Sáb, 21 de Março de 2009 00:00 |
Subiu de 40 para 50 o número de crianças supostamente abusadas por uma rede de pedófilos em Catanduva. Somente nos últimos três dias, dez pais de menores que não constavam no inquérito policial que investiga o caso procuraram o Ministério Público para dizer que os filhos também foram vítimas dos crimes sexuais. Para a promotora Noemi Corrêa, que cuida das investigações em conjunto com a Delegacia Seccional de Rio Preto, as novas denúncias são resultado da vinda da CPI da Pedofilia a Catanduva na quarta e na quinta-feira. "Os rostos dos suspeitos foram exibidos em todos os canais de TV, o que facilita a identificação por novas vítimas", disse Noemi. Anteontem, segundo dia de audiências da CPI, um menino de 6 anos reconheceu pela TV o borracheiro, e disse aos pais que foi abusado por ele. O garoto prestou queixa no Plantão Policial de Catanduva, de acordo com a Polícia Militar.
Ontem foi a vez da dona de casa D.F., 22 anos, que mora no Jardim Alpino denunciar um novo caso ao Ministério Público. Segundo ela, o filho mais novo, F.P., 4 anos, disse que o borracheiro José Barra Nova de Melo, o Zé da Pipa, "fazia besteira" com ele. Ele também citou Willian Melo de Souza, sobrinho de Zé da Pipa, e André Luiz Cano Centurion, como outros supostos abusadores. Só o filho mais velho da dona de casa, J.F., 6 anos, constava do inquérito. De acordo com a promotora, as novas vítimas serão incluídas no novo inquérito, e serão convocadas a participar de um novo reconhecimento dos suspeitos, em data ainda indefinida. Para a CPI, o reconhecimento feito pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no fim de fevereiro, ficou prejudicado pela mudança de visual dos suspeitos e pela ausência dos pais, o que, para os senadores, teria inibido as crianças.
Caça à "banda rica" O senador Romeu Tuma (PTB-SP) permaneceu ontem na região para acompanhar as diligências da Polícia Federal de Rio Preto para encontrar o médico Wagner Rodrigo Brida Gonçalves e o empresário José Emanuel Volpon Diogo. Nenhum dos dois compareceu anteontem à CPI em Catanduva, mesmo com os habeas corpus concedidos pelo Tribunal de Justiça (TJ). Segundo Tuma, caso encontrados, ambos seriam notificados a comparecer à CPI em Brasília, em data ainda a ser definida. "Se, mesmo notificados, não comparecerem, emitiremos um mandado de condução coercitiva", afirmou o senador. Nenhum dos dois havia sido localizado até as 18h de ontem. Tuma segue hoje para São Paulo. Ontem pela manhã, o prefeito de Catanduva, Afonso Macchione (PSDB), visitou algumas famílias vítimas da rede de pedofilia em Catanduva. Ele se comprometeu com a CPI a criar uma força-tarefa para auxiliar as famílias das crianças abusadas.
Hoje, a partir das 14 horas, ele se reúne com pais e mães das vítimas. A intenção é levantar as necessidades materiais e psicológicas e prestar atendimento. O encontro acontece no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do Jardim Alpino. Macchione quer ouvir as famílias e listar as necessidades. O atendimento será desde cestas básicas até acompanhamento psicológico. "Será o momento das mães relatarem o que passam dentro de casa para que possamos ajudar", informou a assessoria da Prefeitura. Nas últimas semanas, as mães reclamaram passar por necessidades. Muitas perderam o emprego depois que os casos de violência sofrida pelos filhos vieram a público. "Nossos filhos estão sem roupa, comida e remédio", disse uma mãe durante sessão da CPI anteontem.
Malta vê resultado positivo Depois de dois dias de audiências públicas, o presidente da CPI, senador magno malta, avaliou os trabalhos da comissão em Catanduva como altamente positivos. Para ele, a presença dos senadores permitiu que o caso não ‘morresse’, mesmo depois de dois inquéritos policiais com falhas de investigação. "Isso mexeu com as autoridades, com o poder público." Segundo ele, a comissão tem conhecimento da gravidade do caso de Catanuva, "que desmoralizou uma população inteira". De acordo com o senador, a CPI provou aos denunciados e também aos envolvidos na suposta rede de crimes sexuais que não haverá impunidade.
Ele também está confiante que os culpados serão identificados com o trabalho do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, da Polícia Federal, e diligências feitas pelos delegados da Seccional de Rio Preto. Para Malta, o fato de nenhum dos suspeitos ter aceitado a oferta da delação premiada e negado a violência contra as crianças, não é frustrante. "Temos conhecimento do que eles fizeram porque estamos trabalhando e sei quem é o culpado e quem não é." O senador ainda tem expectativa do borracheiro José Barra Nova de Mello e o sobrinho Willian Mello de Souza aceitarem a proposta da CPI.
