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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sem alarde, Lula deve manter Cesare Battisti no Brasil


E TARSO VOLTA A AGREDIR A ITÁLIA

quinta-feira, 19 de novembro de 2009 | 22:30

Tarso Genro, o ministro da Justiça, só pode ser superado por Tarso Genro. Concedeu uma entrevista hoje em que, aparentemente muito ponderado, afirmou que a decisão de Lula sobre Cesare Battisti é solitária; que, qualquer que seja ela, não será uma derrota para ninguém, nem pra ele próprio, que concedeu o refúgio, nem para o Supremo, que o considerou inválido. Poderia ter ficado nisso. Mas, aí, não seria Tarso Genro.

Como se ainda não tivesse ofendido o bastante um país amigo, Tarso disse achar que alguns ministros italianos querem “se vingar” de Battisti… Isto mesmo: ele usou a expressão “vingar-se”. E, delicado, fez a ressalva: “Não é o Estado italiano, mas os ministros”.

Tarso acredita que ofender gratuitamente o governo de um país não ofende o estado. Pergunto: quando ele pôs em dúvida a decisão do Judiciário italiano; quando ele pôs em dúvida a capacidade de a democracia italiana manter um preso em segurança, ele estava ofendendo o governo ou o Estado?

Trata-se de mais um agressão cretina e inaceitável.

E agora cabe uma questão. Este senhor é defensor da revisão da Lei da Anistia no Brasil. Aqueles que ele chama “torturadores” não foram sentenciados. De fato, foram beneficiados, a exemplo dos terroristas do outro lado, pela tal lei. Não obstante, ele quer revê-la. Por senso de Justiça ou por vingança?

No Brasil, sem que haja lei para tanto, Tarso quer punir seus inimigos. Mas quer proteger um amigo de fé, irmão, camarada, das leis democráticas da Itália. Em matéria de sandice, ele é insaciável.

El Tribunal Supremo autoriza la extradición de Battisti

  • El caso sigue abierto esperando otra votación sobre el alcance de la decisión

El presidente del Tribunal Supremo de Brasil autorizó la extradición de Cesare Battisti, un ex militante de la extrema izquierda italiana reclamado por la justicia italiana por cuatro cargos de asesinato.

La decisión fue tomada después que el tribunal aprobó por cinco votos a favor y cuatro en contra, el envío a Italia del extremista de izquierda, acusado de cuatro asesinatos. Battisti se encuentra actualmente en huelga de hambre en protesta por los procedimientos de extradicción.

El voto definitivo fue del presidente del Tribunal Supremo, Gilmar Mendes, quien consideró que los asesinatos que se le imputan a Battisti, detenido en Brasilia, fueron "crímenes comunes" y no "políticos".

En Roma, el ministro italiano de Relaciones Exteriores, Franco Frattini, reaccionó de inmediato expresando su "gran satisfacción" por la decisión del tribunal.

No obstante, el caso sigue abierto, pendiente de otra votación de los magistrados sobre los alcances de la extradición.

Una larga historia

Battisti, de 55 años y preso en una cárcel en Brasilia, fue miembro del grupo Proletarios Armados por el Comunismo (PAC), un brazo de las Brigadas Rojas, la banda armada más activa durante la ola de violencia política que sacudió a Italia hace cuatro décadas.

En 1993, el ex activista fue juzgado en ausencia por un tribunal italiano que lo halló culpable de los asesinatos de dos policías, un joyero y un carnicero, ocurridos entre 1977 y 1979.

Después del voto de Mendes, el STF interrumpió la sesión para un descanso y cuando la reanude, los magistrados se manifestarán sobre el carácter de la extradición, en concreto si la decisión de hoy tiene carácter "obligatorio" para el presidente de la República o es sólo una "autorización".

En caso de que el Supremo defina la extradición aprobada hoy como una "autorización" al presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quedará en manos del jefe del Estado decidir si acata el fallo y entrega a Battisti a las autoridades italianas o si lo acoge como asilado en Brasil.

Battisti fue detenido en marzo de 2007 en Río de Janeiro y recluido en la penitenciaría de Papuda, en Brasilia, donde permanece pese a que en enero pasado el Gobierno brasileño le concedió el estatus de refugiado político.

