[Valid Atom 1.0]

domingo, 19 de junho de 2011

Dirceu convoca blogueiros, amigos de Lula e PT, contra 'grande mídia'

“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. – (Editorial assinado por Roberto Marinho, publicado no jornal” O Globo”, 7 de outubro de 1984, sob o título “Julgamento da Revolução”)

Ao participar do Segundo Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em Brasília, o ex-ministro José Dirceu convocou os blogueiros a se mobilizarem e somarem forças para o embate contra os grandes veículos de comunicação. De acordo com o ex-ministro - que se considera "o grande alvo da mídia" nos últimos dez anos -, existe uma "disputa política do direito de informar" e uma disputa comercial pela verba publicitária do governo.

"É reserva de mercado, não querem nos dar o direito de informar, querem desqualificar os blogs", afirmou Dirceu a um auditório lotado por cerca de 200 blogueiros. Dirceu defendeu a urgente regulamentação dos meios de comunicação, a concretização do programa nacional de banda larga e a aprovação do projeto de lei 116/10, que institui novas regras para o mercado de tevê por assinatura.

"É uma vergonha que isso (a regulamentação) não seja realidade. Não é de interesse de alguns grupos (de comunicação) que estão sendo contra o progresso, eles querem manter o monopólio da informação", criticou. Ele ainda desafiou o Congresso a aprovar a nova lei. "Se o Poder Legislativo é soberano e autônomo, ele fará a reforma (dos meios de comunicação)".

Num tom que lembrava o ex-líder estudantil que lutou contra a ditadura militar, Dirceu prometeu unir-se aos blogueiros no embate contra os grandes meios de comunicação. "Se não travarmos essa batalha, ela não será travada. É hora de dar um grande salto, partir pra mobilização. Estou disposto a travar essa luta junto com vocês".








POR EM 05/01/2010 ÀS 07:13 PM

Cuba era ‘dona’ da revolução brasileira


Para se defender, Cuba financiou a revolução em países como o Brasil. Militantes da ALN contestam a subordinação de Carlos Marighella, mas há evidências do dirigismo castrista

José Dirceu, Fidel Castro e Carlos Marighella

No terceiro capítulo de “O Apoio de Cuba À Luta Armada no Brasil — O Treinamento Guerrilheiro”, a historiadora Denise Rollemberg discute o apoio financeiro e logístico de Cuba à Ação Libertadora Nacional (ALN), ao Grupo da Ilha, à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e ao Movimento Revolucionário — 8 de Outubro (MR-8). O incentivo se dá a partir de 1967, após o “fracasso” das Ligas Camponesas e do Fidel brasileiro, Leonel “El Ratón” Brizola. O ano de 1967, aponta Denise, “foi marcado tanto pela Conferência das OLAS, em julho e agosto, grito de guerra do projeto de exportação da revolução, quanto pela derrota do projeto de Che Guevara na Bolívia, em outubro”. O Fidel brasileiro passa a ser Carlos Marighella (“Vai, Carlos, vai ser Marighella na vida”, como dizia o poeta).

“A ALN foi a organização que mais enviou militantes para o treinamento. Em setembro de 1967, foi formada a primeira turma, chamada de I Exército da ALN, que treinou 16 militantes até julho de 1968, e, em seguida, formaram-se o II Exército (30 militantes treinados entre julho de 1968 e meados de 1969), o III (33 militantes treinados entre maio e dezembro de 1970) e o IV (13 militantes treinados entre fins de 1970 e julho de 1971)”, conta Denise. Outras organizações participaram dos treinamentos em Cuba.

Os guerrilheiros (ou futuros guerrilheiros), em geral jovens da classe média urbana, “encontravam muitas dificuldades para acompanhar as atividades físicas e o treinamento é lembrado como um esforço penoso”, relata Denise. “Todo mundo saiu com uns dez quilos a menos do treinamento”, diz Mário Japa.

Daniel Aarão Reis Filho, hoje historiador, ressalva: “Nós fomos para lá [Cuba] acreditando que íamos encontrar um treinamento que nos desse as condições próximas às que teríamos na guerrilha rural no Brasil. Mas nada disso ocorreu. Nós ficamos num barracão de madeira, onde havia uma cama para casa um, era uma coisa rudimentar, mas havia. As refeições eram todas servidas por caminhões do exército. Até para tomar banho, tinha um cano... era um acampamento! Nós protestamos contra isso. Tentamos ganhar os cubanos para o fato de que nós queríamos dormir no mato todos os dias, por mais que isso fosse terrível... Porque aquilo ali era uma brincadeira. O próprio Zé Dirceu [da ALN] dizia que o treinamento era um teatrinho de guerrilha e o pior, um vestibular para o cemitério”.

Domingos Fernandes, do IV Exército da ALN, endossa a versão de Daniel Aarão: “O Vladimir [Palmeira], que era do nosso grupo, conta uma história real, uma piada, mas, na verdade, uma piada de uma realidade: um instrutor chegou e começou a falar sobre o marxismo e tal. Então o Vladimir perguntou: ‘Mas, companheiro, o que é o marxismo?’. O Vladimir é um sacana... Então, o instrutor falou: ‘Marxismo... Bueno, marxismo, bueno... marxismo é del caralho!’ Quer dizer, ele não tem explicação, a formação política do, vamos chamar, exército cubano, do Partido Comunista Cubano é uma piada”. Denise acrescenta: “Longe da realidade que encontrariam na guerrilha, até as marchas eram em trilhas”.

