Perito do INSS considera idosa de 94 anos apta para trabalhar
Uma moradora de Casa Branca, de 94 anos, tenta se aposentar há quase 10 anos, mas não consegue, pois a perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) acredita que ela ainda pode trabalhar.
Ana Ribeiro da Silva tem dificuldades para andar, o que é agravado por problemas cardíacos, hipertensão e diabetes. Diariamente ela toma vários remédios. Sem condições para pagar R$ 700 por mês em medicamentos e mais R$ 1,3 mil com plano de saúde, ela tenta se aposentar, após trabalhar por mais de 30 anos como cozinheira. “Eu nunca tive preguiça de trabalhar. Só que agora eu não tenho mais condições”, disse.
O filho dela, Acácio Ribeiro, explicou que a mãe pagou a previdência de 1949 a 1980 e, mesmo com tantos anos de contribuição, teve a aposentadoria negada. A última tentativa da família foi o auxilio doença, mas o perito do INSS não concedeu o benefício porque não foi constatada incapacidade para trabalhar. “Que condição ela tem? Com o que essa mulher de 94 anos vai trabalhar?”, reclamou.
Pelas regras da Previdência Social, a aposentadoria por invalidez só pode ser concedida se o contribuinte for considerado pela perícia incapacitado de trabalhar. No caso da aposentadoria por idade, qualquer mulher com mais de 60 anos que tenha contribuído por 15 anos tem direito ao benefício.
No cadastro do INSS da cozinheira só consta a contribuição a partir de setembro de 2009, tempo insuficiente para aposentadoria. O gerente do INSS em São João da Boa Vista, Marcelo Bertoldo Motta, explicou que a idosa ainda tem uma chance, se tiver documentos que comprovem os anos de trabalho como profissional autônoma. “Essa documentação deve ser apresentada em uma agência da previdência para ser analisada”, disse.
Com relação ao auxílio doença, Motta informou que ela pode questionar a decisão do perito e, para isso, a família deve recorrer.
(EPTV Globo)
Há duas semana o Diário acompanhou o caso do mecânico de caminhões da Mercedes-Benz, Edemir Lunardelli, 43, que depois de apresentar problemas na coluna e passar por uma cirurgia, teve o benefício suspenso pelo INSS (Instituto Nacional de Seguro Social).
Depois do prazo estabelecido pela Previdência Social, Edemir marcou uma nova perícia pedindo a revisão do veredicto. O Diário acompanhou mais uma vez.
O trabalhador chegou ao INSS de Santo André portando os laudos e exames necessários. Depois de esperar pelo médico-perito, o contribuinte entrou na sala e cerca de cinco minutos depois saiu com o novo resultado. "Mais uma vez negaram a concessão de benefício", contou Edemir.
Segundo o trabalhador, o médico não justificou a decisão e o orientou a retornar ao trabalho. "Não tenho condições, sinto muitas dores. Além disso, não me aceitam de volta na empresa", disse.
Foi a primeira vez que o trabalhador foi consultado pelo médico-perito em questão, porém, segundo Edemir o exame foi superficial. "Ele mal encostou em mim e sequer olhou todos os exames e laudos, não sei como ele conseguiu decidir tão rápido", desabafou.
Há três meses Edemir não recebe o benefício e vive este impasse. "Não consigo ver uma solução para o meu problema", disse.
TEMPO
Diversos contribuintes reclamam da ‘rapidez' de decisão dos médicos-peritos. Para os trabalhadores, cinco minutos e um exame superficial não são suficientes para um diagnóstico correto. "Esperamos um mês a cada vez que o benefício é negado. Quando retornamos, nos deparamos com a mesma situação: os médicos mal conversam e simplesmente recomendam o retorno ao trabalho", contou a auxiliar de limpeza, Edirene Baptista, 46, que está afastada há oito meses do trabalho depois de um acidente de carro, no qual perdeu parte do movimento da perna esquerda.
"Como eu vou fazer um serviço pesado se ando me arrastando?", questionou.