La solicitud de refugio fue rechazada inicialmente por el órgano oficial que decide sobre esos asuntos, pero aprobada posteriormente por el Gobierno bajo la presunción de que Battisti puede ser objeto de una "persecución política" en su país.

La concesión del refugio desató una tormenta diplomática con Italia, que a modo de protesta llegó a retirar a su embajador en Brasil durante un mes.

Desde el pasado fin de semana que Battisti se encuentran en huelga de hambre para evitar que se le extradite a Italia. El martes, fue visitado por un grupo de congresistas brasileños de izquierda, uno de los cuales dijo que el detenido está dispuesto a morir antes que regresar preso a su país.



EM CARTA A LULA, BATTISTI AFIRMA QUE AÇÕES TERRORISTAS FIZERAM UMA ITÁLIA MELHOR. PARABÉNS, MINISTRO MARCO AURÉLIO!!!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009 | 15:57

Já escrevi aqui, e é fato, que o caso Battisti, em si, não chega a ser um botão quente, não é? Se as oposições tivessem a coragem de levar o homicida à televisão, e também as suas vítimas, a coisa talvez fosse diferente. Mas não o farão. Defendo a extradição porque acho que lugar de assassino é na cadeia. É questão simples. E, claro, pesa o asco que tenho pela canalha terrorista.

Battisti enviou uma carta a Lula, tornada pública. Espero que o ministro Marco Aurélio de Mello a leia com atenção para perceber a canalhice intelectual e moral com a qual está colaborando. Dos demais que decidiram que Lula é César, não espero grande coisa — nem mesmo uma leitura percuciente do texto.

A impostura segue abaixo. No começo do caso, Battisti fazia questão de se apresentar como alguém que tinha renunciado à política, que se ocupava agora da natureza, dos passarinhos e de assuntos morais. Mais: apresentava-se como um arrependido. Dado o andamento das coisas, voltar a ser um “político” passou a ser útil. Na carta a Lula, ele se apresenta como um utopista e, atenção, SUSTENTA QUE AS AÇÕES TERRORISTAS AJUDARAM A CRIAR UMA ITÁLIA SOCIALMENTE MAIS JUSTA. É claro que ele não chama terrorismo de “terrorismo”. O país teria melhorado, diz ele, em razão do sangue dos “companheiros” que tombaram. Sobre o sangue de suas vítimas, ele nada diz. Pulha!

Às vezes, sinceros amigos meus me dizem: “Você é muito duro; não se exponha tanto”. Perdão! Não consigo! O que vai abaixo é a mais descarada, safada e vigarista defesa do TERRORISMO. E Battisti defende o terrorismo para deixar claro que seus atos foram “políticos”. E, dada a seqüência, o crime político parece alguma coisa mais doce e melhor do que o crime comum.

Parabéns, ministro Marco Aurélio — e note que só me refiro ao senhor, uma deferência. O senhor se torna signatário desta rara peça de moral humanista. Aprendemos que o sangue do crime político é mais barato. E pode ser libertador, não é? Segue íntegra da carta.

*

“AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
SUPREMO MAGISTRADO DA NAÇÃO BRASILEIRA

AO POVO BRASILEIRO
“Trinta anos mudam muitas coisas na vida dos homens, e às vezes fazem uma vida toda”.
(O homem em revolta - Albert Camus)

Se olharmos um pouco nosso passado a partir de um ponto de vista histórico, quantos entre nós podem sinceramente dizer que nunca desejaram afirmar a própria humanidade, de desenvolvê-la em todos os seus aspectos em uma ampla liberdade. Poucos. Pouquíssimos são os homens e mulheres de minha geração que não sonharam com um mundo diferente, mais justo.

Entretanto, freqüentemente, por pura curiosidade ou circunstâncias, somente alguns decidiram lançar-se na luta, sacrificando a própria vida.

A minha história pessoal é notoriamente bastante conhecida para voltar de novo sobre as relações da escolha que me levou à luta armada. Apenas sei que éramos milhares, e que alguns morreram, outros estão presos, e muito exilados.

Sabíamos que podia acabar assim. Quantos foram os exemplos de revolução que faliram e que a história já nos havia revelado? Ainda assim, recomeçamos, erramos e até perdemos. Não tudo! Os sonhos continuam!