Teoria da dependência

Num primeiro momento, historia Denise, “o apoio de Cuba à luta armada no Brasil se restringia ao treinamento, inclusive no que se refere à ALN. No entanto, Cuba chegou a enviar, em um momento, uma quantia de dinheiro para a organização. (...) A ALN também chegou a receber, em uma ocasião, uma quantia de dinheiro da Coréia do Norte. No entanto, fora estas exceções, o apoio não significava dinheiro. Domingos Fernandes conta que saiu de Cuba, praticamente, apenas com os dólares equivalentes à passagem de Roma para Santiago do Chile. Em Roma, contou com o pintor Joan Miró, que vivia na cidade e ‘tinha uma simpatia pela guerrilha, pela revolução latino-americana’. Miró vendeu desenhos seus para conseguir dinheiro para ‘um guerrilheiro que voltava para a América Latina’”.

A historiadora discute se Marighella era subordinado aos cubanos, pois recebia mais apoio do que outros líderes da esquerda. Os militantes da ALN negam o “controle” cubano da guerrilha brasileira. “Apesar das relações com Cuba, Marighella teria uma visão da revolução bem diferente do modelo foquista”, nota Denise, que, ao escrever “teria”, não endossa a tese da ALN. A versão de Domingos Fernandes: “Ele [Marighella] tinha contatos no Brasil inteiro. O Marighella não achava que quem faria a revolução seriam esses grupos que tinham organizado na ALN. Ele achava que em um determinado momento iria haver uma conflagração geral. Vários militares da ativa, com que ele tinha contatos, iriam passar para o outro lado e se estabeleceria um processo insurrecional. Esse processo insurrecional iria dar condições objetivas para se criar um tal exército de libertação... (...) ele era uma liderança nacional, até internacional, conhecido, tinha carisma... (...)”. Como historiadora, Denise não diz, mas não resta dúvida de que não há outra palavra, senão delírio, para definir a “análise” de Domingos Fernandes. Ou o comportamento de Marighella.

Adiante, Domingos Fernandes delira menos, mas, com certeza, equivoca-se: “Para o Marighella, esse negócio de Cuba era o seguinte: bota as pessoas lá, elas aprendem a atirar e manda de volta. (...) O sentido que ele dava a esses cursos era isso. Não tinha nenhum sentido político-militar”. Se foi assim mesmo, Marighella levou Cuba na brincadeira, o que parece não ter qualquer procedência. O que parece óbvio, mas Fernandes não percebe, é que Marighella não poderia dizer, nem aos seus seguidores, que sua “revolução” era subordinada a Cuba. Por dois motivos: não era do interesse de Fidel, que provocaria uma crise internacional se admitisse publicamente que estava dirigindo revoluções noutras nações, e não era de Marighella, que não poderia caracterizar a guerrilha brasileira como determinada externamente. Se aceitasse a tese da intervenção externa, Marighella estaria defendendo a invasão do país, o que teria sido utilizado politicamente. Depois da morte do líder da ALN, com a ascensão de Joaquim Câmara Ferreira, a dominação cubana cresceu. “Os cubanos sempre tentaram intervir na ALN, o que significava, então, influenciar os rumos da revolução brasileira. Como, por exemplo, designar comandantes, à revelia da organização”, escreve Denise.

O hoje músico Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz — o comandante Clemente, da ALN —, diz, nas palavras de Denise, que os “comandantes era cooptados através de um jogo de sedução: valorização de supostas qualidades guerrilheiras, privilégios materiais, convites para recepções oficiais de embaixadores de países socialistas, presença nos palanques das festas oficiais ao lado de dirigentes partidários, inclusive Fidel Castro, e até mesmo facilidades de acesso ao líder revolucionário, fazendo-os crer em uma amizade. Diante de tal tratamento, orgulhoso da condição de comandante da revolução do maior país da América Latina, convicto de que os cubanos só podiam ajudar, o militante acabava passando informações reservadas da organização ao governo”. Segundo Carlos Eugênio, “na prática, os cubanos infiltravam a organização”.

Mas, segundo alguns militantes, os chamados comandantes fabricados não eram aceitos pela esquerda armada. Denise conta uma história interessante: “Um dos casos mais polêmicos foi o do ‘comandante Raul’, treinado no II Exército, alçado à condição de comandante da organização (ALN) e preparado para voltar ao país para liderar a luta. Sérgio Granja conta que Marighella teria ficado revoltado com a designação e decidido não enviar mais ninguém para o treinamento, mas logo em seguida morreu”.

No Brasil, com dinheiro cubano no bolso, mas sem apoio da ALN, Raul desistiu da luta e, considerado traidor em Cuba, pediu asilo à Suécia.

Cuba e massacre

Apesar da resistência, o governo cubano não desistiu de controlar a revolução brasileira, o que, registra Denise, revelou-se uma tragédia. Mal informados sobre as reais condições do Brasil, em 1971, os integrantes do III Exército foram massacrados pela repressão.

O grupo que voltou em 1971 “ficou conhecido como o Grupo dos 28 ou o Grupo da Ilha ou, ainda, Grupo Primavera”. Denise conta que, “no dossiê do Ministério do Exército, constam os nomes de 33 pessoas, no III Exército da ALN, incluindo sete banidos (José Dirceu de Oliveira e Silva, inclusive) e mais Franklin Martins. Ou seja, o Grupo da Ilha foi formado pelos militares do III Exército, menos Franklin Martins e os banidos (mas incluindo José Dirceu): 26 militantes. Em seguida, integraram-se Carlos Eduardo Fleury e Jeová Assis Gomes, banido em junho de 1970, somando-se, portanto, 28 guerrilheiros. A cisão, em 1971, parece ter sido liderada por Lauriberto José Reyes, Antonio Benetazzo e José Dirceu”.

