Apesar de a Operação Castelo de Areia, desarticulada ontem pela Polícia Federal, não ter citado o PT como um dos partidos beneficiados com as doações da empreiteira Camargo Corrêa, petistas avaliam que cedo ou tarde entrarão na investigação, informa nesta quinta-feira o "Painel" da Folha, editado por Renata Lo Prete (a íntegra está disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL).
A operação, que desarticulou uma quadrilha especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro, também menciona sete partidos políticos que podem ter recebido doações ilegais da empreiteira nas eleições de 2008.
São mencionados o PSDB, PS, PPS, PSB, PDT, DEM, PP e o PMDB do Pará, que, de acordo com a investigação, teria recebido R$ 300 mil. Os valores supostamente recebidos pelos demais partidos não foram mencionados. O PS ainda não tem registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo o Painel, os candidatos do PT costumam ser tratados pela construtora com a mesma generosidade dispensada aos adversários.
A coluna informa ainda que em 2007 a Camargo Corrêa deu um salto no recebimento de repasses diretos do governo federal e recebeu R$ 132 milhões. Em 2006, foram R$ 19 milhões. No ano passado, a construtora recebeu R$ 116,4 milhões.
A Operação Castelo de Areia resultou na prisão de dez pessoas, entre elas quatro diretores e duas secretárias da construtora Camargo Corrêa e três doleiros. Segundo a PF, um dos articuladores do esquema também foi preso.
Ao todo, foram expedidos dez mandados de prisão --três temporárias (de um diretor e duas secretárias da construtora) e as demais preventivas-- e 16 mandados de busca e apreensão. No Rio de Janeiro, a PF apreendeu R$ 1,5 milhão em espécie em escritórios de doleiros.
O esquema
De acordo com o Ministério Público Federal, um desses doleiros constituiu uma empresa de fachada em uma estrada de terra no Rio de Janeiro. Essa empresa emitia remessas para o exterior rotuladas como pagamento a fornecedores.
A investigação também identificou um doleiro suíço, naturalizado brasileiro, ex-funcionário de um grande banco daquele país no Brasil. Ele falava o tempo inteiro em código com os diretores da Camargo Corrêa, usando nomes de animais para se referir a pessoas e moedas.
Quando não tratavam diretamente com os diretores, os doleiros conversavam com as secretárias, que recebiam e remetiam, por fax, as ordens e instruções de pagamentos em favor da Camargo Corrêa.
'É de impressionar o grau de rapidez e coordenação na efetivação das transações financeiras ilegais, inclusive as internacionais, o intento de simulação para ludibriar as autoridades quanto à sua identificação e destino final dos recursos evadidos, logrando os integrantes da organização criminosa alcançar a lavagem de seus ativos, por meio de fraudes junto ao Banco Central', afirmou a procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn na manifestação em que pediu as prisões dos investigados.
Outro lado
Por meio de nota, a Camargo Corrêa se disse perplexa com a operação e que confia nos funcionários detidos, embora ainda não tenha acesso às informações da PF.
"A Camargo Corrêa vem a público manifestar sua perplexidade diante dos fatos ocorridos hoje [ontem] pela manhã, quando a sua sede em São Paulo foi invadida e isolada pela Polícia Federal, cumprindo mandado da Justiça. Até o momento a empresa não teve acesso ao teor do processo que autoriza essa ação", afirmou a empresa.
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