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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vermes são encontrados em profundidade inédita na crosta da Terra


03 de junho de 2011 05h45 atualizado às 08h55


Esses vermes parecem capazes de sobreviver com níveis muito baixos de oxigênio. Foto: cortesia Universidade de Ghent /BBC Brasil

Esses vermes parecem capazes de sobreviver com níveis muito baixos de oxigênio
Foto: cortesia Universidade de Ghent /BBC Brasil


Pesquisadores encontraram vermes em profundidades na Terra onde antes se acreditava que nenhum animal poderia sobreviver. Descobertas em minas na África do Sul, as espécies de lombrigas podem sobreviver nas águas com temperaturas a até 48 graus e que se infiltram em fissuras localizadas a 1,3 km abaixo da crosta da Terra.

A descoberta surpreendeu os cientistas que, até agora, acreditavam que somente as bactérias unicelulares eram capaz de sobreviver nessas profundidades. Em um artigo publicado na última edição da revista Nature, a equipe de pesquisadores diz que os vermes descobertos são os organismos multicelulares conhecidos que vivem na maior profundidade na Terra.

Os pesquisadores descobriram duas espécies de verme. Um deles é uma espécie nova, que os cientistas batizaram de Halicephalobus mephisto, em homenagem ao personagem de Fausto, de Goethe. O outro é um verme já conhecido anteriormente, com o nome de aquatilis Plectus. Até hoje, apenas organismos unicelulares, como bactérias e fungos, haviam sido encontrados a quilômetros abaixo da crosta da Terra. Acredita-se que a falta de oxigênio impede que outros seres vivos vivam nesses locais.

Surpresa
O mundo subterrâneo é apenas acessível a pesquisadores em um poucos lugares no mundo onde a extração de minérios requer perfurações para atingir profundidades de mais de 3 km. Aproveitando-se de dois lugares assim - as minas de ouro Beatrix e Driefontein, na África do Sul - a equipe internacional de pesquisadores colocou filtros sobre respiradouros pelos quais passam milhares de litros de água.

Normalmente essas amostras apenas contêm bactérias, por issso os pesquisadores ficaram surpresos ao encontrar os vermes. "Tremi quando vi eles se mexendo", disse o microbiologista Tullis Onstott, da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. "Eles se parecem com pequenos redemoinhos negros", acrescentou.

Esses vermes parecem capazes de sobreviver com níveis muito baixos de oxigênio - menos de 1% dos níveis encontrados na maioria dos oceanos, segundo Onstott. A água em que os vermes foram encontrados tem entre 3 mil e 10 mil anos, por isso é pouco provável que os pesquisadores tenham levado os vermes com eles nas minas.

Água de chuva
Os cientistas, por enquanto, acreditam que os animais vieram originalmente da superfície, mas foram levados para baixo da terra nas rachaduras na crosta terrestre pela água da chuva há milhares de anos.

Segundo Gaeten Borgonie, da Universidade de Ghent, na Bélgica, e membro da equipe de pesquisadores, os animais descobertos parecem os pequenos vermes que vivem em frutas podres e na superfície do solo e provavelmente descendem desses organismos. Os vermes na superfície são capazes de enfrentar grandes extremos de temperatura e podem sobreviver ao congelamento e descongelamento e à desidratação e reidratação.

Borgonie acredita que os vermes já têm alguns dos "atributos necessários" para sobreviver a essas grandes profundidades e por isso ele disse não ter ficado tão surpreso pelo fato de que o animal encontrado a profundidade tão grande ter sido um verme. Os autores do estudo disseram esperar encontrar outros animais multicelulares a grandes profundidades na crosta terrestre e já se preparam para novas buscas.







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