A marionete de fios é composta por três elementos estruturais: o boneco ou figura animada, representando um ser humano, animal ou criatura antropomórfica; os fios de comando, que comunicam ao boneco os gestos e acções pretendidas pelo animador; o comando ou cruzeta, destinada à controlar os fios e os movimentos do boneco.
O botequim vai mudar de dono. O negócio será fechado em outubro de 2010. A nova administração assume em janeiro de 2011.
O velho proprietário prefere passar o ponto para sua chefe de cozinha. Negociou com ela a manutenção da estrela na fachada.
Como gosta da cozinheira, o dono do boteco tenta familiarizá-la com a clientela. Transferiu-a do fogão para o balcão. Deu-lhe carta branca.
Ela mandou pendurar um aviso na parede: “Não fazemos barganha”. Levou um sorriso à antiga carranca. Agora, é sociável a mais não poder.
– Espero que você continue prestigiando o estabelecimento depois que eu assumir.
– Depende. Vai oferecer o quê?
– Vamos manter o cardápio.
– O cardápio não é ruim, mas pode melhorar.
– Aceitamos sugestões.
– Eu frequento essas mesas desde o tempo em que um tucano piscava no letreiro.
– Bem sei. Mas você há de concordar comigo: depois da estrela, a coisa melhorou.
– Ruim não está, mas sempre pode ficar melhor.
– Pois me diga: o que podemos fazer para continuar agradando à clientela?
– Ouço reclamações nas mesas.
– Mas, mas...
– Você não é a única pretendente ao negócio.
– Como assim?
– Você sabe, a turma do tempo do tucano quer voltar. Eles estão no pé da gente.
– Sim, sim, tô sabendo. Mas vocês não estão satisfeitos?
– Insatisfeita a clientela não está. Mas pode melhorar.
– Desembucha homem, diga logo. O que pode ficar melhor?
– Veja bem, o cardápio, de fato, tem de tudo.
– Pois então...
– Mas o pessoal já não se contenta com tudo. Quer mais um pouco.
– Você poderia ser mais específico?
– Para começar, ajudaria muito se você mandasse arrancar da parede aquele aviso.
O velho dono do negócio, que fiscaliza os diálogos à curta distância, puxou um garçom pelo braço. Cochichou-lhe algo.
Pouco depois, achegando-se ao cartaz na parede –“Não fazemos barganhas”— o garçom colou uma propaganda de pinga em cima da palavra “não”.
A cozinheira fez que não viu. Aprendeu sua primeira lição. O sucesso do negócio não depende da qualidade do cardápio, mas do tamanho do balcão.