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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Luís Inácio Adams em reunião com Lula

Lula confirma Luís Adams como advogado-geral da União

Procurador-geral da Fazenda encontrou-se com o presidente, no Alvorada; posse será nesta sexta-feira

22 de outubro de 2009 | 15h 37


Felipe Recondo e Tânia Monteiro, de O Estado de S.Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou nesta quinta-feira, 22, o convite ao procurador-geral da Fazenda, Luís Inácio Lucena Adams, para que ele ocupe o cargo de advogado-geral da União. Segundo a assessoria da presidência, Adams toma posse no novo cargo na sexta-feira, 23, no Palácio do Itamaraty, em horário ainda a ser divulgado.

Adams reuniu-se com o presidente no Palácio da Alvorada.

Depois da reunião, Adams foi à AGU encontrar-se com José Antonio Dias Toffoli, que deixa o cargo para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF).

Adams era o mais cotado para assumir o cargo, desde que Toffoli foi indicado para o STF.



Este homem foi se encontrar com Lula, o “presidente do B”; trata-se de uma agressão óbvia à República, ao estado de direito e, como é óbvio, à autoridade de Dilma Rousseff

luis-inacio-adams-doisO ministro da Educação, Fernando gugu-dadá Haddad, tinha uma desculpa para se encontrar ontem com Luiz Inácio Apedeuta da Silva, o presidente do B do Brasil: tratar de sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo. Afinal, ele só será o nome escolhido pelo partido na base do dedaço do Babalorixá de Banânia. Embora o tema fosse a Prefeitura, Lula aproveitou, informa Vera Magalhães da Folha de hoje, para fazer cobranças sobre assuntos da administração, como a aplicação do piso nacional dos professores.

Pois bem: gugu-dadá tinha uma justificativa verossímil. Mas me digam: o que fazia o advogado-geral da União — o Adams, da Família Luis Inácio — em reunião com Lula? Informa Vera: “Questionado sobre a realização do encontro no instituto de Lula, Adams disse que sempre que precisa falar com ele vai até lá. ‘Eu procuro mantê-lo informado dos processos que correm e nos quais ele é parte’, afirmou. O advogado-geral da União disse que não há nenhum andamento urgente de processo que justificasse a visita ontem. ‘Era só para atualizá-lo do quadro geral.’”

O lugar de Adams é a rua. E já! Não depois — e sei que não vai acontecer. Nunca antes na história destepaiz um advogado-geral da União manteve “atualizado do quadro geral” um sujeito que é, no que diz respeito à lei, um cidadão comum, sem qualquer poder extraordinário, com quem não cabe dividir questões que digam respeito ao estado brasileiro. Ademais, o Lula indivíduo não é parte de processo nenhum que seja da alçada de Adams. Se é, trata-se do então presidente da República, que era uma figura institucional. Para as questões mundanas, o Apedeuta dispõe, entre outros, do compadre Roberto Teixeira.

Lula é hoje um palestrante, uma espécie, assim, de consultor da iniciativa privada. Já passou há muito a casa do milhão de reais só na base da saliva. Por mais que não lhe seja difícil obter informações privilegiadas — e ninguém é tolo o bastante para achar que ele tenha perdido o controle da máquina —, a ida de Adams a seu escritório é uma demonstração vergonhosa de submissão e sabujice. Trata-se de uma óbvia agressão aos princípios republicanos do estado de direito. O ideal seria que os dois não mantivessem conversas privadas — qual a pauta, afinal? Mas, se Adams já não se continha de tanta saudade, então o Babalorixá de Banânia, que não é autoridade, que fosse ao encontro do advogado-geral, jamais o contrário.

Lula vive repetindo por aí que Dilma só não será candidata em 2014 se não quiser. Trata-se de uma forma oblíqua se sugerir que ela não queira. Esse encontro com Adams é uma prova evidente de que Lula atua para reduzir a autoridade da presidente e deixar claro quem, afinal de contas, se quiser, está no comando.

Como é mesmo? O nome da doença da política brasileira é Luiz Inácio Lula da Silva. Ele faz pouco do estado de direito e se considera acima das instituições. Se Dilma quiser preservar a autoridade deve mandar Luis Inácio Adams para casa. Se não o fizer, abre a porta para o baguncismo em seu governo.

Adams já fez coisas espantosas, é verdade. Uma delas foi justificar a permanência no Brasil do terrorista Ceare Battisti nestes termos: “Há ponderáveis razões para supor que o extraditando seja submetido a agravamento de sua situação, por motivo de condição pessoal, dado seu passado, marcado por atividade política”. Matar quatro pessoas, para Adams, é “atividade política”.

Gente assim mata instituições com a mesma ligeireza com que Battisti matava pessoas.

Por Reinaldo Azevedo

23/08/2011

às 5:53

Haddad, o ministro “Gugu-dadá da Educação”, quer gastar quase R$ 400 milhões para realizar o Enem 2011, mas promete criar 4 universidades federais com R$ 604 milhões!

Tudo saindo como quer Lula — e a tendência é que saia —, Fernando Haddad, ministro da Educação, caminha para ter a seu favor a mais fantástica máquina eleitoral jamais montada na cidade de São Paulo para tentar conduzir um político à Prefeitura. O PT e Lula vão entrar pra valer na campanha. Mas isso já era o esperado. Ocorre que boa parte da imprensa estará junto. Haddad, o leninista limpinho, é o queridinho das esquerdas incrustadas nos jornais, TVs e portais. Haddad é o arquiteto da fabulosa máquina de mentiras do lulo-petismo na educação. E continua a produzir mistificações. Nunca antes na história destepaiz um ministro notório pela incompetência foi tão incensado.

Vamos ver?

No dia 17 de agosto, junto com a presidente Dilma Rousseff, anunciou a criação de mais quatro universidades federais. No Estadão Online, por exemplo, podia-se ler:
“A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem a criação de quatro novas universidades federais - a do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a do Sul da Bahia (Ufesba), a do Oeste da Bahia (Ufoba) e a da Região do Cariri (UFRC), no Ceará. Ao todo, as instituições contarão com 17 campi, sendo 12 novos. O governo prevê que elas iniciem suas atividades até 2014 e deve investir R$ 604 milhões nas instalações.”

Entendi. O lobo muda de pêlo, mas não muda de vício. Então são 17 novos campi, mas novos mesmo são 12 — cinco são velhos. A questão agora é saber quantos alunos serão abrigados, quando o forem, nos novos e quantos ficarão nos antigos. Haddad é um grande mestre da multiplicação de universidades que não existem. É uma pena que nunca se tenha feito um levantamento efetivo, in loco, de todas as instituições inventadas por ele. Por quê:

Até 2010, Lula afirmava ter criado 13 novas universidades federais. Mentira! Com boa vontade, pode-se dizer que foram seis. Na ponta do lápis, apenas quatro. A exemplo do que se viu no dia 17, as “novas” instituições são meros rearranjos, com desmembramentos e fusões, daquela já existentes. E, como se nota, ele continua o mesmo.

No dia 24 de agosto de 2010 — vai fazer um ano amanhã —, publiquei alguns posts sobre a parolagem de Haddad. Em um deles, listava alguns dados sobre as universidades federais, a saber:
- Poucos sabem, certa imprensa não diz, mas o fato é que a taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 - seis anos de mandato de Lula;

- Só no segundo mandato de FHC, entre 1998 e 2003, houve 158.461 novas matrículas nas universidades federais, contra 76.000 em seis anos de governo Lula (2003 a 2008);

- Nos oito anos de governo FHC, as vagas em cursos noturnos, nas federais, cresceram 100%; entre 2003 e 2008, 15%;

