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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Secretaria de Saúde detecta água contaminada por radioatividade em Caetité (BA)


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Especial para o UOL Notícias
Em Salvador
A Secretaria da Saúde da Bahia e o Inga (Instituto de Gestão das Águas e Clima) notificaram nesta quinta-feira (21) a Prefeitura de Caetité e a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) para suspenderem imediatamente o consumo de água em três pontos onde foi detectada a presença de radioatividade acima do permitido pelo Ministério da Saúde. Dos três locais contaminados, um é utilizado para abastecimento de moradores: um poço no povoado de Barreiro abastece cerca de 15 famílias desde 2007.

O índice de radioatividade alfa encontrado foi 0,3 bq/litro, quando o padrão é 0,1 bq/litro, de acordo com a portaria 518 do Ministério da Saúde. Segundo os dois órgãos, a prefeitura deve garantir o abastecimento alternativo de água para as famílias. A suspensão foi determinada pelo diretor geral do Inga, Julio Rocha, logo após o recebimento dos resultados da última análise de coleta de amostra de água realizada pelo órgão na região de Caetité, que fica no sudoeste da Bahia, no início de dezembro do ano passado.

De acordo com Rocha, os outros dois pontos onde foram encontrados índices elevados de radioatividade estão localizados na área interna da INB e a água é utilizada para fins industriais: o poço 1, com índice de 4,07 de radioatividade alfa e de 4,05 para radioatividade beta (o padrão para radioatividade beta é 1,0 bq/l); e o tanque de acumulação Joaquim Ramiro, com 0,23 alfa.

A radioatividade alfa é "menos agressiva" do que a beta. Em geral, as partículas alfa não conseguem ultrapassar as camadas externas das células mortas, mas podem provocar lesões graves caso entrem no organismo através de ferimentos, por exemplo. A beta é capaz de ingressar nos tecidos, ocasionando danos à pele. A longo prazo, as pessoas que ingeriram água contaminada podem desenvolver câncer.

O diretor de regulação do Inga, Luiz Henrique Pinheiro, disse que o poço 1 não terá a sua autorização para uso da água renovada por causa do resultado dos testes. "O que preocupa é que este poço usado pela indústria contamina o aquífero", afirmou.

Relatório vai apontar responsável
Na próxima semana, o Inga deve receber o segundo resultado das análises, que vão indicar qual o elemento responsável pela radiação. "Estas análises irão identificar se a radiação é natural, já que o solo da região é rico em urânio, ou se as atividades da INB podem estar contaminando as águas dos poços e mananciais. Os resultados avaliam de forma precisa a qualidade das águas que estão na unidade e no entorno da INB, e quais são os elementos radioativos nas águas coletadas. O Ibama será comunicado destes resultados para que tome providências em relação ao licenciamento ambiental da INB, que poderá ser suspenso", acrescentou Julio Rocha.

Nesta quinta-feira, técnicos da Cerb (Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia) iniciaram em Caetité o cadastro de moradores de diversos povoados que não utilizam a água tratada pela Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento).

Esta não foi a primeira vez que análises constataram radioatividade na água de Caetité. Em novembro do ano passado, o Inga determinou a suspensão do consumo de água em seis pontos analisados no município e em outras duas cidades: Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora.

A Prefeitura de Caetité informou que vai fornecer água às famílias do povoado de Barreiro e a INB aguarda a notificação para se pronunciar. No final do ano passado, a empresa encaminhou ao Inga um relatório informando que tinha adotado "ações corretivas e medidas preventivas" para evitar novas contaminações.


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