O objetivo do Grupo Primavera era “investir em um trabalho na área rural”. Denise faz uma avaliação crítica, o que não é frequente em seu correto trabalho, não raro excessivamente distanciado (o que talvez, em vez de defeito, seja virtude): “O que estes militantes [do Grupo Primavera] não compreendiam é que o isolamento da ALN não era decorrência de uma opção política, mas do próprio isolamento da luta armada, uma vez que a sociedade jamais se identificou com este projeto” (a guerrilha). Tanto a guerrilha estava isolada, em todos as regiões do país (ainda não no Araguaia), que, “no segundo semestre de 1972, o Grupo já estava dizimado”.

José Carlos Giannini, membro do Grupo (aderiu no Brasil), apresenta sua versão: “O movimento de massa não passou de uma intenção, uma boa intenção, mas não passou disto. (...). Houve uma tentativa de ir para o campo, para Goiás,... Mas em nenhum momento teve fôlego para fazer isso. Sempre tentando se organizar, se estruturar e criar condições materiais mínimas, mas... aí começaram as prisões, as mortes”.

O Grupo Primavera, curiosamente, era mitificado por Cuba e pelos grupos repressivos do Brasil. Acreditava-se que os guerrilheiros eram quase superdotados. A análise de Denise: “O Grupo dos 28 parecia reunir tanto as condições físicas, que, no quadro de supervalorização da ação, em uma perspectiva militarista da revolução, era importante, quanto também um outro lado, militantes com preparo político e intelectual, como Antonio Benetazzo, José Roberto Arantes de Almeida, José Dirceu, Lauriberto Reyes. Reunindo estes dois lados, parecia completar a deficiência da ALN: a sobreposição da competência militar nas discussões políticas”. Arthur Scavone, que aderiu ao grupo no Brasil, acredita que Cuba viu no Grupo dos 28 “uma possibilidade de crescimento e de recomposição de uma guerrilha que estava se desestruturando por completo. Comentava-se que o Fidel dava muita importância ao Fleury [Carlos Eduardo], tinha esperança nele e eles [do Grupo] teriam voltado para o Brasil um pouco à revelia dos acordos que Cuba tinha com a ALN. (...) Receberam documentação e apoio para voltar”.

Mesmo acreditando no projeto — uma guerrilha aparentemente só de líderes, sem comandados —, Fidel, segundo ressalta Denise, “não apoiou com dinheiro. As pessoas chegavam aqui e tinham que contar com as ações de expropriação para montar a guerrilha, sendo que a maior parte dos integrantes do Grupo, quando saiu do Brasil, tinha pouca ou nenhuma experiência de luta armada”. José Carlos Giannini faz a avaliação apropriada: “... faltava a essas pessoas o que faltaria para qualquer um: a vivência aqui. Uma coisa é você passar seis meses numa selva, como eles passavam lá, se ferrando, debaixo de chuva, comendo ou não comendo, atravessando rio, se perdendo na selva,... mas no treinamento. Outra é você passar um mês aqui clandestino, sendo perseguido, tendo de enfrentar o dia-a-dia da ação”.

O depoimento de Carlos Eugênio ainda é mais iluminador: “... houve uma evolução no nível de tensão. Inclusive essa evolução nos causou tremendos prejuízos. O companheiro saía para treinar em Cuba, em 1968, 1969, voltava em 1971... Tem um companheiro nosso que chegou e o Câmara Ferreira o colocou em contato comigo. Na terceira vez que o encontrei, ele falou o seguinte: ‘Olha, não dá, eu não consigo viver aqui, eu não vou conseguir viver essa vida. (...). Quando eu saí daqui era uma coisa e hoje em dia é outra’. Mas tinha outro que não, topava e ficava, mas fazia uma besteira atrás da outra. Você chegava e dizia: ‘Isso aqui não é mais 68 nem 69 não. Os caras usam essas táticas e isso e isso’. E o cara não entendia. (...) eles eram deslocados de uma realidade e eles não acompanhavam... O índice de sobrevivência de quem ficou aqui é muito mais alto do que o índice de sobrevivência de quem saiu e voltou, porque a gente ia acompanhando passo a passo... A tensão ia aumentando e você ia se escolando ali também, ia se adaptando dentro do meio. Agora, o cara saía em 68 e volta em 70, 71... O cara continua andando, achando que podia continuar andando nos lugares que andava antes. Achava que podia continuar a sair de noite para ir ao cinema. Achava que podia continuar fazendo uma porção de coisas que não podia mais fazer. Então, isso desarmava os espíritos das pessoas”.

O Grupo dos 28 era uma dissidência da ALN e, na verdade, nunca teria se integrado efetivamente à organização fundava por Carlos Marighella. Essa avaliação de Domingos Fernandes, acredita Denise, “é importante na medida em que relativiza o suposto peso que os cubanos teriam tido na cisão, e recoloca a responsabilidade no próprio grupo, até como uma característica que lhe dava identidade desde o início, apesar de esta não ser a interpretação de Domingos”. O Grupo dos 28 era uma tentativa de “depurar” a ALN. Domingos avalia que o Estado cubano é responsável pela volta, no momento errado, do Grupo dos 28, ou seja, é responsável pela morte dos militantes.

