Droga experimental tomada antes do sexo impediria infecção pelo HIV

O Globo Online

RIO - Cientistas testam em várias partes do mundo a eficácia de uma pílula que, se tomada antes das relações sexuais, poderia impedir a transmissão do HIV. Na nova linha de pesquisa na luta contra a epidemia global que matou dois milhões de pessoas no ano passado, especialistas investigam se as drogas usadas para tratar a doença poderiam prevenir a infecção, como mostra matéria publicada nesta quinta-feira no jornal O Globo.

Drogas anti-retrovirais já são usadas na prevenção da transmissão de mães para seus bebês durante o parto, e cientistas esperam que o mesmo grau de prevenção possa ser obtido durante o sexo. Três estudos com drogas anti-retrovirais ministradas a pessoas que não têm o vírus, mas apresentam um risco elevado de contraí-lo, estão em andamento em diferentes partes do mundo. Os testes vêm se mostrando "extremamente promissores", de acordo com um artigo publicado na "The Lancet" por ocasião da Conferência Internacional de Aids, que acontece na Cidade do México.

Se tudo der certo, no entanto, a pesquisa levanta sérias questões éticas sobre a prevenção do HIV, entre elas, quem deveria tomar o medicamento, em que circunstâncias e qual seria o risco de efeitos colaterais. Especialista em prevenção do HIV do Imperial College, em Londres, Sheena McCormack disse na quarta-feira que a volta da cultura das saunas entre homens gays e bissexuais, envolvendo sexo com múltiplos parceiros, seria um dos cenários em que o uso da pílula poderia ser recomendado.

Em escala global, o uso de uma pílula preventiva teria que ser restrito aos grupos de alto risco, como prostitutas ou usuários de drogas injetáveis, que a tomariam diariamente pelo período em que durasse a exposição. No entanto, problemas de efeitos colaterais e de desenvolvimento de linhagens resistentes de HIV precisariam ser superados antes que o uso se generalizasse. A pesquisa está sendo desenvolvida no vácuo do progresso do desenvolvimento de uma vacina contra o HIV e na baixa eficácia dos microbicidas vaginais.

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