RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online
O resultado da licitação para a construção da via permanente 2-Verde do Metrô, obra de mais de R$ 200 milhões, foi antecipado pela Folha Online oito horas antes da abertura dos envelopes, ontem, em São Paulo. O nome da vencedora e detalhes do processo foram ocultados em texto sobre a ópera "Salomé", que entrou em cartaz ontem na Sala São Paulo.
A antecipação mostra que a concorrência pode ter sido direcionada, de forma a dar vitória ao consórcio liderado pela Camargo Corrêa. Procurada, a empresa se recusou a falar sobre o assunto.
Reprodução/Folha Online | ||
Em destaque, as palavras cifradas sobre o resultado da licitação, que só seria revelado oito horas depois |
A obra em questão trata da ampliação da linha 2-Verde no trecho de Alto do Ipiranga até Vila Prudente. Hoje essa linha vai da Vila Madalena até o Alto do Ipiranga. Essa expansão é uma das bandeiras políticas da gestão José Serra (PSDB).
As empresas excluídas da licitação irão à Justiça contestar o resultado. Pelo conteúdo dos envelopes abertos ontem, por volta das 9h, o consórcio Camargo Corrêa/Queiroz Galvão apresentou a "melhor" proposta. O consórcio pediu R$ 219,7 milhões para executar a obra --12% acima dos R$ 196 milhões previstos pelo Metrô. A segunda colocada foi a Andrade Gutierrez, que pediu R$ 222,1 milhões. A terceira colocada foi a OAS (R$ 226 milhões).
Para excluir quatro das oito empresas que disputavam a licitação, o Metrô usou um parecer técnico da Ieme Brasil, empresa contratada como projetista da 2-Verde. Ela prestou serviço à Camargo Corrêa. O procedimento é contestado administrativa e judicialmente pelas perdedoras (Galvão/Engevix; Iesa Consbem/Serveng; Carioca/Convap/Sultepa; Tejofran/Somafel).
Pela Lei das Licitações (nº 8.666), a Ieme não poderia participar nem "direta" nem "indiretamente" do processo.
O Metrô informou a exclusão das quatro empresas no "Diário Oficial" do Estado da última terça. Para fundamentar essa decisão, em vez de produzir um parecer próprio, a direção do Metrô usou o que a Ieme fez para a Camargo Corrêa. Ou seja, o Metrô usou o argumento de uma das concorrentes para desclassificar as demais. Para especialistas, o processo foi "contaminado".
Cratera
No último dia 13, a Folha Online antecipou que as construtoras Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e OAS foram consideradas pelo Metrô as únicas aptas a participar da licitação, das que apresentaram proposta.
As demais foram desconsideradas por não cumprir critérios jurídicos ou técnicos.
A escolha dessas construtoras ocorreu em meio à polêmica: elas integram, ao lado da Odebrecht, o consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4-Amarela. Em janeiro de 2007, um dos canteiros de obra da linha ruiu, matando sete pessoas.
As obras para a expansão da linha 2-Verde até a Vila Prudente já começaram.
Colaborou CLAYTON FREITAS, da Folha Online
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28/08/2008 - 00h54
Autor de "Salomé", Richard Strauss teve berço de ouro
Endereço: pça. Júlio Prestes, s/ nº, Campos Elíseos, centro, São Paulo, SP. Classificação etária: 8 anos. | Leia mais no roteiro |
As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações |
RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online
Muitas vezes confundido por leigos com o famoso sobrenome vienense, o alemão Richard Strauss, autor de "Salomé", ópera que será tocada e encenada esta noite na Sala São Paulo, nasceu em berço de ouro musical. Seu pai, Franz, era um virtuose trompista, que tocou com o já então mitológico Richard Wagner. Desde cedo, o pai dirigiu o pequeno Strauss para que o resultado fosse inequívoco. Aos dez anos o menino já era exímio flautista e harpista. Foi educado para ser uma pessoa vencedora.
