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segunda-feira, 26 de abril de 2010

A outra morte do caso Isabella


Quem era o tenente da PM Fernando Neves Braz, que atendeu à ocorrência na noite do crime – e se matou enquanto era investigado por pedofilia
Valdir Sanches
 Reprodução
O POLICIAL
O tenente Fernando Neves Braz comandava, aos 34 anos, 30 homens do Tático Móvel. Ninguém na PM suspeitava dele

Um dos lemas do Patrulhamento Tático Móvel da Polícia Militar diz que seus homens precisam estar sempre bem preparados. Nunca se sabe o dia em que atenderão ao caso de sua vida. Aos 34 anos, o tenente Fernando Neves Braz comandava 30 homens do Tático Móvel, na zona norte de São Paulo, na noite de 29 de março. O caso de sua vida foi o assassinato da menina Isabella, lançada do 6o andar de um prédio. O tenente e dois soldados patrulhavam a vizinhança quando uma mensagem chegou pelo rádio. Em dez minutos, estavam no Edifício London. Uma gravação feita pela TV Globo, um pouco mais tarde, mostra o tenente Braz conversando com Alexandre Nardoni, pai de Isabella – um dos acusados como o autor do crime. Alexandre e a mulher dele, Anna Carolina Jatobá, estão presos. O tenente Braz se matou no dia 30 de maio. O suicídio não teve nada a ver com Isabella. Mas pode ter ocorrido por causa de outra menina. Ou menino. O policial era investigado por pertencer a uma rede de pedofilia.

A investigação começou quando um homem de meia-idade, casado, pai de muitos filhos, entrou na sala do delegado Ricardo Guanaes Domingues, da 5a Delegacia Seccional, na zona leste da capital paulista, para fazer uma denúncia. Navegando pela internet, ele vira coisas estranhas, como a “sala do incesto”. Procurando mais, descobrira bizarrices criminosas de pedofilia, que o deixavam indignado. O homem foi apelidado X-9, gíria policial para informante.

X-9 usou o laptop do delegado Domingues para demonstrar como um grupo de pessoas agenciava crianças. Começava numa sala de bate-papo, ou chat. O informante criou um nome para uma policial entrar na sala de conversação, “Mamãe Quer Kids”. Teve grande correspondência de pedófilos. Logo se descobriu que um dos mais ativos do grupo assinava “Tio Ama Sobrinho” ou “Família Feliz”. Foi então que Domingues obteve autorização da Justiça para uma escuta telefônica. Com isso, chegou ao nome de “Família Feliz”. “Era Márcio Aurélio Toledo, um pai-de-santo que se valia de sua condição para atrair ‘filhos’ crianças”, diz ele.

Segundo Domingues, Márcio tinha como interlocutor freqüente um certo Fábio. Os dois haviam se tornado íntimos. No dia 29 de maio, Fábio estava agitado. Às 14 horas, começou a telefonar para o pai-de-santo, que lhe prometera uma menina de 9 anos. Uma das frases captadas na escuta: “Cadê a menina? Eu quero ela”.

Sem saber do grampo, Fábio deu sua localização a Márcio. Os policiais viram o suspeito num telefone público. “Passei a meio metro dele e guardei seu rosto”, diz o investigador Geraldo Buscariolli Júnior. Ao ver Fábio entrando em seu carro, anotaram a placa. Às 19h40, depois de mais de cinco horas e meia de ansiedade e telefonemas, Fábio desistiu.

A placa do carro era de Penápolis, cidade de 55 mil habitantes, a 500 quilômetros de São Paulo. O delegado local, Mauro Gabriel, recebeu de seu colega Domingues um pedido para que a investigasse. Foi assim que a polícia descobriu quem era Fábio: o tenente da PM Fernando Neves Braz. Ele nasceu em Penápolis, onde moram seus pais e seus sogros. Os computadores que ele usava ao visitá-los foram apreendidos.

