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terça-feira, 30 de março de 2010

'O rolo compressor vem aí. Nem começou', diz Durval sobre escândalo

'Quem tiver sua culpa, que assuma', disse pivô do mensalão do DEM.
'Não estava aguentando mais os achaques do seu Arruda', disse à CPI.

Robson Bonin Do G1, em Brasília


Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do DF, chega à Superintendência da Polícia Federal para prestar depoimento à CPI da Corrupção. (Foto: Marcello Casal Jr/ABr)

Durou pouco mais de 30 minutos o depoimento do pivô do escândalo do mensalão do DEM de Brasília, Durval Barbosa, à CPI da Corrupção da Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta terça-feira (30). Foi a primeira aparição pública de Durval e ele avisou os parlamentares que iria utilizar o direito de permanecer calado durante o depoimento. Durval estava protegido por um habeas corpus do Tribunal de Justiça do DF e não precisou responder às perguntas dos parlamentares.

Antes de concluir sua participação na CPI, Durval deu um recado aos envolvidos no esquema de corrupção do DF. “Se contrariei algum interesse específico, não tenho culpa. O rolo compressor vem aí. Nem começou. E quem tiver sua culpa que assuma. Muita coisa vai acontecer”, afirmou Barbosa, enigmático.



A crise desencadeada com as denúncias de Durval levou à renúncia do vice-governador Paulo Octávio (sem partido , ex-DEM) e à perda do mandato do governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), por infidelidade partidária.

Ameaçado de expulsão do DEM, Arruda deixou a legenda, o que motivou a ação por infidelidade. Ele não recorreu da perda de mandato e, com isso, se livrou de processo de impeachment que poderia lhe tirar os direitos políticos.

Arruda está preso desde o dia 11 de fevereiro na Superintendência da Polícia Federal em Brasília por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de tentativa de suborno a uma testemunha do mensalão do DEM.

Achaques

Durante a sessão da CPI, Durval respondeu de maneira dura ao apelo dos deputados, que pediram para que ele declinasse o direito de permanecer calado. Ele explicou aos deputados que já prestou mais de 40 depoimentos à “instâncias qualificadas”, como Polícia Federal, Ministério Público, por exemplo.

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    Tive coragem de me autoincriminar. Não estava aguentando mais os achaques do seu Arruda, os achaques do seu Paulo Octávio, então tive a iniciativa de me livrar desse mal que estava me corroendo "

Durval respondeu que “a sociedade tem muito mais vontade de ouvir Arruda e Paulo Octávio se explicarem como eu me expliquei. Tive coragem de me autoincriminar. Não estava aguentando mais os achaques do seu Arruda, os achaques do seu Paulo Octávio, então tive a iniciativa de me livrar desse mal que estava me corroendo”, completou.

Diante das declarações de Durval, o deputado Batista das Cooperativas (PRP)partiu para o ataque e criticou Barbosa. “Não acho que o senhor prestou um serviço para o Distrito Federal. Seu papel foi nefasto. Repudio inclusive a sua presença nesse sentido aqui de ficar calado. E se tivesse poder para tal, não aceitaria essa decisão judicial. Discordo dela”, afirmou Batista das Cooperativas.

Ao voltar a responder Batista, Durval disse não querer ser herói. “Nunca tive a intenção de ser herói em nenhum momento. Disse que me autoincriminei. E é grave. É gravíssimo. Quando eu me autoincrimino, não quero ser herói. Agora, se contrariei algum interesse específico, não tenho culpa. O rolo compressor vem aí”, avisou Durval.

O ex-vice governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, disse ao G1 que teve “apenas um encontro com Durval Barbosa em 2008 para tratar de assuntos políticos. Depois não tive nenhum tipo de contato com ele. Jamais houve achaque da minha parte”. O G1 entrou em contato com o advogado do ex-governador Arruda Nélio Machado, e aguarda retorno.

Gravações

As gravações feitas pelo ex-secretário levaram também à renúncia dos deputados distritais Leonardo Prudente (ex-DEM), flagrado guardando dinheiro nas meias, e Júnior Brunelli (PSC), que comandou uma oração após receber um maço de dinheiro de Durval Barbosa.

Nesta segunda-feira (29), o ex-governador se manteve calado durante depoimento na Polícia Federal. Segundo seu advogado, Nélio Machado, o ex-governador ainda não teve acesso à íntegra do inquérito que apura as denúncias de corrupção.

“O Ministério Público sabe tudo. O delegado provavelmente também. E eu só vou permitir que o [ex-]governador se manifeste de forma plena na medida que eu tenha acesso irrestrito à apuração feita até agora. Está faltando tudo. Não tivemos acesso aos vídeos, às perícias”, afirmou Nélio.



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