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quinta-feira, 26 de março de 2009

Lula diz que crise é causada por 'gente branca de olhos azuis'


Publicada em 26/03/2009 às 13h05m

Chico de GoisReutersEFE Lula recebe Brown em Brasília / Reuters BRASÍLIA - Ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira, os países ricos pela crise. Ele defendeu a reforma de organismos multilaterais e disse que os problemas financeiros mundiais foram causados por "gente branca de olhos azuis".

- A crise foi causada por comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis, que antes pareciam saber de tudo, e, agora, demonstram não saber de nada - disse Lula.

O presidente voltou a defender a atuação do Estado como articulador e indutor de políticas:

" A crise foi causada por comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis "

- Costuma-se dizer que o Estado só atrapalha, e quando aconteceu a crise, aqueles que pareciam deuses da economia procuram o Estado, que não sabia nada, para salvá-los.

Ao lado de Lula, Brown afirmou que será apresentada uma proposta para a criação de um fundo de US$ 100 bilhões para financiar o comércio internacional.

- Pela primeira vez concordamos que o volume de recursos necessário para assegurar que as empresas possam exportar é de US$ 100 bilhões - disse o primeiro-ministro britânico, que prevê que as exportações vão cair em todo o mundo em 2009 pela primeira vez em 30 anos.

O presidente brasileiro voltou também a defender a atuação política dos líderes internacionais e criticou o protecionismo. Para Lula, o protecionismo é como uma droga que no primeiro momento serve para aliviar a crise, mas depois leva à depressão.

Gordon Brown concordou com a necessidade da reforma das instituições internacionais e também com as críticas de Lula ao protecionismo.

- É preciso prevenir-se contra o protecionismo e dar nomes aos países que praticam isso. E também é necessário acionar a Organização Mundial do Comércio - afirmou o primeiro-ministro britânico.

Brown defendeu um sistema financeiro mais aberto e transparente.

Os líderes do Brasil e da Grã-Bretanha pediram que os países se apressem em completar as negociações de comércio global e adotem mais estímulo fiscal e monetária para ajudar a combater a crise econômica global.

Gordon Brown e Lula também pediram ajuda para reverter o fluxo de saída de capital estrangeiro de países emergentes e regulamentações mais severas ao mercado financeiro.

"Eles concordaram que políticas de protecionismo serviriam apenas para aprofundar a recessão global e reafirmaram seu comprometimento com uma rápida e abrangente decisão na rodada Doha, tendo como base os significativos resultados conquistados até então", afirmaram os líderes em comunicado conjunto.

Após receber o premier britânico, Lula disse que a crise econômica global vai piorar se a reunião do G-20 em Londres no mês de abril não apresentar iniciativas concretas para recuperar a economia global.

- Se o G-20 for uma reunião apenas para marcar outra reunião, nós seremos desacreditados e a crise pode piorar.

Washington lamentou que as atuais propostas de Doha não tenham conseguido apontar as oportunidades de exportação que poderiam criar para os Estados Unidos. O governo americano quer revisar um acordo parcial alcançado na Organização Mundial do Comércio em julho do ano passado.

O Brasil é a terceira parada de Brown em um tour pela Europa, América Latina e Estados Unidos para buscar apoio para a reunião do G-20 que vai discutir medidas para combater a crise financeira global.

Lula e Brown apontaram no comunicado conjunto que a reunião do G-20 é uma oportunidade vital para se tomar a ação internacional necessária para "recuperar a demanda global através de uma ação de política fiscal e monetária conjunta e coordenada."

Alguns líderes europeus resistiram aos pedidos do presidente Barack Obama de acordar pacotes de estímulo maiores na reunião do G-20.

Brown e Lula querem que o G-20 implemente "reformas fundamentais para fortalecer a regulamentação do setor financeiro para prevenir crises futuras."

Brown reafirmou o forte apoio da Grã-Bretanha à proposta do Brasil de se tornar um membro permanence do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e elogiou a atuação do país no G20.

Lula tem sido um dos mais sinceros defensores do fornecimento de mais espaço a países em desenvolvimento em organizações multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ele também tem se apresentado como um feroz defensor do livre comércio agrícola, tentando construir uma frente comum entre nações em desenvolvimento.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na terça-feira que vai propor na reunião do G-20 em Londres no dia 2 de abril um aumento dos fundos do FMI de R$ 500 bilhões para R$ 1 trilhão.

Após se encontrar com Lula em Brasília, a programação de Brown é reunir-se com líderes empresariais e visitar o Museu do Futebol em São Paulo mais tarde nesta quinta-feira. Ele viaja para o Chile na sexta-feira.

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