No Brasil, o Grupo dos 28 se uniu a outros militantes da ALN e, juntos, formaram o Movimento de Libertação Popular (Molipo). Em março de 1971, a ALN, liderança por Carlos Eugênio, justiça Márcio Leite de Toledo. Como Márcio não era considerado delator — apenas fraquejara e não queria mais participar da guerrilha nem aceitava sair do país —, o justiçamento foi considerado assassinato. “Isto foi a gota d’água mesmo e coincidiu um pouco com a chegada dos 28”, admite Giannini. Arthur Scavone não se lembra se a morte de Márcio provocou a cisão. Denise esclarece que Márcio “estava em contato com esse setor da ALN que iria originar o Molipo”.

Na avaliação de militantes da ALN, citada por Denise, “o governo cubano, mais especificamente o serviço secreto, tenha incentivado a cisão: ‘o racha foi uma coisa criada pelos cubanos’”, segundo Domingos Fernandes.

Carlos Eugênio conta que, conscientes de como realmente estava o combate guerrilha versus repressão no Brasil, alguns militantes tentaram evitar a volta dos integrantes do Grupo dos 28, mas foram rechaçados pelos cubanos. A versão de Carlos Eugênio: “...teve um companheiro nosso que fez uma última tentativa quando conseguiu saber que, naquele dia, estava saindo a primeira turma que vinha para o Brasil. Tentou chegar à casa onde os caras estavam para tentar fazer uma última tentativa de demovê-los daquela aventura e os cubanos simplesmente o prenderam até o momento em que os caras saíram de Cuba. Chegaram a esse nível de gravidade (...). Esse cara era da ALN, Argonauta Pacheco,.... O companheiro Takao Amano,..., estava no Chile. Eles [os cubanos] retardaram a ida dele para Cuba,...., ele querendo ir inclusive para tentar demover os companheiros dessa volta. Ele recebe uma carta do Fleuryzinho, o Carlos Eduardo Pires Fleury,..., que era muito amigo do Takao Amano e manda uma carta para ele e ele percebe que o cara está embarcando naquela e tenta, fica tentando ir e os cubanos ficam segurando ele até que o Molipo inteiro saiu de Cuba e aí o deixaram ir para Cuba, para o cara não influenciar politicamente”.

Infiltração no Molipo

Como ninguém conseguiu segurar os jovens guerrilheiros, a repressão liquidou quase todo o grupo. Escreve Denise: “A volta dos guerrilheiros do Grupo da Ilha foi dramática. À medida que chegavam, eram rapidamente pegos pela repressão e, em muito pouco tempo, o Molipo foi massacrado. Eram mortes anunciadas. Se a repressão havia condenado todos os militantes que treinaram em Cuba à morte, no caso do Grupo dos 28 parece ter havido uma determinação ainda maior para dizimá-lo. Todos os que caíram do Grupo da Ilha foram mortos ou desapareceram. Sobreviveram apenas seis, jamais presos”.

As forças repressivas tinham muitas informações sobre os militantes do Grupo da Ilha. Não há uma resposta exata, aponta Denise. “A primeira explicação está centrada no Cabo Anselmo. Com o racha do Grupo, a volta dos guerrilheiros não se deu por intermédio da ALN. Os próprios cubanos se encarregaram de organizá-la e concretizá-la. Cabo Anselmo, com livre trânsito em Cuba, ele que já havia realizado em duas ocasiões o treinamento, estaria a par de todo o esquema, como se dizia, da volta, entregando-o à repressão. Quando da volta do Grupo, o Cabo Anselmo já estava no Brasil. (...) Outra explicação: nesta mesma época da volta do pessoal do Grupo da Ilha, houve a dissidência de um agente cubano do setor de inteligência. Este cubano era ligado, exatamente, ao treinamento de guerrilheiros latino-americanos, e teria passado as informações que dispunha, inclusive sobre o Grupo, à CIA, derrubando muitos guerrilheiros, não somente brasileiros, de volta a seus países”.

Há uma terceira explicação: “Domingos Fernandes conta uma história que envolve a queda de José Roberto Arantes de Almeida, que voltou em novembro de 1971, e que comprovaria o envolvimento dos próprios cubanos no massacre do Molipo: ‘Quando o [José Roberto] Arantes [de Almeida] chegou ao Brasil, ele tinha um barbeador elétrico. Ele trouxe no barbeador elétrico uma série de nomes. (...) Quando a gente determinava que a gente ia voltar para o Brasil, a gente começava a anotar coisas [para lembrar através de associações]. Então ele pegou isso que ele fez durante meses quando ia voltar para o Brasil, um papelzinho onde a gente anotava com letra minúscula,..., e botou embutido no barbeador. Só ele e os cubanos sabiam porque ele pediu aos cubanos o barbeador para colocar os papéis (...). Ele foi preso, passou pouquíssimas semanas no Brasil. (...) A polícia entrou na casa onde ele estava e foi direto no barbeador”.

Denise sugere uma quarta explicação: militantes, para sobreviver, aparentemente teriam feito acordo com a repressão. “Há histórias que circulam, sem que se saibam — ou se digam — os detalhes, as circunstâncias, em que pessoas dadas como mortas teriam sido vistas nas ruas de São Paulo”. No livro “Autópsia do Medo — Vida e Morte do Delegado Sérgio Paranhos Fleury” (Globo, 650 páginas), Percival de Souza conta a história (sem citar nome nem detalhes) de um ex-militante que, depois de ter passado para o lado da repressão, fez plástica — e não é o Cabo Anselmo. Na página 543 de “Autópsia do Medo”, Percival de Souza, transcreve o que Fleury disse à namorada Lenora Rodrigues: “Anselmo não foi o único [a ser virado pela repressão]. Outro, por sinal amigo do seu irmão [o jornalista Raimundo Rodrigues, fundador do jornal ‘Movimento’], também fez operação plástica. É dado como desaparecido mas está por aí. É um ex-terrorista, ficou com uma oficina mecânica perto da Estação da Luz”. Percival de Souza, pelo menos é o que consta do livro, não revela o nome do “segundo” homem.

