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quarta-feira, 30 de julho de 2008

Promotor preso em Alagoas por estuprar filhas



Odilon Rios - Especial para O Globo

MACEIÓ - O Tribunal de Justiça de Alagoas decretou nesta terça-feira a prisão preventiva do promotor Carlos Fernando Barbosa de Araújo, da Vara da Infância e Adolescência do município de Anadia, agreste alagoano. Ele é acusado de estupro e atentado violento ao pudor contra duas filhas. Uma delas era estuprada desde os doze anos. Hoje, está com 27.

- Não sei o que aconteceu antes dos 12 anos. Houve um bloqueio em minha mente - diz a filha, que pede para não ser identificada.

" Não sei o que aconteceu antes dos 12 anos. Houve um bloqueio em minha mente "

O caso demorou dois anos para chegar à pauta do TJ. A denúncia é de 2006, e foi feita pela filha de 27 anos, que expôs os detalhes dos maus-tratos. Os dois casos aconteceram em dois casamentos do acusado.

- Peço apenas que as mães não se deixem intimidar e denunciem casos assim, como eu fiz - disse a mãe da outra menina.

Mesmo preso, o promotor continua a receber o salário de R$ 15 mil mensais, até o trâmite final do processo. O TJ pediu ainda o afastamento dele do cargo, suspensão do porte de arma e das prerrogativas da função, entre elas o foro privilegiado.

- O Ministério Público entende que o promotor não tem condições de exercer sua função. A lei diz que ele tem que continuar a receber o salário, até o trâmite final do processo - resumiu o promotor de acusação, Geraldo Majella.

" A impunidade tem que acabar. O que houve foi um crime hediondo e ele deveria estar na cadeia "

- Discordamos do entendimento do Ministério Público - disse o advogado de defesa, Welton Roberto.

Entre as provas que estão no processo, há um computador usado pelo promotor na comarca. Nele, estão centenas de fotos de meninos e meninas, além de vídeos feitos pelo celular expondo as partes íntimas das meninas violentadas.

Entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e organizações não governamentais ligadas à luta pela paz e o fim da violência pregaram faixas e cartazes no TJ e distribuíram panfletos, pedindo a condenação do promotor.

- A impunidade tem que acabar. O que houve foi um crime hediondo e ele deveria estar na cadeia - disse a coordenadora estadual da Marcha Mundial em Defesa das Mulheres, Jarede Viana.

Para tentar escapar das acusações, Carlos Fernando tentava viver no anonimato. Fez plástica, casou novamente e adotou uma menina. Numa comunidade em um site de relacionamentos, exibe fotos suas sorrindo, com um copo de cerveja na mão.

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