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quinta-feira, 22 de abril de 2010

UMA CANDIDATA CHAMADA “VANDA”. OU: DILMA ACABA COM O MONOTEÍSMO NA IGREJA CATÓLICA!


quinta-feira, 22 de abril de 2010 | 5:55

Escrevi aqui outro dia que, Dilma Rousseff, quando pertencia a grupos clandestinos, devia se encarregar de assuntos lítero-musicais, já que assegura não ter participado de nenhuma das ações armadas das três organizações terroristas que integrou: Colina, VAR-Palmares e VPR. Também deve ter lido a Bíblia com afinco naqueles tempos, daí a insistência em acusar a oposição de “lobos em pede de cordeiro”. Na, vá lá, “entrevista” concedida ontem ao tal Datena, da Band, a pré-candidata petista mostrou o que sobrou de tanta reflexão religiosa… Já chego lá.

“Calma, Vanda!”
Antes, quero lembrar aqui um bate-papo descontraído que Carlos Minc andou mantendo com os descolados do Rio. Segundo o ex-ministro do Meio Ambiente, quando Dilma, à frente da Casa Civil, ficava muito brava e dava murros na mesa, ele conseguia apaziguá-la dizendo estas palavras mágicas: “Calma, Vanda, calma!!!” Huuummm… “Vanda” é um dos nomes que Dilma teve na clandestinidade. O ex-ministro, diga-se, chegado a um verde, que hoje abraçaria troncos de árvore com emoção, já foi menos doce com pessoas. Será ele um lobo em pele de Minc (não resisti)?

No dia 31 de março de 1969, a Vanguarda Popular Revolucionária assaltou o banco Andrade Arnaud no Rio. Os terroristas mataram um inocente, o comerciante Manoel da Silva Dutra. Minc fez parte da operação. Dilma jura que não. Então fazia o quê? Estudava religião!!! É a conclusão a que cheguei vendo o trecho abaixo da entrevista a Datena. O trecho que interessa vai de 1min20s a 2min8s. Advirto: trata-se de uma cena forte. Reproduzo trecho da fala por escrito depois:


DATENA -
Não sendo nem um pouco criativo, quando fizeram aquela pergunta pro Fernando Henrique, ele demorou três horas e meia para responder… A senhora acredita em Deus?

DILMA - Olha, eu acredito numa força superior que a gente pode chamar de Deus. Eu acredito e… E acredito, mais do que nessa força, se ocê (???) me permitir, acredito na força dessa deusa mulher que é Nossa Senhora.

DATENA - Nossa Senhora de Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de uma forma geral (!!!)…

DILMA - Todas essas múltiplas Nossas Senhoras (!!!) que existem por esse Brasil afora: Nossa Senhora das Dores, das Graças, Aparecida…

DATENA - Porque no fundo, no fundo, elas representam é…

DILMA - Nossa Senhora da Boa-Morte…

DATENA - No fundo, no fundo, Nossa Senhora representa a força que a mulher brasileira tem, né?

DILMA - Representa isso, eu acho, e representa uma coisa que todo mundo precisa: misericórdia. Ela representa muito isso. Proteção! Todo mundo precisa.

Comento
Começarei pelo aspecto mais, bem…, bizarro da resposta. Pode ser chato, mas nem a VPR teria mudado isto caso tivesse conseguido implantar a ditadura comunista e atéia no Brasil: as religiões monoteístas têm apenas um Deus. Assim, Nossa Senhora não é uma “deusa mulher” porque inexistem deuses e deusas no catolicismo — na verdade, no cristianismo. Só existe “Deus”, que se expressa nas três Pessoas da Trindade. O catolicismo reconhece a existência de santos — e Maria, a “Nossa Senhora”, está entre eles, recebendo denominações distintas de acordo com os locais de aparição ou com o tipo de culto que se faça à santa. Com alguma graça, poder-se-ia dizer que o Deus cristão é, sim, Três em Um, mas Nossa Senhora é Uma em Uma em suas várias manifestações.

O diálogo, como se estabelece num nível elevado, inclusive o teológico, permite que Datena indague em qual Nossa Senhora em particular ela acredita, incluindo uma nova: a “Nossa Senhora de Uma Forma Geral”. E a sapientíssima fala das “múltiplas Nossas Senhoras Brasil afora (sic). E quais são elas? A das Graças (França); a da Boa Morte (Portugal) e a Das Dores, que já era cultuada na Alemanha no século 13… Datena, que só perdeu em cultura religiosa para a entrevistada, arrematou: “No fundo, Nossa Senhora é a força da mulher brasileira”. Ô!!! Maria nasceu em Garanhuns!

Vamos agora ao comentário do petistíssimo apresentador sobre FHC. A pergunta a que ele se refere tem autor: Boris Casoy, seu colega de emissora, que ele não listou entre os jornalistas de valor da casa. O então candidato a prefeito de São Paulo não pagou o mico que paga Dilma, afetando uma crença que não tinha. Jamais chamaria Nossa Senhora de “deusa”. Disse que respeitava a religião dos brasileiros, mas não fingiu ser o que não era para ganhar votos.

Nossa Senhora? Então Dilma se declara “católica”. Lembro aqui duas afirmações que revelam essa intimidade com o catolicismo, extraídas de uma entrevista à revista Marie Claire:
- Abortar não é fácil para mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização.
- Fui batizada na Igreja Católica, mas não pratico. Mas, olha, balançou o avião, a gente faz uma rezinha”.

Dilma é a católica que chama Nossa Senhora de “deusa”, que defende a legalização do aborto e que reza quando balança o avião. Daí seu Deus ser aquela tal “força superior” — ela pode estar confundindo com Lula…— na qual credita. Mas acredita mais ainda na “Deusa mulher”…

A Dilma que dá murro na mesa é mais autêntica, creio. Forçar esse figurino descontraído, “humano”, vai funcionar (ver post abaixo)? Não sei. Talvez os marqueteiros devessem deixar a candidata um pouco mais à vontade. Minc poderia acompanhá-la Brasil afora. Ao menor sinal de perda de controle, ele diria: “Calma, Vanda, Calma!!!”




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