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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Jornalista suíço é investigado por suposto vazamento de informações sobre brasileira

colaboração para a Folha Online

O jornalista Alex Baur, da revista semanal "Die Weltwoche", é alvo de investigação da Promotoria de Zurique por suposto vazamento de informações sigilosas sobre o depoimento da brasileira Paula Oliveira no dia 13 de fevereiro, quando, segundo a Promotoria, admitiu a policiais que mentiu sobre o caso da suposta agressão.

A matéria publicada na revista forçou a Promotoria e a Polícia de Zurique a se pronunciarem sobre o assunto, confirmando a informação de que Paula admitiu ter mentido.

De acordo com o comunicado oficial emitido nesta quinta-feira (19), a Promotoria "abriu um procedimento de instrução penal com o foco, entre outros, na questão se houve ruptura do segredo de ofício". Segundo o órgão, ainda não está claro se houve mesmo vazamento.

Reprodução/TV Globo
Paula Oliveira, 26, que disse ter sido atacada por neonazistas nos arredores de Zurique, brasileira admitiu farsa, diz Promotoria
Paula Oliveira, 26, que disse ter sido atacada por neonazistas nos arredores de Zurique, brasileira admitiu farsa, diz Promotoria

"Sim, estou sendo investigado", confirmou Baur à Folha. A Procuradoria de Zurique reconheceu que a investigação dificilmente conduzirá a um indiciamento, pois não há provas de que o autor do vazamento foi um policial.

Na Suíça, violação de sigilo de Justiça por uma autoridade pública é crime. Segundo o jornalista, a consulesa do Brasil em Zurique, Vitoria Cleaver, estava no momento da confissão de Paula. A diplomata, segundo as fontes de Baur, era a única pessoa presente no quarto do Hospital Universitário de Zurique, além dos policiais.

De acordo com o consulado brasileiro em Zurique, o fato da consulesa ter estado ou não durante o depoimento não muda nada no caso. O órgão não confirmou nem negou a informação dada pelo jornalista suíço.

"Nós não precisamos prestar esclarecimentos sobre a declaração dele", disse o conselheiro do Itamaraty Acir Pimenta Madeira Filho, que foi enviado ao país também por causa da repercussão do caso. Segundo ele, o papel do consulado no caso é prestar assistência à família de Paula Oliveira.

Processo penal

Paula Oliveira também é investigada pela Promotoria de Zurique, sob a acusação de ter induzido a autoridade judiciária ao erro. Segundo o promotor suíço de cuida do caso, Marcel Frei, a brasileira pode ser presa por até três anos.

Ela foi enquadrada no artigo 304 do Código Penal suíço, que trata do crime de induzir a autoridade judiciária ao erro. A brasileira não poderá deixar o país durante a investigação, já que a identidade e o passaporte dela foram bloqueados pela Promotoria.

Itamaraty

Ontem, o Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de sua assessoria, que o Itamaraty continuará a prestar assistência à brasileira. Entretanto, o órgão não quis se manifestar sobre as declarações do Ministério Público de Zurique, que divulgou nesta quinta que a jovem teria confessado que mentiu sobre as agressões e sobre a gravidez.

De acordo com o ministério, o consulado brasileiro na Suíça acompanha o processo contra a brasileira e trabalha para garantir que Paula não seja vítima de "nenhuma discriminação, nem de nenhuma ilegalidade".

O Itamaraty informou ainda que aguarda a conclusão das investigações da polícia suíça para se pronunciar formalmente sobre o caso.

Também, nesta quinta, o chanceler Celso Amorim, após reunião no começo da tarde com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não manifestou surpresa com a decisão do Ministério Público da Suíça: "Nós manifestamos nosso desejo que houvesse uma apuração, (...), eles garantiram que haveria apuração e é isso que está ocorrendo".

Amorim diz que o governo brasileiro continuará dando apoio a Paula, que conta com um defensor público suíço. Ela recusou as opções de advogado que o consulado ofereceu.

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