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sábado, 13 de setembro de 2008

"A Cidade e as Serras", de Eça de Queirós, esperou meio século para ter nova tradução em inglês

Cultura

Literatura:

Londres, 12 Nov (Lusa) - Uma nova tradução para inglês do livro "A Cidade e as Serras", de Eça de Queirós, está disponível desde esta semana no Reino Unido, a primeira em mais de 50 anos.


O romance, o sexto livro de Eça a sair com a chancela da Dedalus, foi traduzido, como todos os anteriores do autor, por Margaret Jull Costa.

Este é o segundo livro de Eça de Queirós a sair para as livrarias inglesas no espaço de um ano, após a publicação de uma nova tradução de "Os Maias" em 2007.

Para 2010 está programado o lançamento de um volume com textos mais curtos, a intitular "Alves e Companhia e outros contos e novelas".

"Até 2012 espero ter editados todos os romances dele pelo mesmo tradutor", anunciou o director da Dedalus, Eric Lane, à Agência Lusa.

O interesse do editor por Eça começou em 1992, quando procurou autores dos 12 países da União Europeia para comemorar o mercado único comum.

Acabou por publicar no ano seguinte "O Mandarim e outras histórias", que incluía o conto "José Matias" e um excerto de "A Relíquia".

Em 2000, foi-lhe proposta a tradução de "A Tragédia da Rua das Flores", texto então inédito em língua inglesa.

"Foi quando li este que fiquei convencido de que Eça de Queirós é um grande escritor europeu e que o melhor a fazer era editar todos os seus romances", disse Lane.

Seguiram-se então a edição integral de "A Relíquia" e o "O Crime do Padre Amaro" em 2002, "Primo Basílio" em 2003 e "Os Maias" em 2007.

Apesar de algumas destas obras já terem traduções anteriores em língua inglesa, Lane pensa que algumas estão "envelhecidas".

"A linguagem de há, por exemplo, 30 anos, em especial se é usado calão ou expressões idiomáticas, não é a mesma", explica.

A única tradução anterior de "A Cidade e as Serras" em inglês, é de Roy Campbell e data de 1955.

Outra vantagem é ter Margaret Jull Costa como tradutora, assinala Lane, que a considera uma "superstar" do meio.

Tradutora de Fernando Pessoa, António Lobo Antunes e Lídia Jorge, Jull Costa foi distinguida em 2000 com o prémio Weidenfeld pela tradução de "Todos os Nomes", de José Saramago.

O seu trabalho com "Os Maias" valeu-lhe o mesmo prémio em 2008 e o prémio PEN/Book of the Month Club nos EUA em Março deste ano.

"É uma grande sorte ter alguém como ela a traduzir Eça de Queirós", vinca Lane.

Ainda este ano, a Dedalus pretende fazer uma nova tiragem de "O Mandarim e outras histórias", entretanto esgotada, com alguns contos que não constavam da edição anterior.

Para Abril de 2009 está prevista uma reedição de "A Tragédia da Rua das Flores", esgotada desde há duas semanas.

Da Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto Português do Livro, a editora recebe financiamento para pagar as traduções, enquanto que o Instituto Camões compra alguns exemplares.

Embora cada edição não venda mais do que alguns milhares de livros - cerca de 3.500 foi o melhor resultado, obtido por "A Relíquia" - Eric Lane pensa que o seu trabalho é importante.

"Eça de Queirós ainda é incrivelmente negligenciado nos países de expressão inglesa, quando devia estar a par de Balzac e dos russos, como Dostoyevsky e Tolstoy", defende.

Por outro lado, as edições em inglês servem alguns leitores de outras línguas onde não existam traduções de Eça de Queirós, ou já estejam esgotadas.

"Ao menos", frisa, "os livros estão disponíveis para quem os quiser ler"।


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