No dia 30 de maio, o delegado Domingues foi ao quartel do 5º Batalhão Policial, na zona norte, onde Braz trabalhava. “Às minhas perguntas, ele dava uma mesma resposta, ‘não me recordo’”, diz Domingues. “Parecia sereno, mas tinha o semblante preocupado.” A Justiça concedera a ele uma ordem de busca e apreensão. Com ela, Domingues e oficiais do Serviço Reservado e da Corregedoria da PM foram ao apartamento de Braz. Ele fora desarmado, e os oficiais o escoltavam.

À porta do apartamento, Braz fez um pedido: queria entrar sozinho, para prevenir sua mulher. “Eu disse a ele: ‘Fique no campo de visão’. Vi a mulher na sala, falando ao telefone, mas ele passou direto por ela. Comecei a chamar: ‘Tenente, volte aqui’. Corri atrás dele e, no quarto, encontrei-o mexendo em um armário. Eu disse: ‘Volte para a sala’. Ele se virou, com uma arma em punho. Aí os oficiais entraram. Ele passou por mim e correu para o banheiro. Não deu tempo para nada. Fechou a porta e ouvimos o tiro”, afirma Domingues. A bala atravessou a porta e caiu aos pés dos policiais. “Não sabíamos se ele havia se suicidado ou estava atirando contra nós.” Era suicídio.

Em Penápolis, a família de Braz levava uma vida tranqüila. O pai, Tarcísio, se aposentara da Prefeitura. Braz ligava para a mãe, Helena, dia sim, dia não. Nos fins de semana, quando podia, os visitava. Ficava hospedado na casa da sogra, mas toda manhã passava na padaria, comprava pão e ia tomar café com os pais.

Valdir Sanches
 Reprodução
OS ACUSADOS
Imagem da TV mostra o tenente Braz com Alexandre Nardoni (acima). Márcio, o pai-de-santo (à esq.), nega pedofilia

Na cidade, as pessoas gostavam muito dele. Um amigo, também oficial da PM, chegou a dizer que, de tão correto, chegava a ser chato. Na adolescência, ganhou medalhas disputando corridas em torneios da região. Em 1994, já sargento do Exército, foi transferido para Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai. Lá, afirmava ter tido uma filha, hoje com 11 anos. Mesmo sem ter certeza de que era o pai, pagava sua pensão. A irmã mais velha de Braz, Flávia, conta que seus pais foram a Porto Murtinho, recentemente, para se submeter a exame de DNA. “Se for mesmo filha do Fernando, meus pais querem legalizar a situação”, diz ela.

Braz queria ser oficial da Polícia Militar. Os pais o ajudaram a pagar um curso preparatório para a Academia do Barro Branco, em São Paulo. Fez a academia e saiu como tenente. Assumiu o posto em Penápolis. Há quatro anos, casou-se com Juliana, uma moça da cidade. “O casamento foi muito bonito”, diz Flávia. Um acontecimento de gala. “Vinte e cinco oficiais fardados vieram para a cerimônia.”

Quatro meses antes do suicídio, Braz foi transferido para a PM de São Paulo. Morou algumas semanas sozinho, para deixar em ordem o apartamento que comprara. Só depois Juliana se mudou. Tudo estava perfeito – ou pelo menos parecia. No dia 30 de maio, a tranqüila vida da família Braz, de Penápolis, começou a entrar em colapso logo cedo – às 8 horas da manhã. Um policial procurou Tarcísio, o pai do tenente, para apreender o computador da casa. Não ofereceu detalhes. Disse apenas que Fernando estava sob investigação. Às 10h30, uma ligação da delegacia: Fernando se matara. “Foi um choque”, diz a irmã Flávia. “Achamos que o Fernando errou, devia ter tido a coragem de enfrentar os fatos. Mas entendemos seu gesto.”

O suicídio teve repercussão imediata. Tratava-se do oficial que atendera ao caso Isabella. A defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sustenta que ela foi morta por alguém que entrou no apartamento onde o casal morava e cometeu o crime. Um policial pedófilo poderia ser esse “alguém”? O próprio tenente Braz comandou as buscas no prédio e nas redondezas, à procura de um suspeito – e não encontrou nenhum.