Os usuários reclamam da falta de diálogo e de atenção dos médicos. "Nem mesmo um médico que já conhece o histórico do paciente receita alguma coisa em tão pouco tempo. Parece que eles já tem a decisão pré-estabelecida", desabafou Edirene.
INSS diz que contribuinte ainda pode recorrer
Em nota, a assessoria do INSS explicou que o segurado ainda pode entrar com um pedido de recurso até o dia 9 de novembro.
O INSS alega que Edemir esteve em auxílio-doença de janeiro de 2005 a agosto de 2008 e que seu benefício não foi suspenso, mas encerrado em uma data previamente estabelecida pela perícia médica do INSS, baseada no histórico natural da doença e no tempo estimado de sua recuperação.
A nota diz ainda que nos últimos meses, Edemir passou por três exames médico-periciais com três peritos diferentes. A última perícia médica foi feita por um ortopedista. O INSS afirma que todos os peritos confirmaram a inexistência de alterações no exame físico.
O Instituto alega que a perícia tem como função verificar se o segurado está ou não em condições de trabalhar e que a saúde geral do contribuinte não é de responsabilidade do INSS.
Sobre a duração das perícias, o INSS diz que cada médico-perito demora o tempo suficiente para avaliar integralmente a capacidade do trabalhador.
O costureiro Euclides Francisco de Paula, 58, teve o auxílio-doença cortado pelos peritos do INSS mesmo após a extração total do estômago devido a um câncer. Com atestados médicos confirmando a incapacidade para o trabalho, o benefício foi cortado em 2005 e três pedidos de reconsideração foram negados.
Em meados de 2005, Euclides teve o estômago extirpado em uma cirurgia para remover um câncer, realizada no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú. Após a cirurgia, o INSS concedeu a ele o seguro-doença, de 23 de setembro de 2005 até o dia 21 de março do ano seguinte. Porém, após o cancelamento, Euclides tentou por três vezes, sem sucesso, a prorrogação do benefício.
O paciente conta que, devido à retirada do estômago, precisa se alimentar a cada duas horas. Os alimentos ingeridos passam direto para o intestino e o costureiro precisa evacuar várias vezes ao dia.
De acordo com ele, o trabalho na confecção demanda uma agilidade que ele já não possui mais, devido à retirada do estômago. “É um trabalho corrido que nem todos conseguem. É preciso fazer um determinado número de peças por hora para não perder o emprego”, afirma Euclides, que consegue ingerir poucas gramas de alimento por refeição e não tem energia suficiente para exercer o ofício.
A falta de energia de Euclides é confirmada em um dos atestados médicos que ele anexou ao quarto pedido de reconsideração — que deve ser analisado na quarta, 7. No documento, o médico Rui Colanzi Filho, do Centro Médico de Fartura, deixa claro que o “paciente não tem mais estômago e apresenta deficiência na absorção de ferro”, o que causa um quadro de anemia crônica. O médico solicita aposentadoria ou auxílio-doença para o paciente, “visto que ele apresenta muito cansaço aos esforços e encontra-se em tratamento sem previsão de alta”.
O médico Ary de Almeida Prado, do Hospital Amaral Carvalho de Jaú (onde Euclides passa por tratamento pós-cirúrgico), também afirma que Euclides “não tem condição para o trabalho”. Porém, nos comunicados emitidos pelo INSS em resposta aos pedidos de reconsideração impetrados por Euclides, os peritos argumentam que “não foi reconhecido o direito ao benefício tendo em vista que não foi constatado, em exame realizado pela perícia médica do INSS, incapacidade para o trabalho ou para atividade habitual”. Os três pedidos de reconsideração julgados improcedentes foram impetrados entre outubro e novembro do ano passado.
Por não acompanhar o ritmo de trabalho, Euclides já não está mais trabalhando na confecção e diz não ter mais dinheiro sequer para sustentar a casa ou adquirir remédios. “O pior é que o perito do INSS que rejeitou a prorrogação do benefício o aconselhou a arranjar outro emprego. Mas quem dá emprego a um homem com 58 anos?”, questiona José Carlos Rodrigues dos Santos, proprietário da Expert Aposentadoria, que presta assessoria para Euclides. Para ele, ninguém acorda às 5h e paga transporte para ir até uma agência do INSS se não necessitar do benefício.
As constantes reclamações dos segurados do INSS quanto à perícia médica motivaram um pedido formal do prefeito de Fartura, José da Costa, emitido na terça, 30, para que os segurados sejam atendidos “com o maior carinho e atenção possível”. No ofício, o prefeito afirma que a carta partiu em virtude dos “critérios médicos periciais que estão sendo adotados” e porque os beneficiados não estão recebendo a atenção dos médicos “que lhes são de direito por lei, por já terem contribuído ao INSS”.
Prezado colega.em resposta ao seu questionamento tenho a salientar, que o senhor deve anexar 03 (três) laudos médicos pertinentes a área da incapacidade do seu cliente e salientar, que o fato de ter o perito do inss afirmar da inexistência da incapacidade, não significa que este é o detentor da verdade. e, que por esta razão, junta outros 03 (três) laudos médicos de profissionais capazes que atestam da sua existência. impugne o laudo com os demais. peça que seja designada nova data de perícia. tive caso semelhante. atenciosamente, themis helena kindlen vicentini
Perito do INSS denunciado a OAB por maltratar
segurados
Beneficiários do Instituto Nacional da Previdência Social (INSS) em Rondonópolis estão sendo tratados pelos seus peritos de forma indigna, "como se fôssemos vagabundos , pedindo esmolas". Denúncia nesse sentido foi encaminhada à Comissão dos Direitos Humanos da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, como forma de "pedido de socorro", pela bancária Nucy da Rocha Sona, que acusa o perito Marcelo Vieira de Lima de tê-la destratado e a atacado psicologicamente, quando ela foi se submeter a uma nova perícia no dia 26 de junho deste ano. A bancária decidiu recorrer à CDH da OAB, porque, conforme afirma, foi tratada com descaso ao denunciar o perito ao Conselho Regional de Medicina, a Ouvidoria do INSS e ao supervisor de Perícias em Rondonópolis, Mário Perrone.
Segundo Nucy, ela fez perícias no INSS de Rondonópolis, onde mora e trabalha, de março a novembro de 2001. Liberada para voltar ao trabalho, teve a doença agravada, entrou de licença de novo e desde março de 2004 passa por perícias. Inconformada com a atitude do médico Marcelo de Lima quando ela foi realizar a perícia marcada para no mês de junho, Nucy decidiu denunciar o tratamento indigno que os beneficiários do INSS em Rondonópolis estão recebendo dos peritos. Sobre as denúncias que fez, as informações que lhe foram repassadas até agora é que o CRM abriu sindicância para apurar o caso, enquanto a Ouvidoria informou apenas que lhe foi concedida uma prorrogação de licença por 90 dias, ignorando totalmente o relato da beneficiária.
Conforme depoimento da denunciante, no dia 29 de setembro, quando compareceu ao INSS para ser submetida a nova perícia, Nucy foi informada por uma servidora, a mando do médico Mário Perrone, que por problemas éticos e técnicos os peritos de Rondonópolis não poderiam atendê-la mais e que ela deveria se dirigir a Cuiabá para resolver o problema. Foi lhe informado também na ocasião que por causa de sua reclamação, o perito Marcelo de Lima não estava trabalhando. Mas ela nega essa versão e garante que o perito continua trabalhando, sim. Diante da negativa de atendimento, ela teve que vir a Cuiabá para ser submetida à perícia.
A Assessoria de Imprensa da OAB tentou ouvir o perito, mas não conseguiu. Na primeira tentativa, ele se negou a informar seu nome completo, sob a alegação que pelo telefone não sabia com quem estava falando. No dia seguinte, foi feita nova tentativa de contato no seu local de trabalho, mas a informação transmitida por uma vacilante servidora do INSS é que o perito Marcelo de Lima tinha ido embora duas horas antes do fim do seu horário de trabalho, no período da manhã. À tarde a agência do INSS de Rondonópolis funciona, mas não atende ao público. E ninguém atende ao telefone.
De posse das denúncias de Nucy, a presidenta da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, Betsey Polistchuck de Miranda, encaminhou expediente à Superintendência do INSS em Mato Grosso, anexando depoimento da beneficiária narrando todos os fatos ocorridos durante a perícia, inclusive abuso e desrespeito, envolvendo o médico Marcelo de Lima. Betsey de Miranda espera que diante da gravidade das denúncias de Nucy a direção do INSS em Mato Grosso tome as medidas cabíveis para evitar a repetição de fatos como os ocorridos em Rondonópolis.
O caminho da humilhação no INSS |
Programa estipula prazo máximo para licença saúde de trabalhador. Mas muitos são obrigados a voltar ao trabalho ainda doentes João Alexandre Peschanski Marcos* tenta erguer o braço direito. Não consegue atender o telefone. Sua esposa segura o aparelho para ele. A tendinite crônica o impede de manter o braço suspenso. É metalúrgico, mas não trabalha há um ano. O médico da empresa, sediada em Salvador (BA), considera que ele não está apto a exercer sua função. Mas Marcos não consegue sequer segurar sua filha recém-nascida nos braços. O perito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) discorda da avaliação do médico da empresa. Segundo ele, Marcos está pronto para voltar ao trabalho. Por isso, em janeiro, apesar de Marcos ter apresentado exames comprovando a tendinite crônica, o INSS lhe deu alta. Quadros clínicos como o dele, disse o perito, não precisam de mais do que seis meses de afastamento. Chegado esse prazo, a alta é automática e os benefícios, como o auxílio-doença, são suspensos. Marcos é uma das vítimas - inexistentes para a assessoria do Ministério da Previdência Social - da Cobertura Previdenciária Estimada (Copes), programa iniciado em agosto de 2005 para supostamente reduzir filas nas unidades de atendimento do INSS, suprimir fraudes na concessão de benefícios e diminuir gastos com as perícias. A Copes, inicialmente chamada Data Certa, é considerada um sucesso pelo Ministério, que afirma ter eliminado 305 mil auxílios-doença indevidos, desde a implementação do programa, e reduzido o número de perícias de 931 mil, em agosto de 2005, para 510 mil em janeiro deste ano. Pelo programa, o auxílio-doença é concedido com prazo determinado de suspensão. O período de benefício, que é estipulado pelo perito, pode variar de alguns dias a dois anos. O trabalhador recebe, no momento da primeira perícia, uma notificação com sua alta programada (Veja nos quadrinhos como a Copes funciona). Sucesso para o INSS, desastre para os pacientes. Sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) consideram a política de alta programada um ataque aos direitos dos cidadãos porque promove o retorno dos segurados ao trabalho, mesmo que não estejam em condições de voltar. Marcos, cujo sustento dependia do auxílio-doença, voltou à empresa após a alta programada, mesmo sem estar curado. Sua condição era tão frágil que foi o médico da empresa o considerou inapto para o serviço. Desde então, ele está afastado de suas funções e aguarda a tramitação burocrática do INSS, na esperança de obter um novo benefício. Enquanto isso, não recebe salário, nem auxílio-doença. "Sou metalúrgico, trabalho com os braços. Como vou me virar? Não sei fazer outra coisa. Posso aprender, com vontade, mas não tenho como pagar um curso para adquirir outro ofício. Voltei ao INSS e me disseram que eu era preguiçoso, como se eu não quisesse trabalhar", afirma. Vítima da empresa Rodrigo* trabalhou dez anos em uma indústria metalúrgica, em Iconha (ES). Um dia, na linha de produção, sentiu uma forte dor na mão e não conseguiu mais mexer os dedos. O médico da empresa diagnosticou Lesão por Esforços Repetitivos (LER), o que não surpreendeu Rodrigo, pois muitos de seus colegas haviam tido a mesma doença. O médico da empresa, apesar de reconhecer que a causa do mal era o ambiente de trabalho, com acúmulo de atividades penosas, não orientou a empresa a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Sem condições de continuar no emprego, Rodrigo foi ao INSS. O perito lhe concedeu quatro meses de afastamento, com auxílio-doença no mesmo valor de seu salário na empresa. No momento da alta, programada, Rodrigo ainda tinha dificuldades para mexer as mãos. Recorreu da decisão da perícia, apresentado uma radiografia e uma ressonância magnética que comprovavam a LER, mas o INSS negou outro benefício. Sem opção, ele voltou à empresa. Um dia após seu retorno, foi demitido. Para Luiz Salvador, da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat), a Copes beneficia as empresas que exploram os trabalhadores. "As pessoas são forçadas a trabalhar de modo excessivo e adoecem. Quando voltam do INSS, o empregador está louco para demiti-las, para contratar pessoas mais jovens e sadias. Cria-se um exército de reserva de mutilados", explica. Para conter os acidentes de trabalho, o advogado sugere que o Ministério da Previdência Social fiscalize as empresas e puna os empregadores que não investem na segurança dos trabalhadores. Em 2004, ocorreram 459 mil acidentes de trabalho, 17,63% a mais do que no ano anterior, segundo dados do INSS, considerados por Salvador abaixo do real. Bem-estar rejeitado No banco onde era caixa, em Santos (SP), Sônia* contava cédulas e digitava horas a fio, quase sem descanso. Até adquirir LER. "Vinha sentindo dores no braço. Nem imaginava que fosse algo sério, mas, um dia, meus dedos travaram", diz. Deu entrada no INSS, onde pediu um benefício por acidente de trabalho, que lhe garantiria mais direitos. Mas o perito que a examinou concedeu um auxílio-doença comum, com alta programada para 90 dias. Sônia procurou seu sindicato, que a orientou a pedir uma reconsideração da alta e uma nova perícia. Nesta, foi reconhecido o acidente de trabalho, mas o INSS rejeitou a conversão do benefício. Hoje, sem condições de trabalhar, ela recebe o auxílio-doença comum. Maus tratos Os sindicatos denunciam as humilhações e os maus tratos aos quais os segurados são submetidos quando vão ao INSS. A bancária Valéria*, de Osasco (SP), chora ao lembrar das perícias pelas quais prcisa passar, periodicamente. Há oito anos ela sofre de uma inflamação crônica nos braços que a impede de trabalhar. "O perito tem muito poder. Há muito descaso. Não é que os médicos gritem, mas eles humilham, pois sabem que a gente depende do que eles decidirem. É a nossa palavra contra a deles. E além do mais, não deixam acompanhantes entrar. Ficam sub-entendendo que não estamos doentes. Dá vontade de chorar", conta Valéria. (Colaborou Luís Brasilino, da Redação) * Os nomes citados na matéria são fictícios, pois todos os entrevistados preferiram não ser identificados. Fonte: http://www.brasildefato.com.br/v01 |
INSS demora 432 horas para dar resposta de exame de 15 minutos
Segurado fez perícia médica no dia 12 de julho, mas o resultado chegou após 18 dias de espera. A Previdência Social deveria ter colocado informação para consulta na central de atendimento 135 no mesmo dia ou enviado pelo Correio
"No dia 27, depois de esperar 15 dias, liguei para a central 135 e a atendente disse que eu deveria aguardar mais cinco dias. Isso é revoltante", desabafou.
Laise trabalhava como gerente de loja de sapato e está desempregado atualmente. Ele já recebeu o auxílio-doença do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por dois períodos e tentava reativar o benefício porque ainda não está bem.
"Passei por três cirurgias no coração e faço tratamento até hoje. Fiz o pedido de reconsideração do benefício negado porque ainda não estou em condições de voltar ao mercado de trabalho", diz o segurado.