Muitas conquistas sociais que hoje os italianos estão usufruindo foram alcançadas graças ao sangue derramado por esses companheiros da utopia. Eu sou fruto desses anos 70, assim como muitos outros aqui no Brasil, inclusive muitos companheiros que hoje são responsáveis pelos destinos do povo brasileiro. Eu na verdade não perdi nada, porque não lutei por algo que podia levar comigo. Mas agora, detido aqui no Brasil não posso aceitar a humilhação de ser tratado de criminoso comum.

Por isso, frente à surpreendente obstinação de alguns ministros do STF que não querem ver o que era realmente a Itália dos anos 70, que me negam a intenção de meus atos; que fecharam os olhos frente à total falta de provas técnicas de minha culpabilidade referente aos quatro homicídios a mim atribuídos; não reconhecem a revelia do meu julgamento; a prescrição e quem sabe qual outro impedimento à extradição.

Além de tudo, é surpreendente e absurdo, que a Itália tenha me condenado por ativismo político e no Brasil alguns poucos teimam em me extraditar com base em envolvimento em crime comum. É um absurdo, principalmente por ter recebido do Governo Brasileiro a condição de refugiado, decisão à qual serei eternamente grato.

E frente ao fato das enormes dificuldades de ganhar essa batalha contra o poderoso governo italiano, o qual usou de todos os argumentos, ferramentas e armas, não me resta outra alternativa a não ser desde agora entrar em “GREVE DE FOME TOTAL”, com o objetivo de que me sejam concedidos os direitos estabelecidos no estatuto do refugiado e preso político. Espero com isso impedir, num último ato de desespero, esta extradição, que para mim equivale a uma pena de morte.

Sempre lutei pela vida, mas se é para morrer, eu estou pronto, mas, nunca pela mão dos meus carrascos. Aqui neste país, no Brasil, continuarei minha luta até o fim, e, embora cansado, jamais vou desistir de lutar pela verdade. A verdade que alguns insistem em não querer ver, e este é o pior dos cegos, aquele que não quer ver.

Findo esta carta, agradecendo aos companheiros que desde o início da minha luta jamais me abandonaram e da mesma forma agradeço àqueles que chegaram de última hora, mas, que têm a mesma importância daqueles que estão ao meu lado desde o princípio de tudo. A vocês os meus sinceros agradecimentos. E como última sugestão eu recomendo que vocês continuem lutando pelos seus ideais, pelas suas convicções. Vale a pena!

Espero que o legado daqueles que tombaram no front da batalha não fique em vão. Podemos até perder uma batalha, mas tenho convicção de que a vitória nesta guerra está reservada aos que lutam pela generosa causa da justiça e da liberdade.


A tese ridícula de Tarso Genro

quarta-feira, 18 de novembro de 2009 | 15:50

Gilmar Mendes dá agora um direto no fígado do mérito técnico da justificativa de Tarso Genro para conceder o refúgio. O ministro da Justiça alegou que a condenação de Battisti derivou da delação premiada, expediente que ele considerou, vejam que coisa, de exceção, típica dos anos de chumbo. Assim, a delação premiada enfraqueceria as evidências contra Battisti.

Mendes foi cruel, mas técnico, com o saber jurídico de Tarso Genro. A delação premiada existe nas leis brasileiras!!! Está lá, no parágrafo 4º do artigo 159 do Código Penal, a saber:

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Acrescentado pela L-008.072-1990) (Alterado pela L-009.269-1996).

E não só ali. O expediente também consta da Lei dos Crimes Hediondos, da Lei do Crime Organizado, da Lei de Proteção às Testemunhas, entre outras.

Será que isso caracteriza que o Brasil vive uma regime de exceção?

A tese é ridícula.


MENDES DESMORALIZA TESE DE CRIME POLÍTICO

quarta-feira, 18 de novembro de 2009 | 15:37

O presidente do STF, Gilmar Mendes, lê o seu voto sobre o caso Cesare Battisti. Não sobra pedra sobre pedra da tese do “crime político”. Além de descaracterizar, legalmente, tal avliação, fez uma indagação retórica que, reconheçamos, joga no ridículo tal hipótese. Pergunta ele: “O assassinato de Chico Mendes foi político? O assassinato de Dorohy Stang foi político? O assassinato de Martin Luther King foi político?” Os executores de todas essas pessoas poderiam alegar divergência de natureza ideológica? Ora, é inegável que, em todos esses casos, havia uma motivação também política, não? Isso muda a natureza COMUM do homicídio que praticaram? No mérito, digamos, moral, o voto está dado. Mendes começa agora a avaliar a concessão do refúgio propriamente.


BATTISTI EM GREVE DE FOME? INFELIZES FORAM SUAS VÍTIMAS, QUE MORRERAM SEM QUERER

domingo, 15 de novembro de 2009 | 6:17
A PIRA HUMANISTA - O jovem Virgílio, minutos antes de morrer carbonizado, vítima de um atentado terrorista praticado por Achille Lollo, que hoje vive livre, leve e solto no Rio

A PIRA HUMANISTA - O jovem Virgílio, minutos antes de morrer carbonizado, vítima de um atentado terrorista praticado por Achille Lollo, que hoje vive livre, leve e solto no Rio

O senador José Nery, do PSOL, afirma que o homicida Cesare Battisti entrou em “greve total de fome”. O que é greve “total”? Na forma tradicional do protesto, a pessoa ingere líquidos, o que prolonga a sua vida. Sem líquidos, a morte chega antes. Seria isso? Bem, dizer o quê? No ensaio O Mito de Sísifo, Albert Camus diz que a o suicídio é a única questão filosoficamente relevante. Decidir se permanecemos ou não vivos acaba condicionando uma porção de outras escolhas. Não concordo exatamente com a tese, embora seja uma sacada interessante.

Como cristão, abomino o suicídio, mas, democrata que sou, acredito que seria uma violência proibi-lo. Se Battisti quer… Chato mesmo foi o destino daqueles que ele matou. Aquelas pessoas não queriam morrer. Se o terrorista apagar em razão da greve de fome, terá sido a primeira morte voluntária com a qual ele se envolveu. Todas as outras se deram a despeito da vontade das vítimas.

Battisti estaria, assim, fazendo um apelo ao presidente Lula. É mesmo? Só uma coisa: se os familiares de suas vítimas também fizerem greve de fome, o presidente brasileiro teria, então, de decidir entre a pressão de uns e de outros. Nesse caso, qual seria a saída mais moral: atender à reivindicação daqueles que tiveram sua vida destroçada por Battisti ou daquele que destroçou vidas? É claro que tenho minhas dúvidas sobre a escolha de Lula… Esse tipo de vigarice moral, ética e intelectual diz bem quem Battisti continua a ser.

Ver o PSOL metido nessa história não chega a me estranhar. Um dos homens que ajudaram a criar o partido é o italiano Achille Lollo. Trata-se de um terrorista italiano que, em 1973, despejou gasolina sob a porta de um apartamento, na Itália, onde estavam um gari, sua mulher e seis filhos. Ateou fogo. Morreram uma criança de 8 anos, Stefano, e seu irmão mais velho, de 22, Virgilio. O gari era de um partido neofascista. Como Lollo não gostava do fascismo, então ele resolveu incendiar crianças, entenderam? Um verdadeiro humanista!!!

Num debate, certa feita, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), tive a chance de lembrar a um deputado do PSOL, Ivan Valente (SP), as relações de seu partido com aquele outro “valente”. Leiam depois. O post está aqui.

Lollo mora hoje no Rio. Ajudou a criar o PSOL — os psolistas, psolianos ou psolentos (não sei como chamá-los) dizem que ele apenas ajudou a fazer o site do partido. Sei. Vai ver ele se encontrou com membros do partido, casualmente, na praia…

Lembro aqui o caso Lollo porque gosto de evidenciar como se comportam esses sofridos humanistas da esquerda. Battisti vai fazer greve de fome até o fim? À sua maneira, se acontecer, terá encontrado um destino mais justo do que o de Lollo, que, todos os dias, tem a chance de olhar para o alto e ver o sol iluminando o Cristo Redentor. E duvido que sua consciência lhe cobre alguma coisa. Afinal, como diriam alguns, eles cometeu “crime político”, não é mesmo?

Lollo? Battisti? Que esses caras vão para o diabo que os carregue. Na foto acima, vemos Virgilio momentos antes de se abraçar a seu irmão de oito anos para morrerem, ambos, carbonizados. E tudo porque Lollo queria mudar o mundo… Essa gente me provoca asco. E os que os apóiam não são menos asquerosos.



SUPREMO: UM DIA PATÉTICO

quinta-feira, 19 de novembro de 2009 | 6:01

Poderia começar afirmando que o Supremo Tribunal viveu ontem um dia triste. Mas foi mais do que isso. Conheceu todas as tonalidades do patético. Quando pensei que o ministro Ayres Britto já tinha conseguido atingir o sublime às avessas, veio Eros Grau em seu socorro, pedindo passagem, tarefa sempre facilitada no seu caso, e mandou ver: “Deixe comigo! Eu posso fazer melhor e conheço com mais pertinência os rigores do ridículo”. E idéias um tanto estranhas, parte delas francamente incompreensível (volto a este ponto no post abaixo deste), saíram daquele emaranhado singular — não menos emaranhadas, não menos singulares.

Comecemos de trás para a frente, por aquilo que foi decidido, ou não foi, e depois pensemos um pouco nas motivações. Descobrimos ontem que, para cinco ministros do STF, a Casa deve se confundir com um Grêmio Lítero-Musical, que também pode produzir, sei lá, sonetos, madrigais e aconselhamentos. De literatura, vai bem. Volta e Meia, Britto solta lá um Fernando Pessoa e, desconfio, dada a anemia poética de certas imagens, coisas que saem de sua própria cachola. Eros Grau já se aventurou, viajante inverossímil, pelos caminhos ignotos — e, no caso de sua prosa, também sonoros — da literatura erótica.

Para os ministros Carmen Lúcia, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio, Eros Grau e Ayres Britto, uma das funções do Supremo Tribunal Federal é, parece, aconselhar o presidente da República. Isto: o tribunal seria uma espécie de assessoria do Executivo. Cabe agora a Lula JULGAR a decisão dos ministros e decidir se cumpre ou não o que foi decidido.

Já expus aqui em detalhes por que acho que a concessão do refúgio a Cesare Battisti foi descabida. Os próprios ministros que votaram a favor da extradição se encarregaram de desmoralizar aquele texto esdrúxulo, ridículo mesmo, de Tarso Genro, que arrogou para si a condição de Corte Revisora da Justiça Italiana. A serem políticos os crimes de Battisti, qualquer indivíduo pode sair por aí a matar autoridades e a alegar que está descontente com o ordenamento social, político e jurídico do Brasil. Trata-se da mais pura, rasgada e evidente vigarice intelectual.

Compreendo que os quatro ministros que votaram contra a extradição tenham, vá lá, tentado tirar do STF o poder de decisão. Posso não achar intelectualmente maiúsculo, mas compreendo. Agora, o que dizer de Ayres Britto? Ele concorda que a concessão do refúgio foi descabida, que os motivos alegados por Tarso Genro são impróprios, mas delega ao presidente a decisão?

Se, por cinco a quatro, o refúgio a Battisti foi considerado impróprio, refugiado, então, ele não é. Sobre isso, não resta dúvida. Não sendo refugiado e estando preso no Brasil por causa dos crimes comuns que cometeu, ele é, então, o quê? O Brasil está se tornando craque em inventar instâncias novas entre o certo e o errado. Agora há o acerto, o erro e as jabuticabas inventadas pelos gênios brasileiros. Vejam lá o Zé Mané Zelaya na nossa embaixada em Honduras. Não está como asilado, refugiado ou sei lá o quê. É nosso “hospede”. Agora temos um hóspede em Tegucigalpa e outro na Papuda.

Circulavam dúvidas severas sobre o voto de Britto, alvo de uma imensa pressão do governo. O Painel, da Folha, havia antecipado no dia 16:
Ataque…
É enorme a pressão para que o ministro Carlos Ayres Britto mude o voto no caso Battisti, ajudando a formar no STF, nesta quarta, maioria favorável ao entendimento de que caberia ao presidente da República a decisão final sobre a extradição.
…especulativo.
Desde a chegada ao Supremo, em 2003, Britto repete a colegas que deve sua indicação em boa medida ao jurista Celso Antonio Bandeira de Mello, contratado pela defesa de Battisti especificamente para influenciar o pupilo.