Se provado, o envolvimento do tenente com pedofilia
levaria a sua expulsão da PM e a até seis anos de prisão

O advogado dos acusados, Marco Pólo Levorin, não levanta suspeitas contra Braz. Diz apenas que a presença de um pedófilo, na cena dos fatos, ter passado despercebida da polícia “é uma prova cabal de que as investigações foram superficiais”. A delegada que cuidou do caso, Renata Pontes, mostra-se despreocupada com qualquer outra hipótese que não aponte para Alexandre e Anna Carolina. “Temos provas concretas contra o casal, melhores que testemunho ocular”, afirma. Renata diz que mandou um ofício diretamente ao comando da PM, pedindo esclarecimentos sobre o número de policiais que atenderam ao caso, que horas chegaram, quando se foram. “Com isso, tive a informação de que, no momento da queda da Isabella, o tenente Braz estava com sua equipe na Avenida Júlio Buono (nas proximidades). Quando chegaram ao Edifício London, já havia ali dois outros policiais militares.”

Márcio, o pai-de-santo, foi preso em sua casa. O delegado Domingues diz que as escutas haviam revelado que uma criança seria entregue a outro cliente. “Não podíamos esperar que uma criança fosse submetida a um pedófilo”, afirma ele. Com medo que isso acontecesse, entraram na casa e prenderam os dois. Domingues diz ter comprovado que Braz estivera com um menino de 8 anos no quarto de Márcio. Tanto o menino quanto a menina que Domingues afirma terem sido desejados por Braz aparecem numa foto com Márcio. “As duas crianças foram ouvidas por psicólogas especializadas e contaram os abusos sofridos”, diz Domingues. Na 77a Delegacia, de Santa Cecília, no centro da cidade, Márcio negou que aliciasse crianças.

A Polícia Militar investiga um novo caso de pedofilia envolvendo um de seus policiais. Ele pertence ao 5o Batalhão – o mesmo que o tenente Fernando Neves Braz integrava. A PM não fala mais sobre o caso de Braz. Sobre o do soldado, diz apenas: “O soldado PM (...) é investigado por denúncia de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Não há, até o momento, nenhuma relação com o caso do tenente Neves”.

Se estivesse vivo e se fosse confirmado seu envolvimento com a pedofilia, Braz seria expulso da Polícia Militar e processado. Estaria sujeito a cumprir pena de dois a seis anos de prisão. Na PM, nenhum dos 30 homens sob seu comando suspeitava de Braz. “Ele parecia uma pessoa íntegra”, diz uma vizinha do prédio onde ele e a mulher moravam. A mulher, Juliana, se recusa a falar sobre o assunto.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI13426-15228,00-A+OUTRA+MORTE+DO+CASO+ISABELLA.html

Tenente do caso Isabella estava acima de qualquer suspeita na corporação, diz capitão

Publicada em 02/06/2008 às 19h42m

Wagner Gomes, O Globo Online Tenente era discreto na vida pessoal e bom profissional - TV  Globo

SÃO PAULO - Um homem calado e bastante discreto em relação a sua vida pessoal. Policial exemplar e de conduta ilibada. Assim era definido o tenente Fernando Neves Braz, de 34 anos, pelos seus colegas de trabalho, que se matou após ser descoberto em uma rede de pedofilia. Por isso, a descoberta de que ele tinha interesse sexual por crianças causou tanta surpresa na corporação.

- Ele era um policial com uma conduta ilibada, sem nenhum envolvimento aparente com qualquer tipo de coisa ilícita. Tanto é que desempenhava como comandante da Força Tática uma função reservada a policiais de destaque, preparado para combater a criminalidade da região. Comandava um pelotão de 30 homens e nunca apresentou desvio algum - disse o capitão Marcelino Fernandes, porta-voz da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo.

O capitão Marcelino explica que, em muitos casos, esse costuma ser o perfil clássico do pedófilo. Para a sociedade, familiares e amigos, a pessoa está acima de qualquer suspeita. Têm uma conduta moral exemplar. Já em sua face oculta, o pedófilo é um indivíduo tenebroso e maquiavélico, que não revela nem mesmo para os melhores amigos a atração sexual por crianças. Alguns pedófilos têm atração por crianças dentro de uma faixa etária específica. Como no dia-a-dia prevalece a face de 'homem de bem', torna-se difícil identificar esse desvio de conduta.

- O pedófilo costuma vender uma imagem diferente do traficante de drogas ou do ladrão. Não sai por aí contando vantagem, dizendo que vai roubar um banco ou outra coisa qualquer. Por isso, é difícil identificá-lo. Ele vive na clandestinidade. Às vezes, nem mesmo os familiares, um irmão, por exemplo, sabe o que ele faz - disse o capitão Marcelino.

O tenente Braz era casado com uma jovem de 22 anos e tinha uma filha de 9 anos, do primeiro casamento. Mas poucas pessoas sabiam disso.

- Possivelmente, nem mesmo a mulher dele sabia de qualquer envolvimento com a pedofilia. Pelo que constatamos, o Braz também tinha uma relação homossexual com o chefe da rede de pedofilia. Escutas telefônicas mostraram intimidade entre Toledo e o tenente da PM. Mas é possível também que nem mesmo essa pessoa soubesse muito sobre ele, soubesse, por exemplo, que ele era um policial - disse o capitão da Corregedoria.

A polícia não informou se Braz passou por exames psiquiátricos depois que entrou na corporação. Para o capitão, a pedofilia pode ter sido um hábito que ele adquiriu no decorrer do tempo assim como uma patologia, onde uma pessoa leva anos para desenvolver uma carga genética.

Braz comandava a Força Tática do 5º Batalhão da Polícia Militar, na zona norte da capital. Foi ele quem comandou as buscas a um suposto ladrão no Edifício London na noite em que a menina Isabella Nardoni foi arremessada da janela do sexto andar. A polícia chegou ao policial a partir da prisão de Márcio Aurélio Toledo, de 36 anos. Escutas telefônicas mostram que Toledo ofereceu a Braz uma menina de 9 anos, a mesma idade da filha, para manter relações sexuais.

O tenente trabalhava no período noturno. Entrava às 17h30m e saía às 6h do dia seguinte. Folgava 36 horas e trabalhava novamente. Um companheiro da polícia disse que o tenente era uma pessoa "sossegada, simples e muito profissional". Para esse colega, o envolvimento com crianças pode ter sido apenas uma maneira de agradar o amigo que liderava a rede de pedofilia e com quem mantinha uma relacionamento amoroso.

A polícia recebeu o comunicado falando do envolvimento de Braz com a pedofilia no dia 29. No dia 30, sexta-feira, o tenente foi convocado para comparecer ao 5º Batalhão da Polícia Militar, na Vila Gustavo, onde Braz ficava. Lá, ele ficou sabendo que estava sendo investigado e negou tudo. Já desarmado, acompanhou tranquilamente os PMs até a sua casa, onde o seu computador seria apreendido para análise. Pediu que apenas 5 policiais subissem com ele até o apartamento, para não chamar muita atenção, e em um descuido dos colegas foi até o quarto, pegou uma outra arma que tinha (.40), se trancou no banheiro e deu um tiro na própria cabeça.

No armário dele, no 5º Batalhão da Polícia Militar, a polícia encontrou CDs e negativos de fotografias que foram encaminhados para a perícia. Dois computadores que estavam na casa de familiares em Penápolis, a 474 quilômetros de São Paulo, também foram apreendidos. Suspeita-se de que o oficial usava os equipamentos para trocar mensagens com a rede de pedofilia quando estava na cidade.

O enterro do tenente ocorreu no sábado em Penápolis. Ele foi sepultado no último sábado como civil, apesar de estar há 11 anos na corporação. Apenas parentes e alguns amigos acompanharam o enterro. A família, muito abalada, não permitiu que a imprensa acompanhasse o velório. O pai do oficial passou mal e teve que ser socorrido. Para o capitão da Corregedoria, o medo de ser desvendado pelo crime deve ter feito o tenente tomar uma atitude precipitada e desesperadora atirando contra si próprio.

- O suicídio é um paradoxo de coragem e covardia. Coragem para puxar o gatilho e covardia para enfrentar o problema. Acho que ele teve medo de enfrentar a família e a sociedade - disse o capitão Marcelino, acrescentando que o tenente correria o risco de ser expulso da corporação e ainda sofrer uma ação penal por participar de uma rede de pedofilia.

http://oglobo.globo.com/sp/mat/2008/06/02/tenente_do_caso_isabella_estava_acima_de_qualquer_suspeita_na_corporacao_diz_capitao-546623321.asp

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Suspeito de pedoflia, tenente que agiu no caso Isabella se suicida



Caso Isabella

São Paulo - A defesa do casal Nardoni pretende pedir à Justiça que a Polícia Civil investigue se há envolvimento do tenente da PM Fernando Neves Braz, 34, que se suicidou anteontem depois de ser investigado por pedofilia, com a morte de Isabella Nardoni, 5, em 29 de março em São Paulo. O oficial comandou a varredura no prédio onde Isabella morreu à procura de um suposto ladrão que não foi encontrado. O advogado Marco Polo Levorin, defensor de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, casal acusado de assassinar a menina Isabella, disse que espera uma investigação mais aprofundada sobre as pessoas que estavam no edifício London na noite do crime.

No local estava o tenente da Polícia Militar Fernando Neves Braz, acusado de integrar uma rede de pedofilia em São Paulo, fato que deixou a defesa do casal Nardoni “perplexa”. “O fato reforça o nosso argumento de ampliação das investigações”, disse Levorin. “Todas as pessoas presentes no local do crime deveriam ter sido investigadas”, completou.

Para o advogado dos Nardoni, é importante esclarecer se o suposto envolvimento do tenente com pedofilia interferiu de alguma forma no caso Isabella. “A acusação é muito forte e perplexa. A gente espera que haja uma investigação profunda sobre isso”, afirmou Levorin.

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Defesa de Nardoni diz que PM amplia dúvidas sobre varredura


Peritos acham vestígios de sangue nas roupas de madrasta de Isabella

10/04/2008

A perícia encontrou vestígios de sangue na roupa usada por Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, no dia da morte de Isabella de Oliveira Nardoni, 5.

A roupa seria a mesma utilizada pela madrasta no sábado em que Isabella foi arremessada por um buraco na tela de proteção do apartamento do casal, no sexto andar do edifício London, zona norte de São Paulo. Antes de serem entregues à polícia, as roupas de Anna Carolina e Alexandre Nardoni, pai da menina, teriam sido lavadas.

No inquérito policial, nenhuma testemunha afirmou ter visto Anna Carolina abraçando o corpo de Isabella depois que a menina caiu no gramado. A madrasta, segundo o porteiro do prédio, chegou ao local onde Isabella estava caída alguns minutos depois de Alexandre. Ela só gritava que não havia segurança no prédio, de acordo com a testemunha.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina ligaram primeiro para seus pais antes de chamar o resgate do Corpo de Bombeiros ou a polícia. O Instituto de Criminalística analisou as ligações telefônicas feitas na noite da morte da menina, no intervalo de tempo em que o crime pode ter sido cometido. Há um primeiro telefonema, para a casa do pai de Anna Carolina e, uma segunda ligação, para o pai de Alexandre. Esse segundo telefonema foi feito às 23h48m. Nenhuma ligação foi feita para o resgate dos telefones dos suspeitos e nem do apartamento de número 62 do Edifício London. O primeiro telefonema ao resgate aconteceu, segundo a polícia, às 23h49m. A polícia também já confirmou que a família chegou ao prédio às 23h35.

Antes de ser jogada pela janela, Isabella teria sido espancada e o pescoço da menina tem marcas de esganadura. Nesta quarta, duas testemunhas ouvidas pela polícia podem também comprometer a defesa do pai de Isabella. As pessoas interrogadas participavam de uma festa, onde também estava a irmã de Alexandre, Cristiane Nardoni. Na noite do crime, dois participantes da festa ouviram da tia da menina uma frase desesperada, logo após ela receber uma ligação. Essa frase, mantida em segredo pela polícia, poderia colocar em xeque a versão de Alexandre Nardoni. Nesta quinta-feira o Tribunal de Justiça deve julgar o habeas corpus que pede a liberdade do casal.