Como a resposta não vinha e a central 135 pediu mais tempo para responder, o segurado procurou o DIÁRIO, por e-mail, para contar a sua história e pedir uma orientação.
Para o jornal, o INSS informou que o pedido havia sido negado e que houve um erro de informação na orientação dada pela atendente da central 135.
"Fiquei bastante chateado não só porque negaram o pedido de benefício, mas também pela falta de respeito. O resultado do meu exame deveria ter sido revelado no dia ou quando eu liguei para o 135", diz.
O pedido de reconsideração é um procedimento que o segurado pode usar para contestar a negativa do auxílio-doença.
A solicitação da reconsideração pode ser feita pela internet, pelo telefone ou na própria agência. O prazo legal para pedir a reconsideração é de até 30 dias a partir da data do resultado do exame. O resultado da perícia sai na hora para quem têm carteira assinada. Para quem está desempregado a resposta é enviada por carta
MÉDICO PERITO NEGA BENEFÍCIO A OSTOMIZADO
Minha mãe é colostomizada desde março de 2007. Durante dois anos ela recebeu o auxílio-doença do INSS (2007 e 2008). Porém, em janeiro deste ano, o médico da perícia (que, aliás, foi um grosso insensível) concedeu o benefício somente até março, e o perito de março (que para azar dela foi o mesmo de janeiro) concedeu até maio. Minha mãe perdeu o prazo para agendar nova data, devido a uma infecção intestinal e recorreu a última instância do INSS (só pode recorrer a esta instância uma vez, não importa o motivo). Ontem ela compareceu ao INSS e achou que a médica a tratou mal e mostrou irrelevância quanto ao seu caso. O médico da minha mãe falou que tem vários pacientes que tiveram câncer e são colostomizados e que conseguiram não só o auxílio, como a aposentadoria por invalidez. A diferença é que a minha mãe tem só 48 anos, enquanto estes pacientes dele tem na casa dos 60, 70 anos. Outro fator relevante é que minha mãe foi a um psiquiatra, que diagnosticou depressão. Enfim, queremos recorrer as medidas judiciais cabíveis, e gostaria de saber se você possui algum conhecimento sobre casos como o dela, ou pelo menos, se vc conhece um bom advogado na área. Grata pela sua atenção.
RESPOSTA:
1- A APOSENTADORIA POR OSTOMIA, LAMENTAVELMENTE, DEPENDE DO MÉDICO PERITO.
A LEI EXISTE, MAS O PACIENTE TEM QUE SE ENCAIXAR DENTRO DA VISÃO DO MÉDICO, SE TEM DIREITO OU NÃO.
ESGOTADA A VIA ADMINISTRATIVA, JUNTO AO INSS, CABE:
2- CONTRATAR UM ADVOGADO PREVIDENCIÁRIO, PARA BUSCAR O DIREITO JUNTO A JUSTIÇA FEDERAL, E/OU
DIRIGIR-SE A DEFENSORIA PÚBLICA, PARA CONSEGUIR UM DEFENSOR GRATUITO;
3- NÃO ESQUECER QUE NO LAUDO MÉDICO DEVE CONSTAR O CID DA OSTOMIA E NÃO DO CÂNCER.
4- PARA APOSENTADORIA A IDADE NÃO INTERFERE NO DIREITO.
DESEJO QUE TUA MÃE TENHA ÊXITO EM SUA REIVINDICAÇÃO.
BOA SORTE
Sex, 26 de Outubro de 2007 00:00
No dia 29 de maio último, o médico perito do Instituto Nacional de Seguridade Social INSS, de Patrocínio (MG), José Rodrigues morreu, após ser atingido por um tiro na cabeça. O autor do disparo foi o ex-gari Manoel Rodrigues, de 61 anos.
Após a morte do perito, o monopólio dos meios de comunicação divulgou, enquanto considerou conveniente, sua versão sobre a violência a que têm sido submetidos os funcionários do INSS, especialmente os médicos peritos. Nenhum jornal procurou informações sobre as atividades do médico e sobre Manoel Rodrigues, muito menos sobre os trabalhadores que enfrentam longas filas, ameaças e todas as demais perversidades possíveis.
A nossa equipe de reportagem esteve em Patrocínio, onde visitou o senhor Manoel Rodrigues na cadeia pública da cidade e conversou com diversos moradores.
A via-crúcis a que Manoel Rodrigues estava sujeito ainda é percorrida por milhares de pessoas em todo o país. Após anos de trabalho, como gari na Prefeitura Municipal de Patrocínio, acometido por várias doenças, inclusive neurológicas, ele requereu o auxílio-doença a que tinha direito ao INSS. Manoel Rodrigues recebeu o benefício por mais de um ano e solicitou aposentadoria. Após enfrentar um intenso trâmite burocrático e inúmeras perícias, o médico perito do INSS, José Rodrigues, negou o pedido.
A atuação do perito José Rodrigues já fora denunciada várias vezes e sobre ele ainda pesam inúmeras reclamações.
— Eu sofri um acidente de trabalho e minha perna ficou três centímetros menor após a cirurgia. Depois de dois anos que eu estava afastado, fui fazer a perícia no INSS com o Dr. José Rodrigues e ele falou que não poderia fazer nada por mim, que eu estava forte e que fosse procurar outro emprego. Eu trabalhava de chapa, carregando sacas de café. Ele disse que eu tinha que resolver meu problema com a empresa. Eu voltei para a empresa, mas fui demitido — afirmou o trabalhador Antônio de Assis.
Antônio de Assis foi afastado do trabalho em quatro de janeiro de 2003. Durante cinco meses não recebeu o auxílio-doença, apesar de ter solicitado o benefício. Somente após denúncia em Brasília (DF), o Instituto marcou uma perícia para avaliar sua condição, resultando na aceitação do pedido de auxílio-doença. As dificuldades enfrentadas por Antônio de Assis no posto de Patrocínio, levaram-no a transferir o caso para a cidade vizinha, Patos de Minas.
— Quem criava mais caso aqui era o Dr. José Rodrigues mesmo. Eu falei na denúncia que ia reunir uns 15 aleijados, (gente faltando braço, perna, etc...) para mostrar como ele atuava. Ele não aposentou uma senhora que estava com câncer. Depois que ela morreu é que chegou a carta da aposentadoria. Tem muita gente que perdeu membros e não são aposentados pelos peritos. Como eu vou trabalhar carregando sacos com uma perna maior que a outra? Para o que eu fazia antes eu não sirvo mais e é assim com muita gente — relata indignado Antônio.
João de Assis, irmão de Antônio, também passou pelas mãos do perito José Rodrigues: ele está com problemas no joelho que prejudicam até mesmo o simples ato de andar:
— No meu caso, que estou com o joelho estropiado, eu fazia perícia com os dois médicos. Aí, o Dr.João me dava o auxílio, mas quando eu fazia com Dr. José Rodrigues ele negava sempre. Uma vez fui fazer a perícia com o Dr. José Rodrigues e ele foi me dando 30 dias sem nem me examinar. Aí eu pedi pra que ele examinasse e quando ele olhou a minha situação, me deu seis meses. Se eu não falo nada, ia ter que voltar a trabalhar em 30 dias, sem condição nenhuma.
Segundo João a população da cidade comenta que o perito teria aposentado o próprio filho com 10 salários mínimos porque o rapaz não ouvia direito, apesar de ter feito tratamento no USA e de utilizar aparelho auditivo.
Arbitrariedades cometidas pelo médico perito foram também mencionadas por Francisco de Oliveira, trabalhador na cidade de Patrocínio:
— Eu tenho problemas sérios na coluna. Sempre que ia fazer perícia, o Dr. José Rodrigues negava os meus pedidos. Era muito arrogante, pedia para que fizéssemos vários exames e depois rejeitava os laudos dos outros médicos. Dizia que os exames não provavam nada. Uma vez ele pediu minha carteira de identidade e jogou no chão. Ele sempre tentava humilhar.
Médicos ou bandidos?
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