Denise conta que dois documentos — dos arquivos do Deops de São Paulo e do Dops do Rio de Janeiro —, que foram analisados pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos da Câmara de Deputados, “evidenciam a presença de um informante desde Cuba, que, inclusive, voltava ao Brasil, informando também sobre as pessoas que se vinculavam aqui”.

A historiadora avalia que o informante pode ter sido o próprio Cabo Anselmo, “que dispunha da confiança do governo cubano”. “Fala-se que foram mostradas fotos de pessoas do Grupo treinando em Cuba aos militantes do Molipo na prisão. Ou seja, a repressão tinha total controle das informações sobre o Grupo, desde o início. Entre os entrevistados, ninguém acredita que possa ter havido infiltração dentro do próprio Grupo dos 28”, diz Denise.

Em 1973, com a guerrilha urbana estava devastada, o líder da ALN Carlos Eugênio segue para Cuba. Na ilha, conversa com o comandante do Exército em Havana, Arnaldo Ochoa — fuzilado em 1989, sob acusação de envolvimento com tráfico de drogas —, sobre a possibilidade de voltar ao Brasil. “Ochoa tinha um plano para propor à ALN: entrar no Brasil pelo Rio Amazonas, com um barco levando cem combatentes cubanos bem treinados e todo o armamento disponível. Os militantes da ALN que quisessem voltar também se integrariam. Ochoa viria também. Era a primeira vez que Cuba propunha a entrada de cubanos no Brasil para implantar a guerrilha. A idéia era se instalar na selva amazônica, em seguida, montar depósitos de armas, abrigos, recuos da guerrilha e, em uma fase posterior, começar as ações de guerrilha no campo. Ochoa pensava poder contar com os esquemas de campo da ALN da época de Marighella”. Fidel sabia de tudo. Nas palavras de Ochoa: “O Fidel sabe e jamais admitirá publicamente”.

Jornal carioca Bafafá entrevista Fernando Morais
Foto: Jornal Bafafá..
Nesta entrevista exclusiva ao Bafafá, Fernando Morais fala sobre vários temas: política, mensalão, esquerda, Bush e muito mais. “Estamos vivendo o pior momento da esquerda brasileira das últimas décadas. Ele só encontra paralelo no massacre de que todos fomos vítimas, em graus diferentes, durante a ditadura militar”, assegura. (set/2005)

Mineiro de Mariana, Fernando Morais é um dos jornalistas e biógrafos mais respeitados do Brasil. Nascido em 1946, descobriu o jornalismo a partir de 1961, tendo passado pelas principais redações do País, entre elas da revista Veja, Jornal da Tarde, Folha de São Paulo e TV Cultura. O reconhecimento não demorou.

Recebeu três vezes o Prêmio Esso e quatro vezes o Prêmio Abril de Jornalismo. Foi deputado estadual durante oito anos (pelo MDB-SP, e depois pelo PMDB-SP) e Secretário da Cultura (1988-91) e da Educação (1991-93) do Estado de São Paulo. Escreveu, entre outros livros, A Ilha (Alfa-Ômega, 1975), Olga (Alfa-Ômega, 1985; reeditado pela Companhia das Letras, 1994), Chatô, o rei do Brasil (Companhia das Letras, 1994) e Corações sujos (Companhia das Letras, 2000) e a “Toca dos Leões”, este último retirado das livrarias por ordem judicial. Tem livros traduzidos em dezoito países.

Nesta entrevista exclusiva ao Bafafá, Fernando Morais fala sobre vários temas: política, mensalão, esquerda, Bush e muito mais. “Estamos vivendo o pior momento da esquerda brasileira das últimas décadas. Ele só encontra paralelo no massacre de que todos fomos vítimas, em graus diferentes, durante a ditadura militar”, assegura.

Está decepcionado com o governo do PT? Que tipo de relações você tinha com o partido?

Nunca fui filiado ao PT, embora tenha estado a seu lado dezenas de vezes em sua história, seja como mero eleitor, seja como aliado. Durante o tempo em que tinha militância ativa no PMDB, partido a que sou filiado há mais de trinta anos, sempre defendi, raramente com sucesso, que nossas alianças devessem ser feitas preferencialmente com a esquerda, ou seja, com o Partido dos Trabalhadores. Mas também cheguei a ter atritos difíceis com o partido. Nunca tive muita paciência para aquele ar superior com que muitos petistas nos olhavam, como se eles fossem os “Escolhidos” e, portanto, os únicos honestos da política brasileira, os únicos que queriam transformações profundas no País, nada da cosmética proposta por nós. Nós quem? Os não-petistas.

Mas isso interferia nas relações políticas?

