Cerca de 30% dos domicílios brasileiros sofrem com algum grau de restrição alimentar
26/11/2010 - 10h00
Aproximadamente 30% dos domicílios brasileiros não têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. É o que mostra levantamento suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgado nesta sexta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A pesquisa, relativa a 2009, analisou 58,6 milhões de domicílios particulares no país. Desse total, 17,7 milhões (30,2%) apresentam algum grau de insegurança alimentar, o que representa um total de 65,6 milhões de pessoas. Em 2004, a proporção era de 34,9%.
Entre esses domicílios mencionados acima, 18,7% (ou 11 milhões de lares) apresentam situação de insegurança alimentar leve; 6,5% (3,8 milhões) moderada, e 5% (2,9 milhões) grave. Ao todo, 11,2 milhões de pessoas relataram ter passado fome no período investigado.
Em 2004, as prevalências de domicílios com moradores em situação de insegurança alimentar leve, moderada e grave eram, respectivamente, 18%, 9,9% e 7%. Ou seja, houve redução dos percentuais de restrição moderada e grave.
A pesquisa mostra que a prevalência de insegurança alimentar é maios na área rural do que na urbana. Enquanto 6,2% e 4,6% dos domicílios em área urbana apresentavam níveis moderado e grave, respectivamente, na área rural as proporções foram de 8,6% e 7%.
Segurança alimentar no Brasil em 2009 (Fonte: IBGE)
Situação | Descrição | % de domicílios | Nº de pessoas |
Segurança alimentar | Os moradores dos domicílios têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais | 69,8 | 126 milhões |
Insegurança alimentar leve | Preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro; quantidade inadequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos | 18,7 | 40,1 milhões |
Insegurança alimentar moderada | Redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura dos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre os adultos | 6,5 | 14,2 milhões |
Insegurança alimentar grave | Redução quantitativa de alimentos entre as crianças e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre as crianças; fome (quando alguém fica o dia inteiro sem comer por falta de dinheiro para comprar alimentos) | 5,0 | 11,1 milhões |
Regiões
O levantamento mostra que a Região Sul é a que apresenta menos problemas. Santa Catarina é a unidade da Federação com maior percentual (85,2%) de domicílios em situação de segurança alimentar, seguida do Rio Grande do Sul (80,8%) e do Paraná (79,6%). A média nacional é de 69,8%.
Já nas regiões Norte e Nordeste, todos os Estados apresentam proporções inferiores à média nacional de segurança alimentar. No Maranhão (35,4%) e no Piauí (41,4%), nem metade dos domicílios conta com alimentação saudável e em quantidade suficiente assegurada. No Centro-Oeste, apenas Goiás está nessas condições.
Situação de segurança alimentar em domicílios particulares segundo as unidadade da Federação (Fonte: IBGE)
Perfil dos domicílios
Além de menos bens, os domicílios em situação de insegurança alimentar também são os menos atendidos pela rede coletora de esgoto sanitário. Outra característica é a maior densidade por dormitório: em 4,5% dos domicílios com restrições alimentares graves há três ou mais moradores dormindo no mesmo quarto.
Cerca de 55% dos domicílios em situação de insegurança alimentar moderada ou grave têm renda mensal domiciliar per capita de até meio salário mínimo.
A prevalência de restrições é maior em domicílios em que residem crianças. A pesquisa indica que 8,1% da população de 0 a 17 anos vivem em situação de insegurança alimentar grave. Na faixa etária de 65 anos ou mais, a proporção é de 3,6%.
Do total de 97,8 milhões de moradores pretos ou pardos, 43,4% apresentam algum nível de insegurança alimentar. Entre os brancos (92,4 milhões), a prevalência é de 24,6%.
Em relação à escolaridade, a pesquisa mostra que quanto maior o grau de instrução, menor a prevalência de insegurança alimentar grave ou moderada. Em 2004, 29,2% dos moradores sem instrução ou com menos de um ano estudo apresentavam restrição na quantidade de alimentos moderada ou grave. Em 2009, a proporção caiu para 20,2%.
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