da Folha Online
As Bolsas da Ásia voltaram a cair no início do pregão, nesta terça-feira, após o dia que foi considerado o pior desde o início da crise financeira, no ano passado; ontem, Bolsas no Brasil, na Europa, nos EUA e na Ásia tiveram perdas históricas. As perdas de hoje seguem a tendência mundial com o temor de que a crise financeira, iniciada nos EUA, cause prejuízos também na Europa.
A Bolsa de Valores de Tóquio (Japão) recuou mais de 5% no começo do dia, atingindo a barreira dos 10 mil pontos pela primeira vez em quase cinco anos; na Coréia do Sul, a Bolsa de Seul abriu com baixa de 1,3%; em Sydney (Austrália), o dia começou com retração de 3,27%; em Xangai (China), o mercado abriu com recuo de 3,34%; a bolsa de Hong Kong ficará fechada hoje devido a um feriado.
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"Os mercados permanecem em uma situação de pânico desde a semana passada, e muitos estão indo na direção do dinheiro", afirmou Koichi Ogawa, do Daiwa Asset Management. "Não é um movimento racional, pois há muita gente que não tem outra escolha senão vender."
Em sua 15ª medida consecutiva para aumentar a liqüidez no país, o BoJ (Banco do Japão, o banco central do país) anunciou a injeção de mais um trilhão de ienes (US$ 9,847 bilhões) no sistema bancário.
Desde que o banco de investimento americano Lehman Brothers quebrou, no dia 15 de setembro, o banco central japonês forneceu ao sistema financeiro 25,9 trilhões de ienes (US$ 255,046 bilhões).
A grande preocupação, atualmente, é sobre quanto da Europa já foi afetada pela crise. "O mercado europeu também foi influenciado e quem comprou produtos lá está mais preocupado ainda", disse o executivo de uma companhia japonesa que investe na Bolsa. "Não há como saber o que pode acontecer depois", afirmou.
Brasil
No Brasil, a Bovespa chegou a ter o pregão interrompido duas vezes, na primeira após cair 10% e, na segunda, após cair 15%.
Pouco depois da abertura, a Bovespa despencou rapidamente 10% e o mecanismo do "circuit breaker" foi acionado --às 10h19-- para evitar oscilações ainda bruscas. Após meia hora de interrupção, o índice Ibovespa despencou mais uma vez, caindo 15%, e o "circuit breaker" foi acionado novamente às 11h44 interrompendo os negócios, por uma hora. Em menos de um mês, o mecanismo foi utilizado três vezes. Antes do último dia 29, o "circuit breaker" havia sido acionado pela última vez em 1999.
No fim do dia, o Ibovespa --que reflete os preços das ações mais negociadas-- fechou em queda de 5,43%, com 42.100 pontos, menor patamar desde março de 2007. O câmbio disparou para R$ 2,19.
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje à tarde que os mercados vivem um "momento de irracionalidade" e que a "situação é passageira". O BC, por sua vez, realizou mais cedo um leilão de swap cambial (instrumento que contribuiu para reduzir a disparada das taxas), além de anunciar que vai usar dinheiro das reservas internacionais para garantir crédito em dólares para os exportadores brasileiros.
O governo também vai editar uma MP (medida provisória) que autoriza o Banco Central a comprar diretamente a carteira de crédito de bancos comerciais. A medida será adotada para ajudar bancos médios e pequenos no Brasil, afetados pela escassez de crédito diante da crise internacional.
"Já em setembro, nós começamos a ver algumas instituições financeiras européias com problemas, já precisando de ajuda dos governos. O pânico de hoje dos mercados têm um pouco disso, mas também das notícias de sexta-feira [3]", comentou o economista do Banco Real, Cristiano Souza, lembrando que a aprovação do pacote anticrise nos EUA trouxe pouco alívio para os mercados na semana passada.
Eua
Em Nova York, o Dow Jones ainda fechou com perda de 3,58%, ficando com 9.955,50 pontos --abaixo da marca de 10 mil pontos pela primeira vez desde outubro de 2004. Na Europa, a Bolsa de Paris teve sua maior queda em um único dia (fechou com perda de 9,04%); a Bolsa de Londres teve a maior queda em pontos em uma única sessão (perda de 5,77%; durante o dia, a perda foi de 391,1 pontos). Na Ásia, a Bolsa de Tóquio caiu 4,25%; a de Hong Kong perdeu 4,97%; na Coréia do Sul, a retração foi de 4,29%; a Bolsa de Jacarta perdeu 10,03%; e a de Xangai caiu 5,23%.
O Dow Jones --principal índice da Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês)-- sofreu nova queda recorde em pontuação para um único dia, ao perder 800 pontos. O mesmo ocorreu nas Bolsas de Londres e Paris.
Na sexta-feira, o Congresso americano passou para o governo o cheque de US$ 700 bilhões pedido pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, e pelo qual o presidente americano, George W. Bush, foi à TV quatro vezes. O pacote coloca na mão do secretário recursos para comprar títulos "podres" (com baixíssima probabilidade de resgate, ou seja, com risco muito alto de calote) e tentar levar ao mercado alguma credibilidade, quase toda perdida ao longo da crise e que reduziu drasticamente a oferta de crédito.
Sebastião Moreira/Efe |
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O cheque dado pelo Congresso, no entanto, não foi totalmente em branco: entre as inclusões estão o aumento da garantia dos depósitos bancários, de US$ 100 mil para US$ 250 mil, e outros US$ 150 bilhões em benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais.
Europa
Na Europa, os governos de alguns países já se movimentam: o governo alemão aprovou uma ajuda de cerca de US$ 68 bilhões para evitar a quebra do banco de hipotecas Hypo Real Estate. O banco francês BNP Paribas também concordou em comprar uma participação de 75% no banco Fortis, que teve suas operações na Holanda nacionalizadas pelo governo holandês. Os governos da Alemanha, Irlanda e Grécia já declararam também que irão garantir depósitos bancários.
No sábado (4), o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, disse que iria propor a criação de um fundo europeu de 12 bilhões de libras (US$ 21,3 bilhões) para ajudar pequenas empresas a enfrentarem a crise financeira. O ministro das Finanças do Reino Unido, Alistair Darling, disse por sua vez que está "pronto para fazer o que for preciso" para evitar uma crise de crédito no sistema financeiro britânico.
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