Publicada em 05/09/2008 às 13h04m
Jorge Antônio Barros e Cristiane de Cássia - O Globo e O Globo OnlineRIO - A líder do movimento Gabriela Sou da Paz, Cleyde Prado Maia, de 51 anos, morreu hoje de manhã, cerca de 12 horas depois de ter sido decretada sua morte cerebral, em conseqüência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), sofrido na quinta-feira de manhã. A informação foi dada nesta sexta-feira, por volta de meio-dia, pelo ex-marido de Cleyde, Carlos Santiago, pai da adolescente Gabriela Prado Maia, que morreu em 2003, vítima de uma bala perdida, durante um tiroteio entre policiais e assaltantes do metrô, na estação de São Francisco Xavier. Cleyde deverá ser cremada amanhã e suas cinzas serão jogadas na Praia da Barra da Tijuca, assim como ocorreu com sua filha. Santiago informou que a família receberá as cinzas três dias após a cremação.
A perda da filha levou Cleyde a se engajar na luta contra a impunidade e a violência urbana no Rio. Ela participava diretamente da comissão formada pelo movimento Rio de Paz para diálogo permanente com a Secretaria de Segurança do estado.
Leia no blog Repórter de crime: Tiro que matou Gabriela atingiu Cleyde
Santiago - que foi casado com Cleyde por 21 anos e voltou a se aproximar dela após a morte da filha - informou também que, neste momento, Cleyde está sendo submetida a cirurgias para remoção de órgãos que serão doados, cumprindo o último desejo da mãe de Gabriela.
- Na morte da Gabriela, a Cleyde sofreu muito diante das dificuldades de se doar os órgãos. Então fez questão de liderar um movimento na família para assinar os documentos determinando que seus órgãos fossem doados. Estamos realizando o último desejo da Cleyde - afirmou Carlos Santiago.
Médicos do Rio Transplante, responsáveis pela operação, informaram a Santiago que até ossos de Cleyde serão aproveitados na doação. Os médicos avaliaram que o coração de Cleyde está em bom estado, mas não se sabe ainda se será aproveitado por algum receptor pelo fato de a doadora ter mais de 50 anos de idade.
Escultura com pomba da paz em homenagem a CleydeNesta sexta-feira, o prefeito Cesar Maia informou, em seu boletim eletrônico, que vai homenagear Cleyde Prado com a instalação de uma escultura com uma pomba da paz em uma praça da Tijuca. No informativo, Cesar diz que "a bala que matou sua filha se alojou definitivamente no coração de Cleyde". Ele sugere ainda que as pessoas rezem uma Ave Maria para ela.
Fundadora do movimento "Gabriela sou da paz", Cleyde organizava uma terceira "motociata" contra a impunidade no próximo dia 21. O presidente da Federação de Motoclubes do Estado do Rio, Renato Pereira, acredita que a manifestação deve ser mantida.
Segundo seu ex-marido e pai de Gabriela, Carlos Santiago, Cleyde passou mal na manhã de quinta-feira e foi levada ao hospital São Vitor, na Tijuca, onde diagnosticaram o AVC. De lá, foi transferida para a clínica Ênio Serra, em Laranjeiras, onde foi decretada sua morte cerebral ( Memória: relembre a morte da adolescente Gabriela Prado no metrô, em março de 2003 ).
Segundo Santiago, Cleyde sofria de hipertensão há anos, mas controlava o problema. Ele afirmou que ela estava muito feliz nos últimos dias, depois de receber a medalha Tiradentes, da Alerj, na última sexta-feira, e por organizar uma carreata de motociclistas, que aconteceria no próximo dia 21, entre a Zona Sul e a Rua Gabriela Prado Maia, na Tijuca. No momento, a família já prepara a doação de órgãos de Cleyde, que, desde a morte de Gabriela, passou a lutar contra a violência urbana e a impunidade, pedindo inclusive mudanças no Código Penal Brasileiro.
- Muitas pessoas estão me procurando para me pedir que não desista da luta. Não sei se vou ter força para levar o movimento à frente. Ele é maior do que eu ou do que a Cleyde, mas era ela sua principal figura. Vou precisar de um tempo agora para avaliar melhor o futuro - disse Santiago Sphere: Related Content
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