente muito ridículos.

  2. Jaime Carrasco (195)
    (12h17) há 4 horas

    O detalhe esta em que estas babás não são funcionárias do clube!!! E sim das pessoas que são sócias do clube.

    O clube pode impôr suas regras aos seus funcionários e não aos funcionários dos frequentadores.

  3. Ana Beatriz (1)
    (10h58) há 6 horas

    Discriminação travestida de preocupação com segurança. Que nojo.








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