Para mundana e contemporânea comparação: entre os séculos 17 e 19, os pais que sabiam ser agraciados com pequenos gênios investiam nos rebentos com o mesmo empenho que empresas hoje investem em obras preciosas. Como na Europa não havia, digamos, "licitação" para a contratação de músicos, a ação paterna era dirigida e o resultado, inequívoco.
Foi essa a estratégia dos pais de Mozart e Beethoven, por exemplo. O genitor deste último, inclusive, diminuía a idade do filho criança em dois anos, para que a platéia se impressionasse mais com o talento do precoce pianista e violinista. O resultado: podia ser doce ao pai, mas, aos filhos era eventualmente (sic) amargo.
Já músico prolífico, Strauss reforçou a correia musical tecida pelo mestre Joseph Haydn. Seu auge musical foi longo. A fama do alemão cresceu espantosamente entre seus 22 e 34 anos. Mais tarde, na casa dos 60, já consagrado, deu concertos no Rio e em São Paulo (isso final da década de 20).
Assim como o mestre, Strauss elevou a sinfonia a um nível superior de arte. Deixou obra refinada, que respira, quase uma fotossíntese romântica. Se sua linha melódica tivesse uma cor, seria verde. Já seus poemas sinfônicos, para muitos amantes da música soam tão sólidos como trilho e concreto.
Entre músicos, cantores e toda a equipe de produção, são cerca de 190 pessoas envolvidas na apresentação de "Salomé". Strauss tem milhões de fãs em todo o mundo, mas pouco mais de 4.000 pessoas terão o privilégio de assistir às três récitas, hoje, amanhã e sábado, na Sala São Paulo. Os ingressos, de até 100 reais, estão esgotados.
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Folha Online antecipa nome da empresa que vence licitação de obra do metrô; veja
da Folha Online
O resultado da licitação para a construção da via permanente 2-Verde do Metrô, obra de mais de R$ 200 milhões, foi antecipado oito horas antes da abertura dos envelopes. O nome da vencedora e detalhes do processo foram ocultados em texto sobre a ópera "Salomé", que entrou em cartaz no último dia 28, na Sala São Paulo.
A antecipação mostra que a concorrência pode ter sido direcionada, de forma a dar vitória ao consórcio liderado pela Camargo Corrêa. Procurada, a empresa se recusou a falar sobre o assunto. Veja, neste videocast, em destaque, as palavras cifradas sobre o resultado da licitação, que só seria revelado oito horas depois.
A Folha Online apurou que o Ministério Público já requisitou cópia da reportagem "Folha Online antecipa vitória em licitação de obra do metrô de São Paulo" para abrir um inquérito que irá investigar se houve irregularidade no processo licitatório.
A obra em questão trata da ampliação da linha 2-Verde no trecho de Alto do Ipiranga até Vila Prudente. Hoje essa linha vai da Vila Madalena até o Alto do Ipiranga. Essa expansão é uma das bandeiras políticas da gestão José Serra (PSDB).
As empresas excluídas da licitação irão à Justiça contestar o resultado. Pelo conteúdo dos envelopes abertos ontem, por volta das 9h, o consórcio Camargo Corrêa/Queiroz Galvão apresentou a "melhor" proposta. O consórcio pediu R$ 219,7 milhões para executar a obra --12% acima dos R$ 196 milhões previstos pelo Metrô. A segunda colocada foi a Andrade Gutierrez, que pediu R$ 222,1 milhões. A terceira colocada foi a OAS (R$ 226 milhões).
Para excluir quatro das oito empresas que disputavam a licitação, o Metrô usou um parecer técnico da Ieme Brasil, empresa contratada como projetista da 2-Verde. Ela prestou serviço à Camargo Corrêa. O procedimento é contestado administrativa e judicialmente pelas perdedoras (Galvão/Engevix; Iesa Consbem/Serveng; Carioca/Convap/Sultepa; Tejofran/Somafel).
Pela Lei das Licitações (nº 8.666), a Ieme não poderia participar nem "direta" nem "indiretamente" do processo.
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