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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O articulista de uma revistinha oficial a serviço de dois senhores.



Mino Carta



Ou: O “Projeto Minas” elegeu agora até FHC como inimigo?

O dito sociólogo Marcos Coimba — desconheço uma obra sua de referência —, dono do Vox Populi, vem de uma estirpe de servidores. O pai serviu ao governo Collor. Ele serve ao governo federal, petista, e ao governo de Minas, tucano, demonstrando que é um homem sem preconceitos. Como diz o povo, pagando bem, que mal tem? Não se pode dizer que esse rapaz tenha se caracterizado entre nós por ter fundado uma corrente ortodoxa da pesquisa. Mas suas heterodoxias têm sido muito valorizadas ao longo do tempo.

Circula por aí um artigo seu, publicado sei lá onde, que a petralhada já fez o favor de me mandar, em que se podem ler os trechos que destaco em vermelho. Comento em azul.

“O fulcro do problema [do PSDB] é o serrismo, o pequeno, mas loquaz grupo de seguidores do ex-governador José Serra. Como tem um espaço desproporcional na chamada ‘grande imprensa’ e conta com a simpatia de jornalistas nos principais veículos, acaba parecendo maior do que é. Os serristas são poucos, mas fazem barulho.”
Dizem, por exemplo, que sou serrista. Dizem tanta coisa! Não dou a mínima. A rigor, “serrista”, hoje em dia, é todo aquele que não está engajado no tal “Projeto Minas”, para o qual Coimbra chuleia e caseia quando não está lavando e cozinhando para o PT. Faxina ele não faz por uma questão de princípios… Sou do Projeto Reinaldão. Escrevo o que penso. Por ora, Coimbra pode servir a dois senhores, que a vocação é antiga. Se um dia tiver de escolher, ele o fará com a moralidade característica: “Quem está por cima?” Aí ele decide.

Coimbra gostaria de promover uma caça às bruxas serristas na “chamada grande imprensa”. Ele se refere, assim, com certo desdém à dita-cuja porque é colunista da imprensa minúscula, que nunca será grande, uma cartilha que não sobreviveria sem dinheiro público.
(…)
A esse núcleo serrista se agregam outras correntes tucanas igualmente presas ao passado, nenhuma capaz de representar uma opção nova para o Brasil. Seu expoente mais ilustre é Fernando Henrique, que, quando fala da presidenta, insiste em um discurso de rejeição invejosa que perdeu a graça e a inteligência.
Como se nota, Marcos Coimbra, agora, não se limita a atacar apenas Serra. Até FHC virou alvo. Aécio Neves e Antonio Anastasia deveriam puxar a orelha do rapaz. Ele está exagerando. Ou terá chegado a hora de o “Projeto Minas” rifar também FHC? Nota à margem em nome da verdade, embora isso seja dispensável quando se trata de Coimbra: FHC não fez crítica nenhuma ao governo Dilma até agora.

Quem não é serrista no PSDB não tem escolha: ou se submete ou assume publicamente sua discordância. Em outras palavras, contraria o típico peessedebismo de deixar as coisas andar para ver como ficam.
Como se nota, Marcos Coimbra acha que é hora da guerra santa contra os “serristas”. Mas atenção para o que vem agora.

Esta semana, um episodio até cômico ilustra os dilemas tucanos. É pequeno, mas revelador. O PSDB tem, agora no início de fevereiro, seu tempo de propaganda partidária do semestre. É uma janela sempre importante e, agora, ainda mais, por ser a primeira oportunidade de reencontro do partido com a grande maioria da população, somente atingível pela televisão. O natural seria aproveitá-la para aquilo que os marqueteiros chamam reposicionamento. Seria uma boa hora para mostrar-se com a identidade que o partido adotará nos próximos quatro anos. Pois bem, pela insistência do serrismo em protagonizar o programa, o resultado é que ninguém o estrelará. Nem Serra, nem Aécio aparecerão, e só seu presidente e FHC poderão ser vistos. Ou seja, a cara do PSDB continuará a ser a de sempre.
Essa é uma informação, apuro, que Marcos Coimbra recebeu “de dentro”. Segundo se depreende de seu texto, o certo seria o programa ser estrelado por Aécio, alijando Serra, que, seu texto deixa claro, tem de ser eliminado da vida pública, junto com todos os que ele chama “serristas”. Também nesta semana, o deputado Marcos Montes (MGT), do DEM , foi “obrigado” a desistir de sua pré-candidatura à liderança da Câmara porque se considerou que seu pleito sabotava o “Projeto Minas”.

Num dado momento do seu, por assim dizer, artigo, Coimbra vislumbra uma situação que representaria “o caminho certo para um novo fracasso em 2014″ do PSDB. Também vislumbrei isso aqui, por motivos diferentes. Um dos fatores de um possível novo insucesso é gente como Marcos Coimbra, com essa vocação de cortador de cabeças, de Robespierre bem-remunerado de dois senhores. A política brasileira tem de convier com cada tipo…

PS - O Vox Populi é aquele instituto que, no dia 29 de setembro, quatro dias antes da eleição, sustentou que Dilma Rousseff venceria no primeiro turno, com 12 pontos de diferença!!! Só por isso esse senhor deveria passar um bom tempo de quarentena, embaixo da cama, curtindo sua vergonha. Em vez disso, oferece-se como o Savonarola de duas igrejas.

Por Reinaldo Azevedo

Marcos Coimbra e Carlos Augusto Montenegro tentam ultrapassar a vantagem do bando encabeçado por Ideli Salvatti

Marcos Coimbra, dono do Vox Populi (Foto: Nelio Rodrigues)

“É uma dupla que vale por um bando”, comentou um assessor de Carlos Augusto Montenegro, durante o lançamento das candidatutas do dono do Ibope e de Marcos Coimbra, dono do Vox Populi, ao título de Homem sem Visão de Outubro. “O chefe acha que, jogando juntos, os dois podem vencer a trupe encabeçada por Ideli Salvatti”, emendou um assessor de Coimbra, referindo-se aos candidatos que decidiram encarar o HSV como o segundo turno das eleições.

Montenegro e Coimbra entraram na disputa por enxergarem na vitória de Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto a vitória de Dilma Rousseff nas urnas logo no primeiro turno. “Eles estão muito entusiasmado por terem virado candidatos”, contou um pesquisador do Vox Populi, garantindo que, até o fim dessa semana, os dois institutos pretendem lançar uma pesquisa sobre a intenção de voto para o HSV. “Pelo que pudemos apurar até agora, há uma ligeira vantagem do Coimbra, com grande possibilidade de crescimento nas regiões Norte e Nordeste”.

Fernando Pimentel, José Genoino e Osmar Dias avisaram que pretendem impedir a divulgação dos resultados e encomendaram uma pesquisa independente ao Sensus. “O instituto do senhor Clésio Andrade aponta resultados bem diferentes”, ressaltou uma nota divulgada pela assessoria de imprensa do senador paranaense em fim de mandato (“e de carreira”, soprou um amigo de Osmar Dias)

Mais dois craques entraram na briga, leitores-eleitores! Quem será o vencedor? Ou a vencedora? A disputa promete fortíssimas emoções! Outros candidatos estão no aquecimento! Que vença o pior!


LAST

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