Pinheirinho foi invadido há 8 anos e abriga cerca de 1.600 famílias.
Desocupação do terreno pode ser feita nesta terça-feira (17).
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Testemunhas disseram que o veículo foi abordado quando passava pela avenida e os passageiros foram orientados a descer. Só então o fogo foi ateado. A liderança do movimento que representa os moradores nega participação no crime.
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Nesta segunda, representantes do Pinheirinho participaram de uma
reunião com a Polícia Militar (PM). Mas a tentativa de adiar o despejo
falhou. Mais cedo, A PM distribuiu panfletos pedindo a saída pacífica do
local, invadido há oito anos.Desde que a ordem de reintegração de posse foi anunciada na semana passada, os moradores começaram a preparar a resistência. Eles estão com escudos, ferramentas e armas improvisadas.
A operação de desocupação da área pode ocorrer a qualquer momento.
Bairro
O terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados foi invadido há 8 anos e pertence à massa falida de uma empresa do especulador Naji Nahas. No local vivem cerca de 1.600 famílias, cerca de 5.500 pessoas, segundo o censo da Prefeitura. Com o tempo, o Pinheirinho se tornou um bairro, com comércios e igrejas.
Ônibus foi queimado em próximo à área ocupada de Pinheirinho, em são José dos Campos (Foto: Roosevelt Cassio/Reuters)
PM está pronta para desocupar área em S.J.dos Campos; famílias prometem reagir
PM cercou toda a área por volta das 3h30 desta terça-feira; as famílias prometem reagir
17 de janeiro de 2012 | 4h 18
Bruno Siffred, do estadão.com.br, e Gérson Monteiro, especial para o Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Deve começar, a partir das 6 horas desta
terça-feira, 17, a ação de reintegração de posse, por cerca de 1.800
policiais militares, boa parte do Batalhão de Choque, incluindo a
Cavalaria e o Canil, na ocupação conhecida como Pinheirinnho, no bairro
de mesmo nome, na zona leste de São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
A área, de cerca de 1,3 mi m², é ocupada irregularmente desde 2004. No
local, há pelo menos 1.600 famílias, totalizando, segundo os moradores,
mais de 5.500 pessoas.
Divulgação
Morador mostra panfleto distribuido pela PM na tarde de ontem
A área do Pinheirinho é ocupada ilegalmente desde
fevereiro de 2004 por uma comunidade de sem-teto ligada ao MTST. O
terreno pertence à massa falida da empresa Selecta, do grupo Naji Nahas.
A liminar da Justiça que determinou a reintegração foi emitida no final
do ano passado pela juíza Márcia Loureiro, da 6.ª Vara Cível. Um pedido
de adiamento da desocupação por 120 dias foi negado na quarta-feira,
11.
No final da noite de segunda-feira, 16, um ônibus de linha municipal,
segundo a polícia, teria sido parado, na Avenida Imperador, por um
grupo de pessoas ligadas à ocupação. Após obrigarem os ocupantes a
descer, os desconhecidos atearam fogo no coletivo. Já as famílias que
ocupam a área do Pinheirinho afirmam que os responsáveis pelo ataque ao
ônibus não são moradores da ocupação. No meio da tarde, a Polícia
Militar, com uso de helicóptero, lançou panfletos sobre o terreno nos
quais pede às famílias que saiam do local pois a reintegração já havia
sido decidida pela justiça e que a corporação "não deseja que haja
nenhum tipo de enfrentamento.
Desde às 3h30, toda a área no entorno do terreno foi
isolada. As ligações landestinas de energia elétrica foram cortadas. O
Sindicato dos Metalúrgicos da cidade emitiu uma nota durante a noite.
"Os moradores já estão em estado de alerta e não deixarão suas casas.
Neste momento, esperamos contar com a solidariedade de toda a população
de São José dos Campos. O Pinheirinho já é parte da cidade e pertence às
famílias sem-teto que há oito anos ocuparam aquela área. Infelizmente, o
prefeito Eduardo Cury e a juíza Márcia Loureiro preferem beneficiar um
especulador milionário a atender ao povo pobre do Pinheirinho", afirmou
na nota o presidente do Sindicato, Vivaldo Moreira Araújo.
Para pressionar as autoridades a entrar em acordo, um
grupo de moradores realizou, no último dia 13, uma manifestação na qual
exibiram capacetes, escudos e armas improvisadas, como pedaços de pau
com pregos. Lideranças da comunidade afirmam que os moradores pretendem
resistir à reintegração. "Isso aqui é a crônica de uma tragédia
anunciada, vai ser como Eldorado dos Carajás", disse anteontem Antonio
Donizete Ferreira, advogado ligado ao Movimento dos Trabalhadores
Sem-teto (MTST), que representou os invasores na Justiça. "As pessoas
estão estocando gasolina nas casas."
Na sexta-feira, 13, pela manhã, foi realizada na sede
municipal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) uma reunião com
representantes do Ministério das Cidades, da Secretaria de Estado da
Habitação, de moradores e lideranças sindicais para tentar chegar a um
acordo que evite a execução da ordem de reintegração da área. A
prefeitura de São José dos Campos não mandou representantes.
O resultado da reunião foi uma proposta na qual o
governo federal se dispõe a dirigir recursos para a compra do terreno,
desde que o município demonstre interesse. Em contrapartida, a
prefeitura teria de declarar a área zona especial de interesse social,
mudando o zoneamento, e apresentar um cadastro atual dos moradores. À
tarde, representantes dos governos federal e estadual foram à prefeitura
apresentar o documento, que foi protocolado. A prefeitura se
comprometeu a analisar a proposta.
A Prefeitura afirmou que vê o problema como uma
questão judicial entre invasores, proprietários e a Justiça. A gestão
indicou que, caso outra esfera do Executivo comprasse a área, não
criaria dificuldades para a regularização. Em 2010, líderes da
comunidade entraram em contato com os governo federal e estadual para
tentar regularizar o terreno. O Estado afirmou que a prefeitura deveria
indicar a área para participação no programa Cidade Legal, o que não
aconteceu. A prefeitura de São José dos Campos realizou o cadastro dos
moradores em 2010. Foram identificadas mais de 1,6 mil famílias, ou
5.488 pessoas. Líderes comunitários dizem que o número de moradores é
maior.
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