[Valid Atom 1.0]

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Oposição boliviana diz que Morales está "desesperado" por reeleição

O presidente do Senado na Bolívia, o opositor Óscar Ortiz, afirmou hoje que Evo Morales está "desesperado" para ser reeleito presidente o mais rápido possível e, para isso, quer que seja aprovado um projeto de Constituição que "não tem consenso nacional".

"Vemos um desespero no presidente e seu partido porque ele quer a reeleição o mais breve possível", disse à agência Efe Ortiz, legislador do conservador Poder Democrático e Social (Podemos) e representante de Santa Cruz, reduto da oposição autonomista.

Arte/Folha Online
Mapa da Bolívia; departamentos em amarelo são governados por líderes da oposição ao governo do presidente Evo Morales
Mapa da Bolívia; departamentos em amarelo são governados por líderes da oposição ao governo do presidente Evo Morales

Segundo Ortiz, Morales procura a "reeleição" para aplicar uma Constituição que permita a ele "controlar tudo: as duas câmaras do Congresso, o Tribunal Constitucional, o Tribunal Eleitoral e a Corte Suprema".

"Isso é dar uma fachada constitucional ao que na realidade seria uma ditadura com um regime praticamente de partido único, isso é o que estão querendo conseguir e, certamente, nós não estamos de acordo com isso", disse o presidente do Senado.

Ortiz pediu hoje ao governo mais tempo para alterar o projeto de nova Carta Magna e advertiu que, se isso não acontecer, seu partido votará contra o referendo que deve validar o texto constitucional.

"Vamos voltar a pedir que se dê tempo para alterações e, caso o Movimento ao Socialismo (MAS) se negue, obviamente votaremos contra a convocação", disse o senador Ortiz.

Morales pediu ao Congresso que aprove antes de 15 de outubro a convocação de um referendo que valide a nova Carta Magna, enquanto os movimentos sociais que lhe apóiam iniciarão dois dias antes uma manifestação para pressionar os parlamentares nesse sentido.

Segurança reforçada

O governo da Bolívia anunciou nesta segunda que reforçará a presença militar no departamento (Estado) de Pando, no norte do país que faz fronteira com Brasil e Peru. Será instalado um Comando Amazônico quando terminar o estado de sítio declarado pelo governo há quase três semanas por causa da intensificação dos conflitos armados na região.

O ministro da Defesa boliviano, Wálker San Miguel, declarou à rádio Erbol que "a presença militar vai permitir a geração de uma verdadeira institucionalização" em Pando, onde o Executivo decretou o estado de sítio em 12 de setembro após a onda de violência entre opositores e camponeses pró-governo que deixou pelo menos 18 mortos.

Segundo a Erbol, que cita fontes do governo, o Comando Amazônico consistirá em um contingente formado por soldados da Força Aérea, Naval e Exército que será instalado entre La Paz, o departamento de Beni, no nordeste, e Pando.

San Miguel esclareceu que a instalação do Comando Amazônico não significa uma ampliação do estado de sítio, mas "mais quartéis na zona (...) e maior presença das instituições do Estado" para quando a medida for encerrada.

Morales já tinha anunciado no final de setembro que quando expirassem os 90 dias de estado de sítio, em Pando seria alocada uma "forte presença estatal'.

Massacre

O governo determinou o estado de sítio um dia após os violentos choques entre governistas e opositores autonomistas que, em 11 de setembro, causaram a morte de pelo menos 18 pessoas, no meio da onda de violência que se estendeu por várias regiões do país.

Pela violação do estado de sítio, o Executivo ordenou a detenção do então governador, o opositor Leopoldo Fernández, que atualmente está preso em uma penitenciária de La Paz, acusado de terrorismo e homicídio. Morales nomeou um militar para substituí-lo à frente do departamento.

O episódio é investigado por uma missão da União de Nações Sul-americanas (Unasul), que chegou à Bolívia na terça-feira (30). Camponeses que apoiavam o presidente Evo Morales entraram em confronto com opositores, após uma emboscada, dia 11 de setembro.

Reportagem publicada na Folha de S.Paulo (íntegra disponível para assinantes do jornal ou do UOL) revela que funcionários do governo regional de Pando participaram dos confrontos entre camponeses. Relatos de sobreviventes, corroborados por imagens às quais a reportagem da Folha teve acesso, mostram que atiradores dispararam contra camponeses, que tentavam fugir a nado. A Polícia Departamental, que responde ao governo nacional, assistiu à cena sem intervir.

Para o governo foi um "massacre" de camponeses preparado por funcionários do departamento, mas, segundo parlamentares da oposição, foram os governistas que abriram fogo e provocaram os enfrentamentos.

A delegação é formada por seis representantes da Venezuela, Peru, Brasil, Chile e Bolívia, e viajará nas próximas horas de La Paz para Pando.

Com agências internacionais

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: