Publicada em 10/12/2010 às 16h20m
Isabel BragaBRASÍLIA - Interlocutores do governo de transição informaram nesta sexta-feira que a presidente eleita, Dilma Rousseff, leu as notícias sobre telegramas confidenciais da diplomacia americana que tratam de sua atuação como militante de esquerda durante o regime militar. Segundo os interlocutores, Dilma reagiu com "tranquilidade".
- Ela leu, não fez comentários e demonstrou tranquilidade - afirmou um dos interlocutores que esteve com a presidente na manhã desta sexta-feira.
Segundo documentos aos quais o GLOBO teve acesso, o ex-embaixador americano John Danilovich descreveu, em 2005, a atuação de Dilma, que tomava posse como ministra da Casa Civil.
"Junto a vários grupos clandestinos, Dilma Rousseff organizou três assaltos a banco e cofundou a Vanguarda Armada Revolucionária de Palmares. Em 1969, ela planejou o lendário roubo conhecido como 'Roubo do Cofre do Adhemar", disse ele no telegrama enviado ao Departamento de Estado dos Estados Unidos.
O Embaixador dos EUA no Brasil, Thomas A. Shannon, minimizou nesta sexta-feira os documentos vazados e ressaltou o "longo e positivo relacionamento" que os EUA têm mantido com a presidente eleita do Brasil.
" O governo dos Estados Unidos tem com a presidente eleita um longo e positivo relacionamento "
"O governo dos Estados Unidos não tem qualquer informação que confirme essas alegações. Do contrário, temos com a presidente eleita um longo e positivo relacionamento, que começou em 1992 com um programa de intercâmbio e que continuou durante seus períodos como ministra de Minas e Energia e como chefe da Casa Civil da Presidência. A presidente eleita vem desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento das relações Brasil-Estados Unidos, ajudou a criar o Fórum de CEOs Brasil-EUA, já viajou aos EUA diversas vezes e participou de reuniões com presidentes na Casa Branca. Recentemente, o presidente Barack Obama expressou claramente seu interesse em reunir-se com a presidente eleita o mais cedo possível".
Depois de se tornar ministra, Dilma passou a ser acompanhada de perto pelo governo americano. Danilovitch coloca na ficha de Dilma (três assaltos a banco e o roubo do cofre do ex-governador Adhemar de Barros, de onde teriam sido levados US$ 2,5 milhões, o que a presidente eleita sempre negou ter feito. No processo do Superior Tribunal Militar (STM), de 1970, Dilma é acusada de "assessorar" assaltos, mas não de participar ou planejar as ações.
Além da atuação durante a ditadura, os telegramas revelam que o câncer linfático de Dilma preocupou os EUA. Foram elaborados possíveis cenários eleitorais sem a candidata. A falta de carisma de Dilma e de relações com líderes religiosos na campanha também não passaram despercebidas por Washington.
A presidente eleita passou a manhã na Granja do Torto e deve permanecer em Brasília no final de semana.
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