Delegado do setor de inteligência usou argumento para obter material apreendido de italiano
Advogado de Battisti diz que há mais de 30 anos ele não tem ligação com grupos radicais; PF nega existência de relatório sobre terrorismo
Em documentos encaminhados à Justiça Federal, a Polícia Federal e a Procuradoria da República afirmaram suspeitar que o italiano Cesare Battisti manteve no Brasil relação com terroristas. Battisti teve a sua extradição autorizada anteontem pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e agora aguarda a decisão final do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os papéis, aos quais a Folha teve acesso, fazem parte da ação penal que Battisti responde desde 2007 na 2ª Vara Federal Criminal do Rio por uso de passaportes falsos.
Battisti foi condenado em 1988 à prisão perpétua pela Justiça italiana acusado de ter participado de quatro assassinatos quando militante de um grupo de extrema esquerda.
Em janeiro deste ano ele recebeu do governo brasileiro o status de refugiado político, que foi derrubado pelo STF. "Investigações realizadas apontam para o possível envolvimento do italiano Cesare Battisti na prática de crimes ligados à internação irregular de estrangeiros [no Brasil] e ainda com atividades terroristas", afirmou o delegado Cléberson Alminhana, do setor de inteligência da PF, em correspondência à Justiça Federal do Rio no dia 9 de abril de 2007.
Três semanas antes, Battisti havia sido preso no Rio por ordem do STF -era o início do processo de extradição. No apartamento de Copacabana em que morava, os policiais acharam um computador, um disco rígido (HD) e CDs, além de dois passaportes falsos da França com a foto dele.
Alminhana pediu à Justiça acesso ao material apreendido. Como justificativa, disse haver suspeitas de que Battisti mantinha ligações com terroristas em atividade e prometeu encaminhar o conteúdo ao "serviço antiterrorismo" da PF e à Interpol (polícia internacional). Assinante do jornal leia mais em: PF disse à Justiça haver elo de Battisti com terroristas
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