Dilma sugere que Orlando Silva peça demissão hoje mesmo
Publicada em 21/10/2011 às 15h59m
Jorge Bastos Moreno, Ricardo Noblat e Gerson Camarotti (opais@oglobo.com.br)RIO E BRASÍLIA - Diante das denúncias de um suposto esquema de desvio no Ministério do Esporte para abastecer o caixa do PCdoB, a presidente Dilma Rousseff considera a situação do ministro Orlando Silva insustentável e sugeriu a ele que peça demissão ainda nesta sexta-feira, segundo informou o colunista Jorge Bastos Moreno em seu Twitter . Assegurando que o cargo permanecerá com o PCdoB, Dilma disse ao ministro para entregar o cargo antes que as revistas do fim de semana cheguem às bancas. Mas, segundo o colunista Ricardo Noblat, a Comissão Política do PCdoB se reuniu e decidiu que Orlando não atenderá o pedido da presidente e que só deixa o governo se for demitido . Ele teria como provar que certas entidades e organizações não governamentais favorecidas com verbas do ministério não são ligadas ao PCdoB como se diz, mas ao PT.
A presidente, que chegou a condenar o 'apedrejamento moral' de Orlando , já fez várias consultas e concluiu que não tem condições políticas de mantê-lo no cargo, mesmo com as explicações dadas em audiências na Câmara e no Senado , em que ele negou participação no suposto esquema. Dilma já avaliava que os depoimentos não foram suficientes para afastar a pressão política pela saída de Orlando. Nesta sexta-feira, o Palácio do Planalto pediu para o ministro não sair de Brasília. Isso porque a presidente deseja ter um encontro com ele "a qualquer momento". Havia a possibilidade de ele participar de um encontro do PCdoB, no Rio de Janeiro, nesta sexta à noite. A conferência do partido será transformada num ato de apoio ao ministro. Pela manhã, o secretário-geral da Fifa já falava em substituição de Orlando como interlocutor do governo brasileiro para a Copa 2014.
EM DEPOIMENTO : PM delator reafirmou acusações contra Orlando Silva
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PERFIL : João Dias, autor da denúncia contra ministro do Esporte, é policial rico e temido pelo poder
INFOGRÁFICO : Os escândalos no governo Dilma
Dilma chegou na noite de quinta-feira da viagem de cinco dias à África e, em seguida, reuniu-se no Palácio da Alvorada com os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para discutir a crise política gerada pelas denúncias de irregularidades que envolvem o ministro do Esporte. A reunião terminou pouco antes da meia-noite e os ministros saíram sem falar com a imprensa.
Impressiona tantos ataques sem qualquer prova
Sem confirmar se teria uma audiência com a presidente, Orlando postou no microblog:
"Preparei um relatório com mentiras publicadas desde fim de semana. Impressiona tantos ataques sem qualquer prova. Até!".
O Planalto agora tenta costurar uma saída honrosa, e, dentro dessa linha, manter o PCdoB com a pasta. Nas palavras de um interlocutor do governo, a solução seria "manter o time, mas mudar o técnico".
AGU apresenta queixa-crime contra delator do suposto esquemaEm outra mensagem postada no Twitter, o ministro se refere à queixa-crime que a Advocacia Geral da União (AGU) apresentou na Justiça de São Paulo contra João Dias, delator do suposto esquema de desvios do programa Segundo Tempo por meio de organizações não governamentais, e contra o motorista Célio Soares Pereira, que disse ter entregado dinheiro pessoalmente a Orlando Silva na garagem do ministério. Em oito anos, o esquema teria desviado R$ 40 milhões.
"Hoje, a Advocacia Geral da União apresentou uma queixa-crime em minha defesa, contra os caluniadores. E eles podem ser presos", postou Orlando.
O ministro contou ainda que está lendo a biografia de Nelson Mandela e que o livro se trata de "uma aula de resistência e combatividade".
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, quer investigar as denúncias contra o ministro dos Esportes, acusado de participar de um esquema de desvio de recursos públicos
No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também solicita que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) remeta ao Supremo Tribunal Federal (STF) o inquérito que investiga a participação do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, no mesmo esquema de corrupção. Gurgel disse, esta semana, que existe uma "relação muito intensa entre os fatos".
A denúncia
Após as denúncias, o ministro se defendeu negando todas as acusações. Orlando Silva disse que a denúncia não passa de uma "farsa", e classificou o PM de "bandido" - João Ferreira foi preso no ano passado após operação da Polícia Federal por suspeita de desvio de verbas em ONGs. O programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, foi criado para promover esportes em comunidades carentes. A ONG do policial participava do programa com um projeto de ensino de Kung-fu.
O ministro também anunciou, em sua conta no Twitter, que preparou um relatório sobre as acusações para se defender. "Preparei um relatório com mentiras publicadas desde fim de semana. Impressiona tantos ataques sem qualquer prova", disse.
Durante sua viagem à África, a presidente Dilma Rousseff defendeu o ministro. Disse que o PCdoB não pode ser "demonizado", condenou o "apredejamento moral" de Orlando Silva e disse que seu governo acredita na presunção da inocência, já que o policial militar que fez as denúncias ainda não apresentou provas concretas.
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