Sem nenhuma dúvida. Mesmo no desempenho de cargos públicos tive dificuldades com o PT. Lembro-me, por exemplo, do tempo em que fui Secretário da Cultura do Estado de São Paulo, entre 1988 e 1991. Os anais da Assembléia Legislativa paulista guardam os registros da oposição sistemática, dura, cotidiana, que o então líder do PT, deputado estadual José Dirceu, movia contra meu governo e particularmente contra a Secretaria dirigida por mim. Ele concentrava seu fogo, por exemplo, na construção do Memorial da América Latina, que considerava uma obra “faraônica” e “dispensável” – e que hoje virou ponto de visitação obrigatória para quem vai a São Paulo. Isso não impediu que continuássemos amigos nem que minhas relações com o PT ficassem estremecidas. Tanto assim que dias depois de eleita, a prefeita Martha Suplicy me convidou para ser seu Secretário de Educação – convite que acabei recusando por estar decidido a não mais ocupar cargo público. Essa convivência com as principais lideranças do PT, a despeito das objeções a que me referi, fez com que depositasse na eleição de Lula (a quem conheço desde 1978 e com quem eu estava na madrugada da invasão do Sindicato dos Metalúrgicos por tropas militares, em 1979) esperanças muito objetivas: para alguém, como eu, chegando perto dos 60 anos, aquela poderia ser a última possibilidade de minha geração ver o Brasil mudar.

Você participou da campanha do Lula em 2002?

Com todo empenho. Primeiro, acho que dei uma modesta porém decisiva contribuição para rachar o PMDB de São Paulo. Eu tinha sido escolhido candidato a Governador do Estado, mas a direção nacional do partido decidiu não apoiar Lula e caminhava na direção de José Serra – o que acabou se concretizando, com a indicação da deputada Rita Camata (PMDB-ES) como vice da chapa tucana. Com a ajuda de Dirceu, pelo lado do PT, conseguimos que Orestes Quércia, presidente estadual do partido, anunciasse formalmente que o PMDB paulista estava com Lula.

O PT prometeu ajudar na sua campanha?

Na condição de candidato a governador, participei de tudo e sei que o apoio tinha sido dado sem qualquer contrapartida material. Nenhuma, zero. Apesar da dureza franciscana da nossa campanha (ninguém ajuda um candidato que está com 3% das intenções de voto, como era o meu caso), em nenhum momento pedimos ou nos foi oferecida qualquer ajuda material. Ainda guardo a Nota Fiscal dos mil bonés que mandei fazer, com meu dinheiro, com os nomes do Lula, do Quércia, candidato ao Senado, e o meu. No dia 22 de julho, quando eu fazia 56 anos, Lula e José Dirceu apareceram em pessoa na inauguração do meu Comitê Central, mesmo sabendo que aquele gesto poderia causar ressentimentos no deputado José Genoíno, com quem eu disputava o Governo do Estado. Quatro dias antes do início do horário eleitoral gratuito, em meados de agosto, retirei minha candidatura, por razões já conhecidas: o PMDB queria que eu cedesse meu tempo de TV ao presidente do partido e candidato ao Senado, Orestes Quércia – que já tinha seu próprio tempo garantido por lei. Não aceitei aquela empulhação, rompi com ele e no dia seguinte entrei na campanha do Lula.

Como está vendo a crise política?

Na minha opinião, estamos vivendo o pior momento da esquerda brasileira das últimas décadas. Ele só encontra paralelo no massacre de que todos fomos vítimas, em graus diferentes, durante a ditadura militar. Naquela época pelo menos tínhamos a esperança, que se concretizou, de derrubar o regime militar. Neste momento boa parte dos militantes – não me refiro apenas aos petistas – sente como se estivesse a caminho do patíbulo, e pagando por crimes que não foram cometidos por eles.

Lembra-se de alguma passagem da campanha presidencial?

Lembro-me de um dos últimos atos públicos da campanha, no Canecão, aqui no Rio, promovido por artistas e intelectuais de todo o Brasil. Só três ou quatro oradores falariam antes do candidato. Minutos antes de acenderem as luzes do palco, alguém me disse que eu fora escolhido para falar “em nome dos escritores”. Senti um frio na barriga: o Canecão estava superlotado, aquela deveria ser uma das últimas aparições públicas de Lula antes das eleições, os olhos do País estavam voltados para aquele palco. Para subir ainda mais a eletricidade do ambiente, dois dias antes tinha aparecido no programa de José Serra a atriz Regina Duarte, de quem sou amigo e admirador (não sei dizer quantas vezes ela votou e pediu votos para mim, no tempo da ditadura), dizendo sentir “medo” da eleição de Lula. Aquilo tinha sido um soco na boca do nosso estômago. Sem saber o que dizer, lembrei-me de um belo e providencial poema escrito em 1926 por Gilberto Freyre, intitulado “O outro Brasil que vem aí”, que tinha sido enviado a mim de manhã, por e-mail, por uma amiga pernambucana. Eu o achara tão apropriado para o momento que vivíamos que imprimi o poema em duas folhas de papel e as enfiei no bolso do paletó, pensando em sugerir a Duda Mendonça que pusesse algum artista para declamá-lo no programa de TV de Lula. Na hora que me chamaram, veio o estalo: vou ler “O outro Brasil que vem aí”. Não resisti à tentação de fazer uma provocação com a Regina. Ao microfone eu disse que no momento em que se tentava introduzir na política brasileira um novo ingrediente – o medo – eu recorria a Gilberto Freyre para lembrar que nas aspirações dos brasileiros a esperança era mais velha que o medo. Na saída, um jornalista me perguntou o que representaria para mim a eleição de Lula e eu respondi sem pestanejar: "Para a minha geração, Lula não é apenas a única esperança. É a última".

Quem afinal traiu e foi traído?

