[Valid Atom 1.0]

quinta-feira, 25 de março de 2010

Anna Jatobá contradiz Nardoni e diz que ele colocou a cabeça para fora da janela para ver Isabella caída


Plantão | Publicada em 25/03/2010 às 18h47m

Flávio Freire

SÃO PAULO - Durante depoimento ao juiz Maurício Fossen, Anna Carolina Jatobá contradisse uma das versões apresentada pelo marido Alexandre Nardoni nesta quinta-feira, no Fórum de Santana. O casal é acusado de matar a menina Isabella Nardoni, em 29 de março de 2008. Horas depois de Alexandre ter garantido que não colocou a cabeça para fora da janela para ver a menina caída no jardim porque estava com o filho no colo, a madrasta da menina deu outras informações a respeito desse episódio, enquanto contava passo a passo o que o aconteceu na noite do crime.

- Assim que entramos no quarto eu vi a janela aberta e uma gota de sangue bem próxima da cama do Pietro. O meu marido foi até a janela, colocou a cabeça para fora, virou-se para mim, já branco e disse 'Carol, a Isabella está lá embaixo' - disse ela, para em seguida contar como foi sua reação.

- Comecei a gritar. Não sei se falei palavrões. Só sei que coloquei o joelho na cama e, quando vi a Isabella lá embaixo, comecei a gritar desesperadamente - disse , afirmando que tanto ela como Alexandre estariam cada um com um dos filhos no colo no instante em que foram até a janela.

Assim como o marido, a madrasta de Isabella Nardoni disse que policiais civis pediram para que ela responsabilizasse Alexandre pela morte da garota. Falando muito depressa e atropelando as palavras, a madrasta disse que, por várias vezes, ouviu de investigadores e também da delegada Renata Pontes 'indiretas' para que ela incriminasse o marido.

Respondendo às perguntas do juiz Maurício Fossen, Anna Jatobá também se emocionou duas vezes durante o depoimento, uma quando lembrou ter encontrado Alexandre chorando horas depois da notícia da morte de Isabella e outra quando foi perguntada como era sua relação com a menina.

A madrasta embargou a voz também quando falou de Isabella.

- Eu tinha ela como se fosse minha filha. Nas férias, ela nem queria ir para a casa da minha sogra, queria ficar no nosso apartamento. A relação dela com o pai era de muito carinho.

Anna Carolina Jatobá contou outros detalhes a respeito da noite do crime e por várias vezes o Fossen pediu que ela fosse mais breve. O depoimento, no entanto, foi definitivamente marcado pela tentativa da ré de desqualificar o trabalho da polícia.

- Eles queriam que eu falasse que foi o Alexandre. A doutora Renata me disse várias vezes que ele tinha cara de psicopata. Os investigadores davam indireta, como eu era estudante de Direito, perguntavam se eu tinha noção de como era uma cadeia - disse ela, que por várias vezes foi interpelada pelo juiz para que falasse pausadamente.

Dando continuidade à conversa que teve com os policiais no dia seguinte ao crime, ainda no apartamento do Edifício London, Anna Jatobá disse que teria ali mesmo afirmado que não faria qualquer tipo de confissão.

- O senhor não vai tirar de mim o que não sei. Não vou falar o que não presenciei - disse ela.

O juiz também quis saber como era a relação do casal. Anna Jatobá admitiu que os dois brigavam muito até o nascimento do primeiro filho.

- Antes do nascimento do primeiro filho, eu discutia bastante com ele, gritava muito. Eu brigava direto, mas não como se fala por aí. Nunca ele partiu para cima de mim nem eu para cima dele. Eu só xingava - disse ela que também foi questionada sobre sua relação com a mãe de Isabella.

Anna Jatobá chegou a dizer que as duas trocavam mensagens via internet entre 2003 e 2004 quase todos os dias para falar sobre Alexandre e outros vários assuntos. Fossen quis saber se as duas já tinham brigado alguma vez.

- Sem briga, mas ela vivia me infernizando a vida. Ela me falava que mandava mensagem para ele (Alexandre) e eu achava isso absurdo. Teve um dia que fomos buscar a Isa e o Alexandre nos colocou frente a frente. Nós começamos a discutir, mas foi uma coisa rápida - disse.

Após uma pausa no júri, Anna Carolina Jatobá será interrogada pela acusação e pela defesa.




Andréia Henriques - 25/03/2010 - 19h05

O jurista Luiz Flávio Gomes, que vem acompanhando todo o julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá afirmou que eles ainda não caíram em nenhuma contradição relevante. Os dois são acusados de matar a menina Isabella Nardoni, então com 5 anos, atirada da janela do apartamento em que o casal morava.


Os dois negaram em depoimento realizado nesta quinta-feira (25/3) que tenham matado a menina, no dia 29 de março de 2008. Nesse momento, Anna Jatobá, que já respondeu às perguntas feitas pelo juiz Maurício Fossen, que preside a sessão, está sendo questionada pelo promotor Francisco Cembranelli.

Segundo Luiz Flávio Gomes, que já foi juiz do Tribunal do Júri por cinco anos, Alexandre negou o crime de forma mais enfática. "Já a negativa de Jatobá é longa, minuciosa e ansiosa", diz Luiz Flávio. Anna Jatobá, em seu depoimento, fala de maneira rápida,muitas vezes interrompendo até o juiz Maurício Fossen.

Durante o depoimento de Alexandre Nardoni, a defesa usou a animação feita pela poícia científica —que seria utilizada por Cembranelli na fase de debates—, que mostra como teria ocorrido o crime. Alexandre falou que o vídeo era totalmente mentiroso. "Filminho mentiroso, não sei de onde tiraram essa história", afirmou Alexandre.

Luiz Flávio Gomes acredita que a fase dos debates já foi claramente confirmada no decorrer do julgamento até agora. "A acusação vai focar nas forças dos indícios. E a defesa na negativa de autoria", diz o ex-juiz.



LAST





Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters