O Ministério Público em Catanduva (385 km de São Paulo) vai pedir a quebra dos sigilos telefônico, bancário e fiscal dos suspeitos de integrar um esquema de pedofilia no município. A informação foi dada nesta segunda-feira (2) pelo presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia no Senado, Magno Malta (PR-ES). Segundo o senador, com a quebra dos sigilos, ocorrerão "revelações surpreendentes".
"A partir disso é que a sociedade de São Paulo vai conhecer a dimensão e a gravidade desse caso", disse o senador, que esteve na tarde desta segunda em Catanduva conversando com a juíza Sueli Juarez Alonso e com os pais das crianças que teriam sofrido os abusos sexuais. O senador não soube confirmar o número de pessoas que a CPI vai pedir a quebra dos sigilos.
Ontem, os promotores André Luis Nogueira da Cunha e Noeli Correia, responsáveis em acompanhar o segundo inquérito policial que foi aberto para apurar as denúncias das famílias, reclamaram da libertação, neste fim de semana, de uma das pessoas que foi reconhecida pelas crianças na quinta-feira (26). Segundo eles, o Ministério Público pretende avaliar o que motivou a soltura do preso.
"Ele foi solto sem que houvesse um mandado da Justiça. Do nosso ponto de vista, a delegada não poderia ter soltado essa pessoa que está com a prisão provisória decretada, para a investigação pela Justiça. E o Ministério Público está tomando as providências, no âmbito da Polícia Civil, para apurar o que levou a delegada, que está conduzindo as investigações, a tomar essa iniciativa sem consultar a juíza que já tinha decretado a prisão e sem consultar o MP", disse a promotora.
O novo inquérito policial pretende investigar quantas crianças foram vítimas e quantas pessoas poderiam estar envolvidas com a rede de pedofilia na cidade. "Não sabemos ainda dizer quantos suspeitos existem, porque o que já ficou evidente é que alguns dos suspeitos usavam nome falso. As crianças mencionam determinado nome, e aquele nome não é realmente o nome do acusado", afirmou.
O segundo inquérito policial corre sob sigilo. A medida, de acordo com a promotora Noeli Correia, é para evitar a exposição das vítimas: crianças e adolescentes. Ela informou que também está sendo apurado se as fotos e imagens das vítimas, ainda não encontradas pela polícia, foram disponibilizadas na internet.
"O que caracterizaria [a existência de uma rede de pedofilia] é justamente a inclusão dessas fotos das crianças na internet e a divulgação das fotos, em situação pornográfica, espalhadas no território nacional ou até mesmo internacional", disse.
Pedofilia
Na última quinta-feira (26), quatro pessoas foram presas em Catanduva acusadas de envolvimento com a rede de pedofilia. Elas foram reconhecidas por meninos de 5 a 14 anos durante sessão na DIG (Delegacia de Investigações Gerais). A prisão temporária de cinco dias foi determinada pela juíza da Vara da Infância, Sueli Juarez Alonso.
No total, ao menos 23 crianças teriam sofrido abuso ou tido envolvimento com os acusados, mas só nove foram selecionadas para o reconhecimento. Apenas uma criança de seis anos não reconheceu nenhum acusado. As outras oito apontaram o sobrinho do borracheiro. Seis reconheceram os dois adolescentes.
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