- Sabem o que cresceu para valer no governo Lula? As vagas ociosas em razão de um planejamento porco. Eu provo: em 2003, as federais tiveram 84.341 formandos; em 2008, 84.036;

- O que aumentou brutalmente no governo Lula foi a evasão: as vagas ociosas passaram de 0,73% em 2003 para 4,35% em 2008. As matrículas trancadas, desligamentos e afastamentos saltaram de 44.023 em 2003 para 57.802 em 2008;

- Sim, há mesmo a preocupação de exibir números gordos. Isso faz com que a expansão das federais, dada como se vê acima, se faça à matroca. Erguem-se escolas sem preocupação com a qualidade e as condições de funcionamento, o que leva os estudantes a desistir do curso. A Universidade Federal do ABC perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.

- Também cresceu espetacularmente no governo Lula a máquina “companheira”. Eram 62 mil os professores das federais em 2008 - 35% a mais do que em 2002. O número de alunos cresceu apenas 21% no período;

- No governo FHC, a relação aluno por docente passou de 8,2 para 11,9 em 2003. No governo Lula, caiu para 10,4 (2008). É uma relação escandalosa! Nas melhores universidades americanas, a relação é de, no mínimo, 16 alunos por professor. Lula transformou as universidades federais numa máquina de empreguismo.

São dados até 2008. Será que se operou uma revolução em dois anos? Ora… Os números divulgados na quarta-feira dão o que pensar. Haddad anunciou a criação de quatro universidades federais, previstas para funcionar em 2014, com um investimento, no período, de R$ 604 milhões. É mesmo, é? Então prestem atenção ao que vem agora.

Se a criação de quatro universidades federais demandarão R$ 604 milhões, como Haddad explica que A REALIZAÇÃO DO ENEM 2011 ESTEJA ORÇADO EM R$ 372,5 MILHÕES? No ano passado, saiu por R$ 128,5 milhões. O TCU achou tão estranho que mandou parar tudo. Atenção! Petista legítimo que é, Haddad deu um jeito de não fazer licitação. O MEC propôs a transformação do Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), vinculado à Universidade de Brasília, em empresa pública e decidiu contratá-lo, na manha, para aplicar o próximo teste. Foi um truque.

Esse é Haddad. Precisa de quase R$ 400 milhões, sem licitação, para fazer o Enem, mas promete criar quatro universidades federais com R$ 604 milhões.

E como funcionam as novas universidades?
Os potenciais adversários de Haddad deveriam ir até as “novas universidades” para saber como elas funcionam. No dia 25 de agosto do ano passado, publiquei aqui algumas informações. Relembrem:

As fantásticas universidades de Lula, feitas às pressas para que ele possa exaltar o seu desprezo generoso com o ensino universitário, são, na média, um exemplo de precariedade. Em vez de boa parte da imprensa ficar refém do aspismo, deveria apurar como funciona, por exemplo, a Unipampa (Universidade Federal do Pampa), no Rio Grande do Sul. Há quatro anos, divide-se em em instalações provisórias, espalhadas em 10 cidades. Alunos e professores ficam zanzando entre os campi, onde faltam salas e laboratórios.

Funcionam em prédios improvisados a Universidade Federal do Oeste do Paraná (Ufopa), a Federal de Alfenas (MG) e a Universidade federal Tecnológica do Paraná. O mesmo vai acontecer com a Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), que terá campus em Foz do Iguaçu (PR), com projeto de Oscar Niemeyer. Temporariamente, vai operar no Parque Tecnológico de Itaipu.

Outra boa pauta é a Ufersa (Universidade Federal Rural do Semi-árido), no Rio Grande do Norte. Eis aí: é só o rebatismo da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, criada em 1967. O governo quadruplicou as vagas - as vagas! - em quatro anos e prometeu dois novos campi, que só existem no papel. Alunos reclamam que em laboratórios projetos para 20 alunos estão abrigando 50.

