A Assembleia Legislativa empossa, amanhã, os deputados eleitos e reeleitos para os próximos quatro anos, mas se depender dos líderes da base do novo governo boa parte das atenções nos próximos meses estarão voltadas ao passado. É que nos planos dos liderados pelo governador Beto Richa (PSDB) estão a abertura de uma série de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) para promover uma “devassa” na administração do antecessor, Roberto Requião (PMDB). No topo da lista estão as denúncias contra o Porto de Paranaguá, que envolvem diretamente o irmão do ex-governador e ex-superintendente da APPA, Eduardo Requião, e outros homens de confiança do peemedebista.
“Vamos dar pleno apoio aos deputados que quiserem criar uma CPI do Porto como outras que poderão surgir. O que aconteceu praticamente comprova que houve irregularidades graves e atesta as denúncias que nós vínhamos fazendo”, confirma o líder da bancada do novo governo, deputado Ademar Traiano (PSDB). “Não tenho a menor dúvida de que deverão surgir outras CPIs. Foram muitas denúncias no final do governo”, alega.
A ideia de encampar a criação de uma CPI do Porto cresceu após a Operação Dallas, da Polícia Federal, que investiga um esquema de desvio de cargas, cobrança de propina para a compra de uma draga, entre outras irregularidades na APPA, que até 2008 era comandada por Eduardo Requião. Na operação, o apartamento do irmão do ex-governador chegou a ser alvo de uma operação de busca e apreensão, na qual foram encontrados R$ 140 mil em dinheiro, além de armas.
O sucessor de Eduardo na superintendência do Porto, Daniel Lúcio de Oliveira de Souza, está preso acusado de chefiar o esquema que teria a intenção de desviar US$ 5 milhões com a cobrança de propina na compra da draga. Há suspeitas de que o dinheiro também teria servido para irrigar campanhas eleitorais. Entre os supostamente envolvidos estariam ainda, segundo as investigações, o ex-assessor especial e suplente de Requião no Senado, Luís Mussi, e o ex-chefe de gabinete do peemedebista, Carlos Moreira Júnior.
Outro tema que pode ser alvo de uma CPI bancado pela base do governo Beto Richa contra Requião é o Paraná Previdência. Em novembro passado, o Tribunal de Contas divulgou relatório apontando um rombo de R$ 3,2 bilhões no fundo de aposentadoria dos servidores públicos estaduais, supostamente causado pela falta de repasses do governo, que teria deixado de cumprir com a obrigação de repassar a alíquota de 10% incidente sobre o total da folha de pagamento. Estudo encomendado pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES) - que reúne representantes dos funcionários públicos paranaenses apontou, porém, que o déficit seria ainda maior, podendo chegar a R$ 4,5 bilhões. Na época, parlamentares alinhados a Richa que integravam a oposição à administração anterior já defendiam a responsabilização de Requião pelo “furo”.
A lista deve incluir ainda o escândalo do desvio de diárias de viagens na Secretaria de Estado da Educação, que veio à tona em meados do ano passado, logo depois de Requião ter deixado o cargo para disputar o Senado. Dados da auditoria feita pela Secretaria Especial de Ouvidoria e Corregedoria do Estado apontaram que o esquema teria desviado mais de de R$ 1,3 milhões entre 2007 e maio de 2010. Uma CPI sobre o tema envolveria diretamente outro irmão de Requião, Maurício Requião, que foi secretário de Estado da Educação até 2008, sendo depois nomeado conselheiro do TC. Maurício assumiu o cargo mas foi afastado por conta de uma decisão da Justiça.
Em 2003, a base do então governo Requião propôs uma série de CPIs envolvendo a Copel, Sanepar, e outros relativos à administração Jaime Lerner como forma de “carimbar” a gestão do antecessor.
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