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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Jesus e Judas – Lula e Gilmar



Ricardo Giuliani Neto - 26/10/2009

Passear pelo São Francisco com Dilma e Ciro?! Ops! Vistoriar obras... Campanha eleitoral pelo velho Chico? Ops! No Brasil até Jesus faria aliança com Judas! Ops! Serás o Jesus ou o Judas? Não sou candidato a nada?! Ops! Sou presidente, o do STF ou o da República?

Ler a política do Brasil está se tornando lamentável. Aliás, encontrar o positivo no noticiário brasileiro virou raridade nacional. Quando apanham Lula, Gilmar Mendes e todo o resto —quero dizer o resto mesmo, Judas e Jesus— é farto o material para encher papéis e para testar nossos estômagos e mentes.

Lula, no exercício do mandato político-presidencial, foi vistoriar obras e, pasmem, dizem que foi fazer política; e foi mesmo! Como se um político não fizesse política em tudo que faz. E o faz porque deve fazer, é da política. Queriam o quê? Que o presidente da República dedicasse os seus dias à Catedral de Brasília para rezar o terço? Bah! não dá.

Depois da língua solta (de novo) quando afirmou que no Brasil Jesus se aliaria a Judas, acho que na Catedral não será bem-vindo. Aliás e a propósito, Lula disse alguma mentira? Nós é que ficamos escandalizados com a verdade! Vejam a realidade partidária do Brasil e digam honestamente que Lula mentiu?! Está certo! Ele está falando sobre a realidade vivida —por ele inclusive. Se, para nós outros, isso é correto? já é outro papo. Mas, e também é fato, gostamos que nos pelamos de uma hipocriziazinha!

Não bastasse o tucanato bradando contra a visita política de Lula ao Velho Chico, outro velho conhecido nosso, o Dr. Gilmar, presidente do STF, veio para fazer coro contra a viagem de Lula ao São Francisco: é antecipação da campanha eleitoral, antecipou a sentença o juiz do alto da toga máxima. Falei: disse o juiz! E o juiz concluiu sua sentença com a afirmativa de que não será candidato a nada, querendo dar o tom de não-política à sua política fala.

Ora, os ministros do Supremo são vitalícios, portanto o Dr. Gilmar já conquistou a eleição máxima para o resto da sua vida sem ter que se submeter ao voto popular a cada quatro ou oito anos como democraticamente fazem todos os políticos. Mas não, o Dr. Gilmar faz política do alto do mandato vitalício e, não me perguntem, em favor de quais interesses milita, pois, se verdade alguma há, esta reside na constante presença do presidente do STF nas manchetes das páginas de política. Essa é a questão: quem perguntou algo ao Dr. Gilmar; não precisa perguntar, assim mesmo, ele responderá!!!

Vejam como o desinteresse do ministro-presidente é “desinteressado”: Afirmou viajar muito, mas sempre atendendo ao mais alto interesse público.

Tal qual a fala descuidada de Lula, que nos autoriza a refutá-la em vista da sua pretensiosa comparação com Jesus, a do Dr. Gilmar impele-nos ao texto crítico-político acerca de sua atitude messiânica, tudo em vista do mandato de presidente do STF e do cargo de Ministro vitalício investido em nome do povo brasileiro e não em seu próprio nome. Quem quer saber a opinião político partidária de Gilmar? Quero saber dos seus votos como o mais alto mandatário do Poder Judiciário brasileiro, como juiz natural do presidente da República; suas opiniões pessoais sobre a política que as reserve para si, até para não prejudicar àqueles a quem deverá julgar e, sobretudo, para curvar-se diante da Lei Orgânica da Magistratura Nacional que o proíbe de fazer o que faz.

Insurjo-me contras essas coisas que dão as benesses da lei aos amigos e os seus rigores, aos inimigos. A lei vale pra todos, pra todos nós, inclusive —e mais— para o magistrado maior da nossa organização judiciária. O ministro do STF é o juiz natural do presidente da República —já disse— portanto, não prejulguem todos os dias, como faz o ministro Gilmar. Fazer política, já escrevi tantas vezes por aqui, que o faça como cidadão, vá às urnas, o que não posso admitir é a política partidária escondida na toga da judicatura, essa prática é mais uma deslealdade com o povo brasileiro.

É por isso que Lula tem razão ao relatar a realidade vivida e presenciada por todos nós brasileiros: por essas e outras é que Judas alia-se a Jesus e pobre de Jesus que, no mais das vezes, só descobre o Judas quando a vaca já foi pro brejo.

A propósito, alguém está lembrado do bate-boca no STF entre o Dr. Gilmar e o Dr. Joaquim Barbosa? Deu em nada?! Óh Judas, Óh Judas...

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