Basta ir lá e ver. Como basta pedir ao Ministério da Educação que forneça aqueles números que publiquei aqui ontem. Alguns petralhas se fingindo de educadinhos espernearam: “Cadê a fonte?” Ora, perguntem ao ministro cut-cut da Educação, Fernando Haddad.

Encerro este post apenas
Ainda não terminei. A grande obra de Haddad merece o meu desvelo.

Por Reinaldo Azevedo
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23/08/2011

às 5:51

Dilma quer se livrar de Haddad, empurrando-o para SP. Ou: Trapalhadas do ministro “Gugu-Dadá” já podem ter custado R$ 200 milhões aos cofres públicos

Não é só Lula que quer Fernando Haddad candidato à Prefeitura de São Paulo. Dilma também torce por isso, por motivos distintos. A presidente não o queria na Educação. As trapalhadas no Enem a deixaram agastada com o ministro, mas o Babalorixá de Banânia insistiu, e ela acabou cedendo. A candidatura é uma forma de se livrar do homem.

Estima-se que as sucessivas burradas de Haddad à frente do Ministério da Educação já tenham custado algo em torno de R$ 200 milhões. Algumas se tornaram notórias, como o vazamento das provas do Enem. Ele torrou, por exemplo, R$ 1,8 milhão naqueles absurdos kits anti-homofobia, que foram jogados, apropriadamente, no lixo. Nada menos de R$ 13,6 milhões financiaram aqueles livros de matemática que ensinam que 10 menos sete é igual a quatro. Na primeira semana de junho, auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pelo Enem, determinou que o órgão apure os valores gastos com pagamento de diárias e passagens a servidores e colaboradores durante a reaplicação do exame.

Não terminei, não, com o meu exercício mnemônico sobre a obra de Fernando Haddad. Ele até pode vir a ser prefeito um dia, mas não porque sua biografia de homem público ficará oculta.

Por Reinaldo Azevedo

Luis Inácio Adams, advogado-geral da União, critica Lei da Ficha Limpa e diz que, se fosse ministro do STF, teria liberado Jader Barbalho

Publicada em 27/01/2011 às 23h21m

Ilimar Franco, Carolina Brígido e Francisco Leali

O advogado-geral da União, Luis Inácio Adams/Foto: Gustavo Miranda

BRASÍLIA - Xará do ex-presidente Lula, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, era cotado para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Era. Agora, ele mesmo já se considera fora do páreo. Adams, que próximo à sua mesa conserva uma foto de Lula e outra de Pelé, admite que o parecer enviado pela AGU ao ex-presidente recomendando a permanência de Cesare Battisti não reúne elementos concretos para provar que o ex-ativista seria perseguido na Itália. Há apenas suposições de que isso possa ocorrer, o que seria suficiente para rejeitar a extradição. ( Leia também: AGU triplicou de tamanho nos últimos oito anos )

( Assista a trecho da entrevista )

Em entrevista ao GLOBO, Adams também critica a Lei da Ficha Limpa. Diz que, se fosse ministro do STF, teria liberado a candidatura de Jader Barbalho (PMDB-PA) ao Senado.

O senhor foi cotado para a vaga de ministro do STF. Ainda se considera no páreo?

LUIS INÁCIO ADAMS: Não é cargo para o qual se faça campanha. Mas também não é convite que se recuse. Quando a presidenta me convidou no fim do ano passado para continuar como advogado-geral da União, aquelas especulações do passado se encerraram. A história continuou para cima e para baixo, com especulações. Mas é decisão dela. Minha função é na AGU, e é altamente meritória, sinto-me muito bem nela.

O senhor crê que a presidente Dilma quer nomeá-lo mais tarde para o STF?

ADAMS: Não sei se existe essa possibilidade de ir mais tarde para o Supremo. Acho que ela me quer na AGU. Para mim, isso está claro. Traduz um reconhecimento do meu trabalho. Posso até ter sido vítima do meu sucesso (risos). A AGU assumiu muito a linha de frente em questões difíceis, como Enem, as greves, (a usina de) Belo Monte.

