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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Número de mortos em deslizamentos em Angra chega a 46


Maurício Savarese
Enviado especial do UOL Notícias
Em Angra dos Reis (RJ)
Atualizada às 21h54

A Prefeitura de Angra dos Reis confirmou que o número de mortos nos deslizamentos na área pobre do morro da Carioca, no centro da cidade, e na praia do Bananal, no distrito de Ilha Grande, já chega a 46. O corpo de uma mulher acaba de ser encontrado no morro do Carioca pelas equipes de resgaste.

Mais cedo, a prefeitura decretou estado de calamidade pública. A medida serve para alertar a sociedade que os processos de governo e de ordem jurídica estão comprometidos momentaneamente.

O anúncio foi feito em entrevista coletiva pelo prefeito, Tuca Jordão, que também pediu auxílio do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, para os desabrigados e outros moradores em áreas de risco na cidade. Ele insistiu que os habitantes destes locais - estimados entre 15 e 20 pontos do município - devem deixar suas casas por conta da possibilidade de novos deslizamentos.

Por ora, as cerca de 40 famílias afetadas pela tragédia na cidade do litoral sul do Estado foram colocadas em escolas e outros prédios públicos. Angra tem mais de 200 desabrigados e cerca de 550 desalojados por conta dos deslizamentos.

Segundo ele, Angra dos Reis pedirá ao governo federal a inclusão da cidade no programa habitacional que é uma das bandeiras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que já tem cadastro de pelo menos 6.000 habitantes que precisam de moradia.

"A ajuda de Brasília para nós seria incomensurável. Somos uma cidade pequena que até os anos 70 era basicamente turística, e que com o tempo foi incorporando as usinas nucleares e a estrutura da Petrobras. Precisamos dessa ajuda", afirmou ele, ex-secretário de habitação da cidade.

Saques
Os moradores da área pobre de Angra dos Reis, o morro da Carioca, não conseguem dormir tranquilos. A tragédia não sensibilizou saqueadores que entraram em casas parcialmente destruídas para furtar eletrodomésticos e pertences de pessoas desalojadas depois das chuvas do dia 1º de janeiro.

Os relatos de roubo alarmaram os moradores neste domingo (3) e várias pessoas se apressaram para remover seus bens das casas próximas à clareira que se abriu com a tragédia na região. Os bombeiros e a Defesa Civil ainda fazem buscas para encontrar vítimas nessa área pobre do centro de Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro.

"Não adianta vir prefeito e governador dizendo que a gente tem de sair daqui porque é área de risco. A gente não é burro. Mas vai deixar tudo para trás desse jeito? Não vai, não", disse Gerson Silva, 39, vendedor. "Tem gente que saiu para enterrar parente e amigo e quando voltou tinha sumido um fogão, uma televisão. Não pode dar mole nem numa hora como essa."

Patrícia Santos, 25, disse que foi ao morro neste domingo para retirar os móveis da residência de um parente independentemente do risco de desabamento. "A casa do meu tio não foi completamente derrubada, foi só um pedaço pequeno, mas interditaram. Eu não posso entrar e tirar as coisas, mas a polícia pode demorar esse tempo para evitar que alguém nos roube? Querem que a gente saia na marra?"

  • Charles Silva Duarte/O Tempo/AE

    Geraldo Faraci e Sonia Iamanishi Faraci (centro), donos da pousada Sankay, são vistos no velório da filha Yumi Faraci, no Parque Renascer, cemitério e crematório, em Contagem (MG)

  • ( como assim? são vistos? é o velorio da filha deles! eles deram uma passadinha, por lá???? !!!)


No início do dia a Polícia Militar ocupou as entradas do morro da Carioca para impedir novos furtos. Isso não tranquilizou a estudante. "Vão ficar aí à noite? Eu acho que não vão. Levo para qualquer lugar, agora acho que vai para a casa de um amigo. Mas aqui eu não deixo."

Transporte
A prefeitura de Angra dos Reis também disponibilizou uma embarcação para facilitar o transporte de passageiros entre o centro da cidade e a periferia. A medida beneficia os moradores prejudicados com a interdição parcial de um trecho da Rodovia Rio-Santos.

De acordo com o secretário da TurisAngra, Marcus Veníssius, mais de 1.000 pessoas foram transportadas para as praia do Machado e do Camorim ao longo do dia. A embarcação Vida Louca, com capacidade para 15 pessoas, faz o trajeto partindo do cais central, de Santa Luzia, contornando a costa.

Veja onde aconteceram os deslizamentos de Angra dos Reis (RJ)

  • UOL Mapas

    Marcação em violeta mostra região do morro da Carioca, na parte continental de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro. Está indicada em cor de laranja a região da Pousada Sankay, na enseada do Bananal, em Ilha Grande. Nos dois locais houve mortes em consequência dos desabamentos de terra causados pelas chuvas deste início de ano



O embarque preferencial é para os moradores de Monte Castelo e Sapinhatuba 3, localizados próximos ao quilômetro 477 da rodovia, onde o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) identificou uma rachadura com cerca de 40 centímetro na pista.

"São regiões populosas, a cerca de oito quilômetros do centro e que ficou prejudicada com a interdição parcial da rodovia, bem na entrada da cidade", afirmou Marcus Veníssius.

De acordo com o secretário, a embarcação ficará disponível até a normalização do tráfego na BR-101, que deve diminuir até o fim do dia, após a volta para casa de muitos turistas que passaram fim de ano em Angra dos Reis.

*Com informações da Agência Brasil







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