A polícia também suspeita que Isabella não tenha sido colocada em seu quarto. A perícia avalia pegadas no cômodo, para saber se eram recentes ou de sapatos diferentes dos que foram apreendidos no apartamento do casal. O buraco na tela de proteção por onde Isabella foi jogada, feito inicialmente com faca e depois com tesoura, foi feito por uma pessoa destra, de acordo com peritos, mas não há informação de que o pai ou a madrasta são canhotos.

A equipe de investigação do 9º Distrito Policial (Carandiru), chefiada pelo delegado Calixto Calil Filho, está agora tentando individualizar as responsabilidades pela morte. Apontar quem asfixiou a menina, quem cortou a tela de proteção e quem jogou o corpo da garota pela janela. Ou seja, o delegado acredita que a morte tenha tido a participação de mais de uma pessoa. Os dois únicos suspeitos do crime até agora são Alexandre Nartoni e Anna Carolina Jatobá, que tiveram prisão temporária decretada.

As chances de ter um terceiro suspeito

Nesta quarta, a polícia reforçou também as investigações em torno da possibilidade de uma terceira pessoa ter entrado no apartamento. Um pedreiro que trocou a porta do apartamento de Nardoni foi ouvido por três horas. Entrou e saiu da delegacia numa viatura da polícia e o teor de seu depoimento não foi revelado. Alexandre Nardoni teria entregado à polícia dois nomes de suspeitos de terem entrado no apartamento e cometido o crime.

O pai de Alexandre, Antonio Nardoni, afirmou em entrevista à TV Globo que ao chegar ao prédio encontrou os dois portões de pedestres abertos e também a garagem, segundo ele, estava "escancarada". Ele afirmou que pediu à polícia que fizesse varredura no prédio e que isso não foi feito.

No início da noite, o tenente da PM Fernando Neves Braz desmentiu a versão do advogado Antonio Nardoni, pai de Alexandre, de que a polícia não fez uma varredura no prédio após o crime.

- Fizemos uma varredura minuciosa no prédio e em todo o quarteirão, mas não obtivemos êxito - disse.

O porteiro do prédio diz que apenas duas visitas foram recebidas no prédio entre 18h e 24 e afirma que ninguém poderia ter entrado sem que ele visse.

Em reportagem publicada nesta quinta-feira, o jornal Folha de S.Paulo afirma que um operário que trabalha numa obra vizinha ao prédio, um sobrado, notou domingo que o portão da frente havia sido arrombado. O sobrado fica nos fundos do edifício London. Do telhado da churrasqueira do prédio, diz a reportagem, é possível acessar a obra e este seria um ponto cego para o porteiro, que estava na guarita. A cerca elétrica, diz o jornal, estava desligada no dia do crime. Uma vizinha do sobrado afirma ainda à Folha ter ouvido barulho no sobrado e pessoas conversando, uma hora depois dos gritos vindos do edifício London depois da queda de Isabella. Há possibilidade de terem sido policiais militares ou civis que foram para o local do crime.

A polícia informou nesta quarta que conseguiu desvendar 70% do que aconteceu na cena do crime. De acordo com a delegada Renata Helena da Silva Pontes, do 9º DP (Carandiru), já é possível determinar onde e como ocorreram os ferimentos. Para ela, os 30% restantes não devem apresentar novidades.

- Já temos como visualizar 70% do que aconteceu, o que foi feito dentro do apartamento até a morte da menina - disse.

A delegada revelou que a polícia colheu 41 depoimentos desde o início do inquérito e que intimou 19 pessoas para serem ouvidas esta semana.

Peritos do Instituto de Criminalística fizeram visita ao prédio em frente ao edifício London, para ver se câmeras de segurança gravaram imagens que possam ajudar a elucidar o crime. Verificaram ainda a guarita e a visão que o porteiro tem da entrada do prédio e da janela por onde Isabella foi jogada. Moradores do prédio estão assustados com a possibilidade de o prédio ter sido invadido.

Um tenente da PM afirmou que o edifício foi vasculhado por quatro horas, mas nenhuma pessoa estranha foi encontrada.