Qual a sua opinião sobre as brigas acirradas entre os ministros do STF?

ADAMS: O Supremo vive uma evidente superexposição, que decorre não só de uma presença da mídia mais constante, mas pelo fato de ter adquirido uma relevância cada vez maior no cenário da República. Ele delibera matérias que estão afetando diariamente o nosso cotidiano. Algema, nepotismo, Ficha Limpa...

Isso justifica que os ministros percam a calma?

ADAMS: Não. Esses eventos são singulares, não é regra. Existe um debate acirrado, e muitas vezes o tom pode subir aqui e ali. Mas, em geral, esse debate tem muito mais a ver com a defesa de convicções. Quando você está defendendo matérias com alcance tão significativo, como por exemplo a Ficha Limpa, eu não acho estranho que o debate às vezes se acirre.

Para o senhor, a Lei da Ficha Limpa deveria ter sido aplicada em 2010?

ADAMS: A lei gera uma série de incongruências. Tem um elemento muito valioso para a República, que é a legislação aprovada não produzir manipulações no resultado do processo político. A retroação tem esse efeito.

Se o senhor fosse ministro do STF, teria liberado a candidatura do Jader Barbalho?

ADAMS: Se eu fosse (ministro), acho que não deveria ser aplicada a lei. Nesse caso, temos um problema sério de retroação que gera consequências não só do ponto de vista jurídico, mas consequências políticas sobre as composições congressuais. Maiorias eventuais podem ser formadas com base nesta movimentação jurídica, para o bem ou para o mal.

O senhor acha que o Congresso aprovou o projeto insuflado pelo clamor popular e o Supremo acabou embarcando?

ADAMS: O Congresso pretendeu responder a uma necessidade da sociedade de moralizar o processo político. A Ficha Limpa, que teve origem popular, tem uma série de problemas que são tão graves quanto os problemas que ela quer resolver. Não quero responsabilizar o Supremo, mas o processo todo. É um processo coletivo. Isso é da natureza democrática. Acho que o STF tem que ter o cuidado de equilibrar muito bem essas decisões de forma a não gerar essa retroação ou esses prejuízos.

O STF aprovou a extradição do italiano Cesare Battisti. Mas, com base em parecer da AGU, o ex-presidente Lula decidiu manter o italiano no país. Existe espaço para a Corte reavaliar a decisão de Lula?

ADAMS: A minha convicção é de que o processo encerrou. A Corte decidiu autorizar (a extradição), mas a decisão seria do presidente da República, que é o chefe de Estado, é quem conduz as relações internacionais do país. A decisão foi ajustada no sentido de que a decisão do presidente se baseia nos tratados internacionais do Brasil. Os ministros Eros Grau e Carlos Ayres Britto afirmaram que o tratado já dá essa discricionariedade ao presidente na cláusula que diz que poderá ser negada a extradição se houver razões ponderadas para supor que ele (Battisti) pode ser perseguido, discriminado ou ter sua situação agravada por razões de raça, sexo, opinião, religião ou por razão pessoal. Porque ele é feio, porque não gostam dele. Ou seja, qualquer razão. E o pressuposto é uma suposição. O tratado trata com suposição, um juízo hipotético, são possibilidades, são análises subjetivas de quem avalia.

Para o presidente do STF, Cezar Peluso, o tribunal não entendeu que Battisti sofreria risco de perseguição.

ADAMS: O Supremo debateu se existia fundado temor, com demonstração. O parecer não insiste no elemento perseguição, mas de agravamento. Segundo o parecer, havia um ambiente hostil a Battisti, e essa hostilidade leva a uma possibilidade, a uma suposição. O fato de os países (Brasil e Itália) terem adotado essa cláusula específica demonstra que também em situações democráticas esse ambiente de hostilidade e de suposição pode existir.

Isso é usual?