Tenho a mesma curiosidade que você: afinal, quem traiu e quem foi traído? Aliás, essa é uma resposta que você, eu e 180 milhões de brasileiros queremos ouvir.

Você acha que o PT se iludiu com o poder?

Talvez nós tenhamos nos iludido com o PT.

Quais as conseqüências disso para a esquerda brasileira?

Sei que as conseqüências dessa crise são graves para toda a esquerda e não só para o PT. E vai levar tempo para que isso seja superado. Mas é preciso deixar claro que a esquerda não é apenas o PT – embora muitos de seus militantes pensassem isso, de maneira presunçosa. O PT achava que tinha inventado a roda, esquecendo-se de uma tradição secular de lutas e de organização popular no Brasil, que vem de muito longe, passa pela história do PCB, pela reação à ditadura militar e que chega até os dias de hoje, seja em grupos e partidos de esquerda, seja em militantes que não estão organizados em nenhum partido. Mas que o preço a ser pago vai ser alto, disso ninguém tenha dúvida. Basta ver a carantonha de Herr Bornhausen na TV, festejando a esperança de que o mensalão vá “livrar o Brasil dessa raça por trinta anos”. Essa raça somos todos nós, não apenas os petistas.

Você acha que existem elementos para um eventual impeachment?

Não acredito – pelo que se sabe até agora. Mas chama a atenção a diferença entre a sanha moralista das elites e da direita nesse episódio e o comportamento dessas mesmas pessoas e instituições quando os tucanos pagaram R$ 300 mil por voto para garantir a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Mas como afirmou, sem pejo, o próprio FHC, corrupção em ninho tucano “é história”, é página virada.

O que acha da política econômica do Lula?

Se o governo Lula tivesse optado por uma política econômica antineoliberal, comprometida com o desenvolvimento do Brasil, com a criação de empregos, como vêm fazendo alguns governos latino-americanos, a “raça” a que se refere Herr Bornhausen estaria nas ruas para garantir a permanência de um governo popular. Fala-se muito que o PT adotou, no governo, a política segundo a qual os fins justificam os meios. Que fins? Cumprir à risca a cartilha do FMI? Manter a política do doutor Meirelles no BC, que exibe os mais altos juros do planeta?

E da política externa?

Talvez esse seja um dos poucos pontos do governo em que há um mínimo de coerência com a história e a pregação do partido. Não fosse o Itamaraty não sobraria nada, ou quase nada.

Quem deve se beneficiar com este escândalo nas próximas eleições?

Temos um ano e meio para impedir que o desastre seja total. As urnas devem falar grosso no ano que vem.

Você já conseguiu resolver o imbróglio em torno de seu livro "Na Toca dos Leões"?

Não, ainda não. Foram rejeitados todos os recursos interpostos pelos ‘réus’ (a Editora Planeta, o publicitário Gabriel Zellmeister e eu) na Justiça goiana, onde corre o processo movido contra nós pelo deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO). Nossa expectativa é que os autos cheguem logo ao STJ, um tribunal a salvo de pressões e ingerências locais. Enquanto estiverem em Goiás, as esperanças são mínimas.

O que de fato incomodou a UDR?

Não foi a UDR quem se incomodou, mas seu criador, o deputado Caiado. A Justiça goiana, a pedido dele, inovou em matéria de censura: mandou recolher os livros em todo o Brasil e proibiu os réus de se manifestarem publicamente sobre o assunto – razão pela qual estou impedido de esclarecer aos leitores do Bafafá o que foi que tanto irritou o deputado Caiado. Cada vez que infringir a ordem judicial, terei que pagar uma multa de R$ 5 mil.

Você acha que estamos vivendo uma “ditadura judicial” ?

É a censura togada. Mais perigosa que a da ditadura, porque vem envolta em uma aura de “legalidade” que a dos militares não tinha.

Como está vendo a imprensa alternativa no País?

É a única que está falando a verdade. Salvo uma exceção aqui, outra acolá, a chamada grande imprensa se converteu em um (ou vários) partido de direita.

O que acha de uma publicação como o Jornal Bafafá?

É na crise, e não na bonança, que surgem publicações independentes. Lembrem-se de que o Pasquim, Opinião, Movimento e todos os demais veículos independentes da história recente do Brasil nasceram sob a ditadura militar.

Como está vendo a crise no Iraque?

Vou repetir um vaticínio feito pelo ex-secretário de Defesa dos EUA, Ramsey Clark, segundo o qual “depois do Iraque, a guerra do Vietnã será lembrada pelos americanos como um passeio de nossas tropas”. Inshallah!

Qual será o próximo alvo dos EUA?

Para responder a essa pergunta, siga o petróleo: Irã e Venezuela.

Já ouviu falar num plano americano de declarar o cargo vago quando Fidel Castro morrer?

Há quatro décadas presidentes americanos fazem ‘planos’ para a Cuba pós-Fidel. A verdade é que o líder cubano já enterrou Eisenhower, Kennedy, Johnson, Nixon, Ford, Reagan, Bush, Carter e Clinton – alguns desses ainda continuam tecnicamente vivos por aí. Estive em Cuba no último Carnaval, em companhia do ex-ministro José Dirceu, e pude ver que Fidel ainda tem saúde para acompanhar o enterro de mais uns quatro ou cinco.

O que mais admira no Brasil?

A Luana Piovani.

O que repugna?

Ligar a televisão.

Alguma utopia?

O socialismo.

Quais são seus planos daqui em diante?

