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domingo, 22 de março de 2009

Grupo de Tarso lança a candidatura de Dilma a 2010


Fotos: ABr e Folha

Antecipando-se à decisão partidária, a corrente “Mensagem ao Partido”, segundo maior grupo do PT, lançou um manifesto em que declara apoio a Dilma Rousseff.

“Consideramos a companheira Dilma Rousseff [...] uma solução adequada para a nova vitória em 2010...”

“...E para a continuidade e aprofundamento das medidas essenciais que marcam a presidência de Lula”.

O grupo “Mensagem ao Partido” foi criado em fevereiro de 2007. Surgiu pregando a reforma ética no PT pós-mensalão e a oxigenação do diálogo interno.

Um de seus expoentes, o deputado José Eduardo Cardozo (SP), converteu-se em secretário-geral do PT. É o segundo posto na hierarquia partidária.

O apoio a Dilma vem à luz num encontro que o grupo realiza no Rio. Começou neste sábado (21), com a presença da candidata de Lula. Termina neste domingo (22).

A chefona da Casa Civil foi recepcionada com uma cantoria tomada de empréstimo das campanhas de Lula: “Olê, olê, olê, olaaaaaaá, Dilmaaaaaa, Dilmaaaaa!”

Posou para fotos abraçada ao ministro Tarso Genro (Justiça), uma espécie de ideólogo do grupo.

A cena como que sepulta as insinuações de que Tarso tramaria contra Dilma.

O manifesto do grupo de Tarso foi levado à web. Chama-se “Uma Nova Mensagem para Uma Nova Conjuntura”. Pode ser lido aqui.

Além da manifestação de simpatia pela candidatura presidencial de Dilma, o texto elege passeia pela crise econômica e pela conjuntura política.

O manifesto flerta com o óbvio em duas passagens. A primeira: “O encaminhamento da crise definirá as características da eleição de 2010”.

A segunda: “Interessa ao PT [...] transformar o pleito [de 2010] em um plebiscito sobre os rumos do Brasil”.

O grupo deseja uma disputa plebiscitária entre o petismo e o tucanato. De um lado, os “avanços” da gestão Lula. Do outro a “volta atrás” representada pela dupla PSDB-DEM.

De resto, o texto da “Mensagem ao Partido” joga na atmosfera um conjunto de provocações econômicas. Vão abaixo quatro exemplos:

1. O BC e os juros: O texto trata a instituição presidida pelo ex-tucano Henrique Meirelles como um corpo estranho na gestão Lula.

Anota que o BC move-se “na contramão” da “política popular” que caracteriza o governo. “Mantém os juros em patamares elevadíssimos”.

Insinua que Meirelles e sua equipe estão em conluio com o “cartel” da banca privada:

“O BC e o setor financeiro privado, que muitos, não por acaso, consideram quase uma coisa só, dificultam o combate à ameaça recessiva”.

A pretexto de “garantir a expansão do PIB em 2009”, sugere-se “colocar um fim à autonomia operacional do BC”.

Única maneira de “dotar o país de uma política monetária coerente com o esforço antirrecessivo”.

Em discurso que dirigiu ao grupo neste sábado, Dilma também fez referência aos juros. Na prática, a ministra antecipou decisões que competem ao BC:

"Temos condições de reduzir os juros de forma significativa, sem comprometer a estabilidade do país. E nós vamos fazê-lo".

2. Intervenção em ex-estatais: Para os petistas do grupo “Mensagem ao Partido” o governo deveria agir para reverter as demissões feitas por ex-estatais.

Como? Utilizando “a participação acionária que ainda tem em empresas antes inteiramente públicas”.

O texto menciona duas ex-estatais privatizadas sob FHC: Vale e Embraer. Afrima que, “se necessário, a participação estatal deve aumentar” nessas empresas.

3. Mercado financeiro: Além de pregar o aumento da participação acionária do governo nas ex-estatais, o grupo defende “maior presença do Estado no setor financeiro”.

Embora o texto não diga explicitamente, sugere nas entrelinhas que o Estado deveria adquirir bancos privados.

Prega também, nesse caso às claras, a imposição de controles à “entrada e saída de capital estrangeiro” no pis e o “controle cambial”.

4. O Judiciário: O texto traz um ataque velado ao presidente do STF, Gilmar Mendes. Sem mencionar-lhe o nome, anota:

“Cumpre destacar o papel de alguns representantes do Poder Judiciário no sentido de bloquear os avanços democráticos obtidos nos últimos anos...”

“...Em especial, através da criminalização dos movimentos sociais, da proteção a corruptos e corruptores [...]”.

Nos últimos dias, Gilmar pendurou nas manchetes duros ataques às relações “promíscuas” que unem as arcas do Estado ao MST.

Antes, Gilmar fora criticado pelo petismo por ter expedido duas decisões que liberaram da cadeia Daniel Dantas, o preso mais ilustre da Satiagraha.

De resto, o grupo defende que o PT defina rapidamente “a agenda que centralizará” a disputa presidencial de 2010.

“Especialmente em eleições nacionais, quem define a agenda tem assegurada uma das condições fundamentais para a vitória...”

“...E a agenda do futuro não vai esperar 2010. Ela voltará então com tudo, mas já deve ser discutida agora pela pressão da crise”.

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