ADAMS: Um Estado que é inquestionavelmente democrático, a Suíça, não extraditou (o cineasta) Roman Polanski, que está sendo acusado de pedofilia e era tido como réu confesso. A Suíça não extraditou com base no interesse nacional, um juízo político. O Julian Assange (dono do site Wikileaks) está tendo a extradição pleiteada para a Suécia por estupro. São juízos que os Estados fazem dentro do Direito Constitucional. O STF não tem como fazer juízo político.

O parecer da AGU menciona reportagens, mas não traz prova concreta de que Battisti corre riscos se for devolvido à Itália.

ADAMS: Suposição é um juízo hipotético. Se você for ao dicionário, a suposição admite até imaginação pura. Mas não é o caso. A suposição se faz por elementos, que podem ser frágeis, não importa, qualquer elemento para formar sua convicção. O fato é que a suposição é a convicção daquele que decide.

O senhor acha frágeis os elementos da AGU no parecer?

ADAMS: Acho que são elementos que permitem formar uma suposição. Se o tratado exigisse a demonstração cabal de perseguição, de fato eu não teria como demonstrar, porque não tenho elementos para demonstrar a perseguição. Mas não se trata de demonstrar a perseguição. Trata-se de demonstrar se existem eventos factuais que possam fornecer algum tipo de ilação, algum tipo de suposição sobre o assunto. O presidente tem a autoridade de tomar a decisão final e está fazendo uma suposição no âmbito do tratado.

A AGU produziu parecer contrário à resolução da Anvisa que restringe o comercial de alimentos. A Anvisa se recusou a cumprir e disse que não é obrigada. Isso procede?

ADAMS: A Anvisa não se vincula ao parecer, exceto se ele é aprovado pelo presidente da República. Nesse caso, o parecer não é. Fizemos primeiro uma recomendação e devemos soltar agora um parecer definitivo sobre a matéria.

Se alguém entrar na Justiça contra a Anvisa, a AGU não vai defender a agência?

ADAMS: Não. A AGU não tem como deixar de reconhecer a validade de sua própria posição. A administração não tem como ser defendida nesse caso, porque ela está numa situação de ilegalidade. A Anvisa tem que respeitar essas recomendações. Ela vai ter que se submeter. Tem aspectos absolutamente meritórios na pretensão da Anvisa. Não é esse o problema. Tem de haver um projeto de lei para regulamentar a questão dos alimentos.


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Pai de Luis Inácio Adams, advogado-geral da União, obteve licença para abrir emissora de rádio

Publicada em 15/04/2011 às 23h25m

O Globo

BRASÍLIA - A suspensão de licenças de rádio e TV por suspeita de irregularidades, anunciada em 28 de março pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, excluiu a Fundação Cultural MIR, dirigida por Reinaldo Ignácio Adams, pai do advogado-geral da União, ministro Luis Inácio Adams. Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal "Folha de S.Paulo" , o próprio Paulo Bernardo autorizou a abertura de uma emissora FM educativa pela fundação dirigida por Adams. A portaria autorizando a concessão saiu no Diário Oficial da União de 31 de março, três dias após o anúncio da suspensão temporária das licenças.

Foi outorgada a uma fundação que tem convênio com uma universidade, que vai produzir informações

Ao anunciar nesta sexta-feira que a concessão será mantida, o secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo Lins de Albuquerque, disse que o parentesco é irrelevante e que desconhecia a ligação com o pai do chefe da AGU:

- Não foi dada concessão ao pai do ministro. Foi outorgada a uma fundação que tem convênio com uma universidade, que vai produzir informações.

Manutenção de Adams na Advocacia-Geral da União é gesto de independência de Dilma em relação a Lula

Amigos do blog, pode ser excesso de otimismo de minha parte, mas a confirmação no cargo do advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, no próximo governo é mais um sinal de independência que a presidente eleita, Dilma Rousseff, manifesta em relação à sufocante pressão que vem sofrendo, calada, do presidente Lula — que jurou não se intrometer na formação de seu governo mas não faz outra coisa.

