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quinta-feira, 10 de julho de 2008

'Estou a espera de um milagre', diz pai de João Roberto



Paulo Roberto enalteceu a postura da mulher, a quem chamou de heroína, e disse que está perdido, sem saber o que fazer da vida

Rio - O pai do menino João Roberto, de 3 anos, - morto por tiros disparados por policiais na Tijuca, Zona Norte do Rio, na última segunda-feira, falou na manhã desta quarta-feira com o jornalista Ricardo Boechat, na Rádio Band News Fm.

Muito emocionado, Paulo Roberto Soares enalteceu a postura da mulher, Alessandra, e disse que está perdido, sem saber o que fazer da vida. "Estou a espera de um milagre que tire essa dor de dentro de mim e consiga me fazer voltar a viver", disse.

Heroína

"É um momento muito difícil, minha mulher está muito transtornada, assim como eu, tivemos um filho de três anos tirados dos nossos braços. Uma coisa descabida que se você contar para qualquer pessoa ninguém acredita".

O pai de João Roberto afirmou que em nenhum momento eles mandam sair do carro.

"Minha mulher é minha heroína, se fosse eu não saberia nem como agir. Ela jogou a bolsa para fora do carro e gritou como toda mãe faria. Se lançou no meio das balas para salvar as crianças. Eu tenho muito orgulho dela. Hoje eu vejo como fui feliz na escolha dessa mulher".

Paulo também rechaçou a tese dos PMs de que estavam em perseguição. "Eu perguntei cadê o outro carro. Se o meu tem vinte tiros como o outro conseguiu fugir? A gente fica olhando para o carro e não acredita que dali saiu um anjinho de nove meses".

Amor pelo Rio e pelo filho

Mesmo com toda a dor do mundo, o taxista desencorajou as pessoas que acreditam que deixar a cidade seja uma solução para fugir da violência.

"Eu não tenho que sair do meu lugar para viver melhor. Quem tem que sair daqui são eles, pessoas mal preparadas, que tiram a vida do próximo como se mata uma barata. Um policial não agiria dessa forma".

Paulo Roberto fala ainda do amor que tinha pelo filho.

"Que covardia que fizeram comigo e minha família. Eu amava muito esse menino. Eu era considerado um pai babão. E isso não me ofendia, muito pelo contrário. Não posso acreditar que vou chegar na minha casa e não ver mais ele. Minha esperança é que isso se reverta para a sociedade. Sei que tem muito policial bom, se a grande maioria não fossem pessoas honestas a gente estaria perdido.

Doação de órgãos

O taxista disse estar contente com a doação das córneas do filho para uma menina.

"Se meu filho morreu e pôde ajudar alguém ela vai continuar a vida dela e ter um pouco de prazer em viver. Agradeço a Deus e quero que eles sejam felizes. Para mim acabou, porque meu filho está morto.

Seu Sérgio Cabral, Seu Secretário, meu filho não pode ter morrido em vão. Eles tem por obrigação fazer alguma coisa para mudar isso. E isso não é executar as pessoas."

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