colaboração para a Folha Online
O jornalista Alex Baur, da revista semanal "Die Weltwoche", é alvo de investigação da Promotoria de Zurique por suposto vazamento de informações sigilosas sobre o depoimento da brasileira Paula Oliveira no dia 13 de fevereiro, quando, segundo a Promotoria, admitiu a policiais que mentiu sobre o caso da suposta agressão.
A matéria publicada na revista forçou a Promotoria e a Polícia de Zurique a se pronunciarem sobre o assunto, confirmando a informação de que Paula admitiu ter mentido.
De acordo com o comunicado oficial emitido nesta quinta-feira (19), a Promotoria "abriu um procedimento de instrução penal com o foco, entre outros, na questão se houve ruptura do segredo de ofício". Segundo o órgão, ainda não está claro se houve mesmo vazamento.
Reprodução/TV Globo |
Paula Oliveira, 26, que disse ter sido atacada por neonazistas nos arredores de Zurique, brasileira admitiu farsa, diz Promotoria |
"Sim, estou sendo investigado", confirmou Baur à Folha. A Procuradoria de Zurique reconheceu que a investigação dificilmente conduzirá a um indiciamento, pois não há provas de que o autor do vazamento foi um policial.
Na Suíça, violação de sigilo de Justiça por uma autoridade pública é crime. Segundo o jornalista, a consulesa do Brasil em Zurique, Vitoria Cleaver, estava no momento da confissão de Paula. A diplomata, segundo as fontes de Baur, era a única pessoa presente no quarto do Hospital Universitário de Zurique, além dos policiais.
De acordo com o consulado brasileiro em Zurique, o fato da consulesa ter estado ou não durante o depoimento não muda nada no caso. O órgão não confirmou nem negou a informação dada pelo jornalista suíço.
"Nós não precisamos prestar esclarecimentos sobre a declaração dele", disse o conselheiro do Itamaraty Acir Pimenta Madeira Filho, que foi enviado ao país também por causa da repercussão do caso. Segundo ele, o papel do consulado no caso é prestar assistência à família de Paula Oliveira.
Processo penal
Paula Oliveira também é investigada pela Promotoria de Zurique, sob a acusação de ter induzido a autoridade judiciária ao erro. Segundo o promotor suíço de cuida do caso, Marcel Frei, a brasileira pode ser presa por até três anos.
Ela foi enquadrada no artigo 304 do Código Penal suíço, que trata do crime de induzir a autoridade judiciária ao erro. A brasileira não poderá deixar o país durante a investigação, já que a identidade e o passaporte dela foram bloqueados pela Promotoria.
Itamaraty
Ontem, o Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de sua assessoria, que o Itamaraty continuará a prestar assistência à brasileira. Entretanto, o órgão não quis se manifestar sobre as declarações do Ministério Público de Zurique, que divulgou nesta quinta que a jovem teria confessado que mentiu sobre as agressões e sobre a gravidez.
De acordo com o ministério, o consulado brasileiro na Suíça acompanha o processo contra a brasileira e trabalha para garantir que Paula não seja vítima de "nenhuma discriminação, nem de nenhuma ilegalidade".
O Itamaraty informou ainda que aguarda a conclusão das investigações da polícia suíça para se pronunciar formalmente sobre o caso.
Também, nesta quinta, o chanceler Celso Amorim, após reunião no começo da tarde com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não manifestou surpresa com a decisão do Ministério Público da Suíça: "Nós manifestamos nosso desejo que houvesse uma apuração, (...), eles garantiram que haveria apuração e é isso que está ocorrendo".
Amorim diz que o governo brasileiro continuará dando apoio a Paula, que conta com um defensor público suíço. Ela recusou as opções de advogado que o consulado ofereceu.
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