Texto da França propõe fim imediato das hostilidades na região.
Bush pede que Rússia 'reverta curso' das ações militares na Geórgia.
O embaixador da Rússia para as Nações Unidas, Vitaly Churkin, disse na noite desta segunda-feira (11) que a Rússia não votará no Conselho de Segurança da ONU a favor do cessar-fogo no conflito com a Geórgia.
A França apresentou ao conselho uma proposta de resolução que pede o fim imediato das hostilidades entre Rússia e Geórgia e o retorno de todas as forças dos dois países à posição que ocupavam antes do confronto, iniciado no último dia 7 depois que tropas georgianas invadiram a região separatista da Ossétia do Sul. "Nossa intenção é deter e pôr fim a esse conflito", disse o embaixador-adjunto da França para a ONU, Jean-Pierre Lacroix, nesta segunda, ao fim da quinta reunião do conselho sobre a situação na Geórgia.
Como a Rússia é um dos cinco membros permanentes do conselho, ela tem direito de veto.
Mais cedo, o presidente dos EUA, George W. Bush, pediu que a Rússia "reverta o curso" de sua ação militar na Geórgia . Segundo Bush, as atitudes da Rússia em relação à região podem afetar as relações entre russos e norte-americanos.
Entenda o conflito entre Rússia e Geórgia na Ossétia do Sul
Rússia e Geórgia travaram nesta segunda-feira uma verdadeira "guerra de versões" em mais um dia dos confrontos armados iniciados na quinta (7), quando a Geórgia atacou a região separatista da Ossétia do Sul, o que provocou a invasão do país por tropas da vizinha e rival Rússia e desencadeou a reprovação da comunidade internacional.
Tropas russas entraram nesta segunda no porto georgiano de Poti, no Mar Negro, anunciou o premiê da Geórgia, Lado Gurguenidze, em uma entrevista pela TV. "As forças russas entraram em Poti. Não houve vítimas", disse. "Lamentamos ter sido testemunhas desses acontecimentos sem que nossos parceiros ocidentais tenham intervindo no conflito."
O ministério russo da Defesa negou a invasão.
Mais cedo, o ministério russo da Defesa havia informado que as tropas russas deixaram a cidade georgiana de Senaki (fora da região separatista), depois de haver dominado uma importante base militar local.
Segundo o ministério russo, a retirada ocorreu porque "não há mais risco" de as tropas da Geórgia continuarem a atacar a região separatista da Ossétia do Sul a partir dali.
As forças russas também teriam ocupado nesta segunda a cidade georgiana de Gori, segundo Alexander Lomaia, secretário do Conselho Nacional de Segurança da Geórgia. Os russos, porém negaram ter tomado Gori.
Em reação, as forças georgianas reforçaram suas posições próximo à capital, Tbilisi, para defendê-las de um eventual ataque russo, segundo Lomaia. Por sua vez, os russos negaram a intenção de atacar a capital ou de derrubar o governo da Geórgia.
O presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, acusou a Rússia de ter cortado as comunicações entre o leste e o oeste do país e de querer "destruir" o país. Endereçando-se aos países ocidentais, ele disse que a Geórgia precisa mais do que "ajuda moral e humanitária" para enfrentar a invasão russa.
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A mais recente crise entre Geórgia e Rússia começou na quinta (7), quando a Geórgia enviou tropas à região rebelde. A Rússia reagiu mandando tropas ao país. Houve confronto pelo controle da capital, Tshkinvali, e a reação da comunidade internacional pedindo o fim do ataque foi imediata.
Até agora, o conflito teria deixado pelo menos 2.000 mortos, em sua maioria civis, segundo o governo da Geórgia. O número de refugiados pode atingir 20 mil, de acordo com as Nações Unidas. Para a Cruz Vermelha, o número chegaria a 40 mil.
Mais cedo nesta segunda-feira, tropas da Geórgia voltaram a atacar cidades da região separatista, segundo autoridades ossetianas citadas pela agência russa Interfax.
Os ataques teriam sido dirigidos a várias cidades, e incluindo armamento pesado, segundo Irina Gagloyeva, porta-voz do governo separatista. Jornalistas da Reuters afirmaram ter presenciado seis helicópteros da Georgia atacando próximo à capital da região, Tshkinvali.
Por outro lado, as tropas russas ocuparam brevemente um prédio da polícia na cidade de Zugdidi, oeste do país, segundo o Ministério de Relações Exteriores da Geórgia. A ação teria ocorrido depois que os agentes georgiano se negaram a depor armas a pedido do exército russo.
O premiê russo, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos de estarem tentando perturbar as operações mililtares russas na Geórgia usando seus aviões para transportar as tropas georgianas do Iraque para as zonas em conflito.
"É uma lástima que alguns de nossos aliados não nos ajudem e tentem, inclusive, nos perturbar, e com isso me refiro principalmente ao deslocamento do contingente militar da Geórgia no Iraque para a zona de conflito (oseta) pelos Estados Unidos e seus aviões de transporte militar", declarou Putin.
O presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, disse nesta segunda que a Rússia fará "todo o possível" para normalizar a situação na Ossétia do Sul.
Em discurso pela TV, ele afirmou que a Rússia jamais será apenas uma "observadora passiva" da situação do Cáucaso.
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