Leia notícia oficial aqui.

Lucena era disparado o candidato preferido de Lula para preencher a vaga existente no Supremo Tribunal Federal desde agosto, quando o ministro Eros Grau se aposentou por ter atingido a idade-limite de 70 anos de idade.

Resolvendo mantê-lo no atual posto, Dilma, obviamente, se voltará para outro nome para o Supremo. Lula certamente tentará interferir também nessa indicação, mas o fato é que Lucena não irá para a mais alta corte do país, como queria o presidente.

Confira o currículo de Lucena.

Dilma já mantivera distância de Lula na escolha de uma figura importantíssima do primeiro escalão de governo — o ministro da Justiça –, que recaiu sobre o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). Cardozo não apenas não era o candidato de Lula, como é alguém de que o presidente desgosta. Cheguei até a escrever um post a respeito, no dia 6 passado.

CARDOZO ACUSOU DE “ABUSO DE CONFIANÇA” O COMPADRE DE LULA

Veja se não tenho razão lendo a matéria abaixo, publicada pelo Estadão a respeito, a cargo da repórter Vera Rosa, da sucursal de Brasília do jornal:

“Cardozo supera resistência e é indicado”

“Procurador e secretário-geral do PT, o deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP) foi confirmado para o Ministério da Justiça do governo Dilma Rousseff, depois de ter amargado longo período de dificuldades de relacionamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo para Cardozo nunca ter conseguido chegar à Esplanada na gestão Lula foi o caso CPEM.

O presidente sempre guardou mágoa do deputado por ele ter vasculhado sua vida e por tentar incriminar seu compadre Roberto Teixeira. Tudo ocorreu em 1993, quando Cardozo integrou a comissão especial criada pela Executiva Nacional do PT para investigar denúncias feitas pelo petista Paulo de Tarso Venceslau, ex-secretário de Finanças de São José dos Campos, contra uma empresa chamada CPEM.

A acusação de Venceslau era grave. Segundo ele, Teixeira propunha a prefeituras do PT contratar a CPEM, sem licitação, para que a empresa prestasse assessoria na área de arrecadação de impostos. Em troca, a CPEM contribuiria com campanhas petistas.

Ao lado do então deputado Hélio Bicudo, que deixou o PT após o escândalo do mensalão, em 2005, Cardozo concluiu que tanto o compadre de Lula como Dirceu Teixeira – irmão do advogado – atuaram em nome da CPEM, vendendo seus serviços.

“Tal comportamento não qualificaria nenhum problema ético, se não fôssemos levados a concluir pelas evidências de que Roberto Teixeira não poderia deixar de saber (…) que os contratos firmados pela empresa CPEM apresentavam graves problemas. Atuou, a nosso ver, inclusive com evidente abuso da confiança de que desfrutava no partido em face da notória relação de amizade que mantém com o presidente de honra do PT”, escreveu Cardozo, em referência a Lula, quatro anos depois da investigação.

Ressentimento. Lula foi inocentado da sindicância, mas nunca perdoou Cardozo. No fim, a cúpula do PT decidiu expulsar o Paulo de Tarso Venceslau, sob a alegação de que ele, ao se dirigir à imprensa, empregou adjetivos que desqualificaram Lula e outros dirigentes petistas.

Integrante da corrente Mensagem ao Partido – a segunda maior tendência no mosaico ideológico do petismo -, Cardozo era cotado para ocupar o Ministério da Justiça em fevereiro, quando Tarso Genro deixou a pasta para se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul. Tarso indicou Cardozo e Dilma, então ministra da Casa Civil, também defendia sua nomeação. Lula, porém, vetou o nome do deputado.

No ano passado, Cardozo redigiu o Código de Ética do PT. O documento define critérios para atuação de filiados, vedando práticas como caixa 2 nas campanhas.”



LAST

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