Estou escrevendo a biografia de um grande brasileiro, o marechal-do-ar Casimiro Montenegro Filho. Quando nosso País ainda importava penicos da Europa, ele já sonhava com o Brasil como grande potência aeronáutica. Criou a Embraer e o ITA – que acaba de sofrer intervenção branca por parte da Aeronáutica, diante do silêncio cúmplice de Lula e do ministro da Defesa, José Alencar. Já comecei a pesquisa para escrever a biografia de outro brasileiro ilustre, o escritor Paulo Coelho, que deve ser publicada no ano que vem. E tenho ainda dois projetos correndo por fora: a biografia do senador Antonio Carlos Magalhães e a história do Molipo, Movimento de Libertação Popular, grupo guerrilheiro surgido em Cuba no final dos anos 60 como uma dissidência da ALN.


Carlos Henrique Gouveia de Mello. ADIVINHA QUEM USOU FALSAMENTE ESSE NOME.











Carlos Henrique Gouveia de Mello






JOSÉ DIRCEU ("Daniel")

- O mineiro José Dirceu de Oliveira e Silva tinha 19 anos por ocasião da Revolução de 1964. Nessa época, era estudante secundarista na cidade de São Paulo e já participava do movimento estudantil, filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).Dois anos depois, já universitário, José Dirceu estava totalmente impregnado pelas idéias radicais de seu líder no PCB, Carlos Marighella, e o acompanhara na denominada "Corrente Revolucionária", criada dentro do partidão a fim de defender a luta armada. No final desse ano de 1966, ingressou na "Ala Marighella", tranformada, um ano depois, no Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP).
- Em 1968, José Dirceu exercitava sua liderança como presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) insuflando os jovens a pegarem em armas, nem que fossem uns contra os outros. Foi assim que, no início de outubro, constituiu-se num dos líderes do conflito no qual se envolveram, na Rua Maria Antonia, cerca de um mil estudantes universitários da Faculdade de Filosofia da USP e do Mackenzie. Armados de correntes, porretes, revólveres e coquetéis molotov, os estudantes digladiaram-se numa verdadeira guerra campal, finda a qual um estudante morto (baleado na cabeça), dez outros feridos e cinco carros oficiais incendiados atestavam a virulência do ocorrido.Entretanto, a prisão de José Dirceu - então mais conhecido como "Daniel"
- Em 12 Out 68, durante a realização do 30º Congresso da UNE, em Ibiúna, impediu que ele prosseguisse nas suas estrepolias.Além da UEE/SP, quem mais sentiu a sua prisão foi a "Maçã Dourada", jovem plantada junto dele pelo DOPS, para colher informações.Ainda na prisão, acompanhou a transformação do AC/SP na Ação Libertadora Nacional (ALN).
- Em 05 Set 69, menos de um ano após sua prisão, foi um dos 15 militantes comunistas banidos para o México, em troca da vida do embaixador dos EUA, que havia sido seqüestrado no dia anterior, no Rio de Janeiro, pela ALN e pelo MR-8.Do México, "Daniel" seguiu para Cuba, onde, durante o ano de 1970, a partir de maio, participou de um Curso de Guerrilhas, no denominado "III Exército da ALN" ou "Grupo da Ilha" ou, ainda, "Grupo Primavera". Esse grupo, sentindo-se órfão com a morte de Marighella, rachou com a ALN (os divergentes passaram a ser conhecidos como o "Grupo dos 28"), dando origem à Dissidência da ALN (DI/ALN), mais tarde transformada no Movimento de Libertação Popular (MOLIPO).O MOLIPO foi uma organização de curta e triste história. A maioria do "Grupo dos 28" regressou ao Brasil, a fim de exercitar seu treinamento de ações terroristas. Entretanto, logo após chegarem ao país, os militantes foram caindo um a um, como peças de um dominó, cujo "armador", dizem, está vivo até hoje.
No total, José Dirceu permaneceu em Cuba durante 18 meses quando teria feito uma operação plástica nos olhos e no nariz, para voltar ao Brasil com segurança. Apesar dessa operação não ter sido confirmada - muitos dizem ser uma mentira deslavada -, José Dirceu só voltou ao Brasil em Abr 75, quando a luta armada já havia terminado.
Com o falso nome de "Carlos Henrique Gouveia de Mello", radicou-se em Cruzeiro d'Oeste, no Paraná, onde casou-se com uma ricaça da região, com quem teve um filho.No final de 79, regressou a Cuba, dizem que para retificar a antiga operação plástica (??).Depois de ter uma filha com uma portuguesa e ter mais uma filha em um relacionamento desconhecido, José Dirceu casou-se pela terceira vez, agora com sua atual mulher.
-Durante sua gestão na Casa Civil, em 2005, surgiram várias crises de corrupção como o Caso Waldomiro (Auxiliar direto de Dirceu) e "Mensalão" (compra de Deputados para votarem com o governo e /ou mudar de sigla partidária.
-Denunciado pelo Pres. do PTB Roberto Jefferson, como chefe do esquema de corrupção na compra de votos de parlamentares, juntamente com líderes do PT (Genuino, Delubio ,Marcelo Sereno e Silvio Pereira ) e o empresário Valério (Publicitário).
-Ex-Ministro Chefe da Casa Civil cuja função se viu forçado a pedir demissão. Está diretamente envolvido na corrupção da manipulação de verbas federais em favor de um projeto de tomada do poder pelo PT.
-Foi cassado por falta de decoro parlamentar.
-Atualmente é membro da Executiva do PT e é "lobista".


LAST

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: