Estava tudo pronto. A Força Aérea Brasileira já havia inclusive preparado o avião que levaria a La Paz o assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia; e o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães.
Reforçada por negociadores colombianos e argentinos, a dupla brasileira tentaria mediar uma negociação que pacificasse a crise que rói as relações do governo de Evo Morales com seus opositores.
Durante o dia, em diálogo telefônico com Lula, Evo aceitara, de bom grado, o envio da missão do chamado Grupo de Amigos da Bolívia, integrado por Brasil, Colômbia e Venezuela. Súbito, veio a contra-ordem.
O presidente boliviano mandou dizer –de modo polido, mas enfático— que não vê necessidade de uma mediação estrangeira. E a viagem dos “amigos” teve de ser abortada na última hora.
A notícia acerca da meia-volta de Evo chegou, primeiro, ao Itamaraty. Depois, aportou no Planalto. Ao ser informado, Lula reagiu com uma ponta de irritação. Em diálogo com um auxiliar, disse que o colega boliviano brinca com fogo.
A recusa do presidente boliviano foi interpretada em Brasília como indicativo de que o discurso pacificador de Evo é apenas retórico.
Passou-se a avaliar que, escorado nos 67% de votos que ratificaram seu mandato em plebiscito, Evo aposta na força pessoal em detrimento da composição com os opositores.
Nesta sexta (12), o Planalto e o Itamaraty planejam retomar o contato com La Paz. Têm, ainda, esperanças de convencer Evo Morales da conveniência de uma arbitragem externa.
Escrito por Josias de Souza às 04h51
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