DNA deve comprovar que sangue é da menina, dizem peritos

Peritos do Instituto de Criminalística iniciaram nesta terça-feira os testes de DNA que comprovarão se o sangue encontrado no apartamento é de Isabella. As amostras de sangue de Isabella chegaram ao IC na noite de segunda-feira e, na terça, as do pai e da madrasta. Os resultados devem ficar pronto até o fim da semana. Algumas amostras ainda terão de ser refeitas porque a seqüência de cromossomos é insuficiente para dar positivo. Porém, eles não têm dúvidas de que as manchas no corredor do prédio, no hall, no quarto, no lençol, no parapeito da janela, na tela de proteção e nas paredes são da menina.

Isabella estava com ferimento na testa e, em um dos quartos, a perícia achou um fragmento de osso.

Sinais de asfixia e esganadura

Na parede do prédio foram detectadas pelos peritos marcas da mão de Isabella. Segundo eles, a menina foi jogada de cabeça para baixo. Ela tinha ainda ferimentos na testa e um dos pulsos foi quebrado. Estes ferimentos, segundo os peritos, podem ter sido provocados antes da queda. No corpo da criança havia ainda manchas no pescoço e na nuca e sinais típicos de asfixia. Quando foi jogada, Isabella estaria desmaiada.

Peritos disseram à polícia que o estado de letargia (uma espécie de sono profundo decorrente de afecção do sistema nervoso central e de difícil e prolongada recuperação) provocado por asfixia pode durar até 20 minutos. Para quem não tem conhecimento técnico, poderia parecer que Isabella, antes de ser jogada do apartamento, estivesse morta.

Rede cortada com faca e tesoura

O Instituto de Criminalística (IC) revela que o buraco na tela foi feito por dois instrumentos: uma tesoura e uma faca, já apreendidas. Para policiais envolvidos na investigação, isso pode demonstrar que houve pressa para se desfazer do corpo.

Antes de chegar ao gramado do edifício London, Isabella bateu no parapeito e também com as costas em um arbusto. Segundo o IC, há marcas de sangue na fachada do prédio, abaixo do parapeito do sexto andar, como se as mãos da menina, soltas, arrastassem na parede.

Provas contra casal são frágeis, diz advogado de defesa

O Tribunal de Justiça analisa o pedido de habeas corpus para Nardoni e Anna Carolina. Se aceito, o casal poderá aguardar as investigações em liberdade.

- A defesa entende que alguns pontos não vieram ao inquérito policial e são essenciais. As provas são frágeis - afirma o advogado Marco Polo Levorin, um dos advogados que defendem o casal.

O que disse o paiNardoni afirmou à polícia que alguém entrou em seu apartamento e jogou sua filha para baixo.

Ele não havia mencionado marcas de sangue dentro do apartamento em seu depoimento inicial, como revelou o promotor e o juiz em sua argumentação para o fim do sigilo. Nardoni diz que, quando chegou ao apartamento, as três crianças dormiam - além de Isabella, ele tem mais dois filhos, de 3 anos e de 11 meses, estes filhos de Anna Carolina Jatobá. Levou primeiro Isabella no colo até o apartamento e a colocou para dormir, deixando a luz do abajur acesa. Trancou a porta e voltou ao carro para ajudar Anna Carolina a subir com as outras duas crianças. Ao retornar, viu que Isabella não estava mais na cama e que havia sido atirada pela janela.

Uma testemunha teria dito que viu a família Nardoni subir junta ao apartamento, o que contraria a versão de Nardoni. Outras duas disseram ter ouvido a voz de uma criança gritanto "Pára, pai" . Esta frase foi reintepretada pelo advogado Ricardo Martins, que afirmou que a criança estaria gritando "pára" ao agressor e, ao mesmo tempo, chamando pelo pai.

Fonte: O Globo






( OBS: Toda vez que eu postava algo , reportagem, noticia...sobre o caso Isabella, o blog era visitado por alguem que morava em Penapolis, eu tenho um amigo nascido lá, que nem tenho contato há muitos anos , por isso notei a cidade em especial, pois logo me lembrava dele que mora no Sul do Pais, não sabe que esse blog é meu, acho que nem sabe da existencia do blog, depois da morte desse policial não houve mais as visitas constantes quando o caso Isabella era citado aqui, nem lembro de alguem daquela cidade entrar no blog)
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