Presença em canteiros de obras ainda não concluídas marca agenda de final de governo
Depois de esgotar na campanha eleitoral as oportunidades de lançamento de pedra fundamental e início de terraplenagem de obras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou ontem uma nova safra de viagens. Ele esteve no final da manhã em Ribeirão Preto (SP) para dar o "primeiro pingo de solda" na tubulação de escoamento de álcool de cidades da região e de Goiás para usinas de Paulínia e Taubaté.
Até o final do ano e do mandato, Lula terá uma agenda movimentada. Mesmo sem poder concluir obras, ele pretende participar do maior número possível de eventos em canteiros do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A seus auxiliares, o presidente repete que não quer viver a sensação de final de festa.
A agenda inclui viagens especialmente para a Região Nordeste, onde ele não conseguirá entregar as mais importantes obras de infraestrutura de seu governo. Governadores e prefeitos aliados do presidente preparam uma série de homenagens. Não faltarão lágrimas, dizem os auxiliares do presidente.
Lula percorrerá pela última vez no cargo trechos dos canais de transposição das águas do Rio São Francisco, no sertão pernambucano. A água ainda não chegou às comunidades que enfrentam o problema da seca, mas o presidente quer mostrar ao menos seu esforço para concluir as obras.
Além das obras da transposição, o presidente deixa o governo frustrado por não entregar as ferrovias Transnordestina, que ligará os portos de Pecém (CE) e Suape (PE), e a Leste-Oeste, que começa em Figueirópolis, no Tocantins, e termina em Ilhéus (BA).
As viagens de Lula ao Nordeste na reta final de governo se justificam só pelo caráter "sentimental", dizem assessores.
Isso ficará ainda mais claro, segundo eles, numa viagem que Lula fará ao Recife, no dia 29 de dezembro. Ele participará da inauguração de um museu dedicado ao músico Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Lula ainda mantém a promessa de ir a Guaribas (PI), onde lançou o Fome Zero.
PARA LEMBRAR
Alcoolduto foi lançado em 2007
Em maio de 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a Uberaba, no Triângulo Mineiro, para assinar um "protocolo de intenções" para o início das obras do alcoolduto que passará por cidades de Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Lá, ele surpreendeu empresários e prefeitos ao não assinar o protocolo. O Planalto não tinha preparado a proposta.
Três anos e meio depois, o projeto continua na lista de intenções. O que mudou foi o valor estimado para sua construção. Inicialmente, o governo previa gastar R$ 4,1 bilhões. Agora, o gasto estimado chega a R$ 5,7 bilhões.
Como o início da obra estava atrasado, os assessores do governo planejaram para ontem uma "solenidade da solda". Um deles explicou que não era possível realizar, neste caso, mais uma visita para lançar pedra fundamental ou assinar papéis. A
imagem das faíscas de solda dá ideia de obra em andamento, avaliou um auxiliar do presidente.
A obra do alcoolduto ainda vai começar. Na avaliação dos assessores o "ato do primeiro pingo" atende de forma "elegante" à demanda do presidente, que não quer dar mostras de fim de governo e pretende viajar até o último dia de mandato.
Pela tubulação será escoada a produção de etanol de Senador Canedo, em Goiás, até Paulínia, São Paulo. Estão previstos projetos de grupos do setor sucroalcooleiro para a área onde passará a tubulação. A licença ambiental foi emitida em outubro pelo Ibama. Estima-se que até o final de 2011 estará concluído um trecho de Paulínia a Ribeirão Preto. Não há previsão de conclusão total do projeto. /Sphere: Related Content
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