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domingo, 22 de novembro de 2009

O Brasil deve evitar Mahmoud Ahmadinejad


Recepcionando Ahmadinejad, o presidente Lula estará passando a mensagem de que endossa a política do presidente iraniano, de ideologias fundamentalistas e apocalípticas e de desprezo pelos direitos humanos
Meir Javedanfar
 Divulgação
MEIR JAVEDANFAR
É um iraniano – israelense, analista do Oriente Médio, colunista do jornal inglês The Guardian e o coautor de The Nuclear Sphinx of Tehran: Mahmoud Ahmadinejad and the State of Iran (sem tradução em português)

Desde que subiu ao poder em 2003, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem tido um papel ativo nas crescentes relações com países para além da América do Sul. Diferentemente de outras potências emergentes, tais como Rússia e China, o Brasil colocou o seu foco nos países do hemisfério Sul. Conhecida como estratégia “Sul-Sul”, seus fundamentos são baseados na autopercepção como uma potência meridional, assim como nas fortes ligações culturais a lugares como a África, de onde vem a maioria da população não-indígena do país. O Brasil não vê a si próprio somente como uma potência econômica. Ele também se vê como uma força para o desenvolvimento e apefeiçoamento do Terceiro Mundo, em relação aos direitos humanos e econômicos das pessoas que vivem na pobreza.

A República Islâmica do Irã é um desses países no hemisfério Sul que atraíram a atenção do presidente Lula. As vastas reservas de óleo e gás, a preponderante população jovem e a economia subdesenvolvida iraniana proporcionam a Brasília uma oportunidade de incrementar as exportações brasileiras, assim como expandir sua presença em uma das regiões estrategicamente mais críticas do mundo.

Ao mesmo tempo, o sacerdócio dominante do Irã vê a melhoria nas relações com o Brasil como essencial para sua própria estratégia “Sul-Sul”, que clama por uma expansão das relações diplomáticas e econômicas com os países da América do Sul.

Essa convergência de interesses explica por que o governo iraniano está dando tanta ênfase à visita do presidente Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, no dia 23 de novembro. Essa visita é uma vitória importante em seus esforços de escapar do atual isolamento que ele mesmo criou, recusando-se a aceitar a recente negociação nuclear generosa oferecida ao Irã em Viena, no final de outubro.

O regime de Mahmoud Ahmadinejad tem também outros motivos para valorizar essa visita. Desde o início dos anos de 90, o Irã está tentando expandir suas redes terroristas na região da América do Sul. Em duas ocasiões, os argentinos foram lembrados dessa estratégia e de suas consequências. A primeira foi a explosão da embaixada de Israel em Buenos Aires em 1992, na qual morreram 29 pessoas e 242 ficaram feridas. Em 1994, uma horrível operação de explosão suicida matou 85 civis inocentes um centro cultural judaico em Buenos Aires.

Até hoje, o governo iraniano se recusou a entregar os oficiais que a Interpol acusou de terem organizado essas explosões. Além disso, para provar seu descaso pela lei internacional, Mahmoud Ahmadinejad recentemente designou um dos suspeitos, Ahmad Vahidi, como Ministro da Defesa do Irã. Essa foi uma mensagem clara à comunidade internacional de que o presidente iraniano apoia e promove aqueles que tomam parte no terror internacional.

Há também a questão das violações de direitos humanos. Por exemplo, o governo de Ahmadinejad não somente discrimina homossexuais, como chega ao ponto de negar o direito de existência dos gays no Irã. E, após as eleições presidenciais de 12 de junho, manifestações de jovens iranianos que tomaram as ruas para demonstrar descontentamento, de maneira civil e pacífica, foram reprimidas violentamente pelas forças de segurança do presidente Ahmadinejad. Muitos manifestantes foram detidos. Há relatórios que falam de tortura brutal e estupro de prisioneiros, tanto homens como mulheres. Alguns deles teriam sido mortos. Em alguns casos seus corpos teriam sido tão duramente espancados que se tornaram irreconhecíveis para suas próprias famílias.

Ainda que a visita de Ahmadinejad possa trazer novas oportunidades econômicas e de negócios, os brasileiros farão bem em perguntar o custo dessa aproximação com Teerã. O questionamento deve ser levantado especialmente neste momento em que a comunidade internacional tenta, sem sucesso, convencer o governo iraniano, por meio de diplomacia e negociações, a cooperar em relação ao controle de seu programa nuclear. Em vez de cooperar, o governo de Ahmadinejad está pesquisando o desenvolvimento de mísseis que podem transportar ogivas nucleares, assim como a construção de instalações nucleares secretas, longe dos olhos da comunidade internacional, como foi o caso da recentemente descoberta central nuclear em Qom.

O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad é um dos mais desdenhados presidentes que o Irã já teve, tanto em casa como no exterior. Suas ideologias fundamentalistas e apocalípticas e o desprezo pelos direitos humanos estão pondo em perigo a estabilidade do Oriente Médio e o bem-estar de seu próprio povo. Recepcionando Ahmadinejad, o presidente Lula estará enviando uma mensagem a Ahmadinejad de que endossa a sua política. O povo do Brasil e membros da comunidade internacional deveriam fazer o contrário, rejeitá-la.
















Lula acumula: -Aposentadoria por invalidez,aposentadoria de Aposentadoria por invalidez, Pensão Vitalícia de "perseguido político" isenta de IR, salário de presidente de honra do PT, salário de Presidente da República. Você sabia???

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