Hamilton Pavam Senador Romeu Tuma vai chamar depoente para analisar vídeo
Senador vê ‘coincidências’ em vídeo O senador Romeu Tuma, relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, vê relação entre o depoimento de Geraldo Correia, gestor do Instituto Pró-Cidadania, quarta-feira, em Catanduva, e o conteúdo do vídeo que, segundo ele, está em poder do Ministério Público e Polícia Civil. Por esse motivo, o parlamentar adiantou que vai chamar o depoente para analisar as cenas do vídeo, as quais considera "muito parecidas" com as descritas pela testemunha. Na ocasião, Correia contou ao senador que uma criança de 5 anos, moradora do Jardim Alpino, disse a ele que foi obrigada a engolir esperma de um dos pedófilos. Na sessão da CPI, Tuma afirmou: "Praticamente eu vi aqui na sua descrição o que eu vi no computador que está sob a guarda do Ministério Público no Senado". E acrescentou: "Provavelmente o senhor será convidado para rever se aquela cena é igual a que foi descrita aqui".
Na quinta-feira, o Diário da Região publicou reportagem com as revelações de Tuma. No mesmo dia, ainda pela manhã, o senador admitiu ter se equivocado. À tarde, voltou atrás e negou o equívoco. A mãe da criança citada por Correia, porém, não ficou convencida. "Tudo o que ele disse aconteceu com minha filha", afirmou ela. "Só se tiver dois filmes iguais". Ela também achou estranho o fato de o senador ter convidado o gestor do instituto para analisar o filme e ver "se aquela cena é igual a que foi descrita". A íntegra da fala do senador Romeu Tuma, em áudio da CPI gravado pela rádio Band FM, de Catanduva, é a seguinte: Tuma - Eu falo isso porque tem um... como é que chama... um computador apreendido, da CPI, em que tem uma criança que deve ter três ou quatro anos, uma menina, que praticamente é a descrição que o senhor fez aqui. O senhor fez (a descrição) de um menino. Correia - E da menina também.
Tuma - E de uma menina que gritava "tio, para, tio, pelo amor de Deus, para". Um elemento desclassificado, praticando ato sexual sobre o rosto da menina, e ela segura por dois marmanjos sem-vergonha... gritando e chorando pra que parasse, que ela não aguentava o sofrimento e aquela humilhação, aquele medo que ela estava sentindo. Praticamente eu vi aqui na sua descrição o que eu vi no computador apreendido que está sob a guarda do Ministério Público, no Senado. Que provavelmente o senhor será convidado para rever se aquela cena é igual a que foi descrita aqui pelo senhor. Tuma - Agora, o promotor da infância se recusou a receber a denúncia, pediu por escrito. O senhor chegou a fazer essa denúncia por escrito? Correia - Pra ele, não. Porque no momento em que ele já tinha dificultado falar com o diretor no início da primeira... no início da primeira denúncia...
Para CPI, suspeitos são agora fugitivos O médico Wagner Rodrigo Brida Gonçalves e o empresário José Emanuel Volpon Diogo - suspeitos de integrar a suposta rede de pedofilia - são considerados fugitivos para o senador magno malta, presidente da CPI da Pedofilia. Os suspeitos não compareceram à convocação dos senadores mesmo depois de conseguirem no Tribunal de Justiça (TJ) um habeas corpus para suspender o efeito do decreto de prisão temporária contra os dois. Para Malta, eles se esconderam e serão ouvidos em Brasília. "Não vamos ouvi-los de maneira nenhuma agora. Não é a hora que eles querem. Pensei que quando eles ganhassem o habeas corpus iriam se apresentar. Muito pelo contrário, eles se esconderam. Mas não foi surpresa porque este tipo de gente não me surpreende", afirmou o senador.
O presidente da CPI também acionou a Polícia Federal para tentar localizar o médico e o empresário. Assim que localizados, ambos serão conduzidos à força para prestarem depoimentos no Senado. "O habeas corpus não vale para a CPI. É apenas para a prisão preventiva", disse Malta. O advogado do médico, José Luis Oliveira Lima, não vê motivos para a condução coercitiva de seu cliente. "Ele não está foragido. Está em liberdade e só não foi até a sessão da CPI porque não foi convocado pelos senadores", explicou. A reportagem tentou localizar o advogado do empresário, Adriano Salles Vani, mas ele não retornou aos contatos. |
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