A corrupção no Brasil vai de mal a pior. Essas cenas de gente graúda, em gabinetes governamentais, enfiando maços de dinheiro nas meias e nas cuecas estão pegando mal. Que fim levaram as maletas?
Se a boa e velha pasta 007 foi aposentada para evitar suspeitas, fica a dúvida: onde são transportados, nos dias de hoje, os inocentes relatórios, documentos de trabalho, papers e demais conteúdos extra-propina? Será que ninguém arranja pelo menos uma sacola de supermercado para essa gente?
Quando violou o painel de votação do senado, o atual governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, então tucano, foi a público esclarecer: “Eu não matei! Eu não roubei!” Provavelmente voltará à cena, em breve, para garantir novamente que não matou. A segunda frase ele não vai achar oportuno repetir.
José Roberto Arruda tem reputação de bom administrador, mas parece ter manias estranhas. Conseguiu ressuscitar do escândalo do painel. E foi trabalhar com Durval, o homem de 32 processos. Arruda deve julgar que tem sete vidas.
Mas tem uma só, e estava no lucro. Um lucro fabuloso para quem corrompera o sigilo eleitoral do Senado da República. Se fosse japonês, talvez tivesse renunciado ao vivo à sua única vida. Mas brasileiro não desiste nunca – até porque o eleitorado nacional não liga muito para essas traquinagens.
O partido Democratas está na dúvida se expulsa o governador do DF. Afinal, ele não matou ninguém.
Fica-se imaginando que tipo de providências o DEM estará tomando agora. É possível que esteja providenciando as tais sacolas de supermercado para o araponga de plantão, convidando-o a filmar tudo de novo, com mais compostura. Esse negócio de dinheiro na meia e na cueca, realmente, não dá.
O segundo maior partido da oposição não tem mais autoridade para criticar o autismo de Lula, que “não sabia” da orgia do mensalão montada por seus homens de confiança. O DEM não sabia das más companhias de Arruda – mas agora sabe, e decidiu conviver com elas, ao não decretar a expulsão sumária do governador.
O PSDB parece querer se atirar pelo mesmo ralo. Ficou esperando para passar a mão na cabeça do partido aliado, enquanto este passa a mão na cabeça do seu governador aloprado. Não se viu um tucano indignado no horizonte. Serão esses panetones tão saborosos assim?
José Roberto Arruda não é candidato a mera laranja podre da oposição. Foi líder do governo Fernando Henrique no Senado e é o único governador do DEM. É peixe grande. E é em torno dele que estão orbitando esses grossos maços de dinheiro vivo (será que panetones só podem ser pagos em espécie?).
Se Arruda ganhar novo direito à ressurreição, José Dirceu vai se queixar, com toda razão, de que é um injustiçado da política brasileira. E a política brasileira, generosa, estará convidando o país a dividir um quarto com Zelaya na embaixada em Honduras. Sem ar-condicionado, para não mascarar os odores.
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