Foi um Deus nos acuda! Oh!, como essa coluna ousa escrever tal coisa? Para variar, os esbirros do oficialsmo tentaram desmoralizar o jornalismo. E, no entanto, a coluna acertou na mosca. Convidei, no próprio dia 16, os meus leitores a verem o ministro sem preconceitos. Escrevi:
Ayres Britto foi um dos ministros que votaram com o relator Cezar Peluso. Um voto claríssimo, que não ensejava dúvidas ou ambigüidades. Não tendo havido nenhum fato novo daquela data até agora, tenho razões para acreditar que ele mantém o seu voto, já que o único fato novo seria a pressão oficial, o que o desmoralizaria.

Pois é… Como se nota, eu estava mais preocupado com a sua reputação do que ele próprio. Isso vive acontecendo. É que sou um homem bom. Sei lá se foi Bandeira de Mello que o levou a posição tão esdrúxula. O fato é que ele decepcionou os crentes, não é?, e cumpriu as expectativas dos céticos… Aprendi a lição: de agora em diante, ele só vai me surpreender quando acertar. Não sei se fui muito sutil… Falo um pouco mais sobre Britto e Eros Grau no post abaixo.

Tratado de extradição
Existe um tratado de extradição firmado entre Brasil e Itália. Lula vai cumpri-lo apenas se quiser, é isto? O Brasil firma tratados, que têm prescrição constitucional, e o chefe de estado dispõe deles segundo lhe dá na telha?

Há uma única hipótese de Lula não entregar Battisti à Itália sem denunciar o tratado de extradição, isto é, sem declarar a sua nulidade: alegar que há fundado temor de perseguição política a Battisti na Itália. Nesse caso, estará declarando que o Brasil tem motivos para afirmar que, naquele país, não vigora um regime democrático de direito, o que seria mais uma ofensa, em meio a muitas, a uma país amigo; como se não bastasse o rol de sandices de Tarso Genro naquele seu texto destrambelhado.

Mais: quem vai tirar Battisti da cadeia? Lula? Seria essa outra atribuição que lhe concedem os Cinco do Supremo? Lula não deve ter gostado tanto assim do resultado. Ele odeia esse negócio de ter de decidir alguma coisa quando não há uma solução ótima para… Lula!

Mas nem isso me faz ignorar o fato de que, num quadro geral de rebaixamento institucional, não seria o Supremo a se preservar imaculado.

Caras e caros, evitem comentários que vocês sabem que não poderei publicar…


Publicada em 23/11/2009 às 00h04m

O Globo

RIO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está decidido a manter no Brasil o ativista italiano Cesare Battisti, cuja extradição foi decidida semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por cinco votos a quatro. O Supremo, no entanto, decidiu depois que caberá a Lula a palavra final sobre o assunto. O desafio para o presidente, agora, é encontrar um dispositivo legal que permita a permanência de Battisti, revela reportagem de Chico de Gois na edição do GLOBO desta segunda-feira.

A condição de refugiado político está praticamente descartada. A ideia é esperar a polêmica esfriar e anunciar a decisão por meio do Diário Oficial da União, sem alarde.

Lembre: Acusado de quatro assassinatos nos anos 70, Battisti foi condenado a prisão perpétua na Itália

Na viagem que fez a Roma, semana passada, Lula conversou com o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi sobre o caso. Ouviu dele, de acordo com membros da comitiva brasileira que acompanharam o presidente, que a amizade entre os dois países continuará a mesma, quer Battisti seja extraditado ou permaneça no país. Na avaliação da comitiva brasileira, o impasse maior está entre as esquerdas italianas que, segundo esses interlocutores, teriam "contas" a acertar com Battisti.

Leia mais: Para leitores, Lula deve seguir orientação do STF e extraditar Cesare Battisti

Para ler a íntegra desta reportagem no Globo Digital, clique aqui (conteúdo exclusivo para assinantes)



Presidente do Senado italiano chama Tarso de pateta

Marcello Casal/ABr
Defensor da permanência no ex-guerrilheiro Cesare Battisti no Brasil, o ministro Tarso Genro (Justiça), muniu-se de lenha.

Na última quinta (19), nas pegadas da decisão do STF que deu a Lula a última palavra sobre a extradição, Tarso levou novos gravetos à fogueira.

Disse que setores da sociedade e do governo da Itália reclamam o retorno de Battisti porque sofrem “influências fascistas”.

O ministro italiano da Defesa, Ignazio La Russa, que noutras oportunidades dirigira críticas acerbas a Tarso, dessa vez borrifou água nas labaredas:

“Ele é livre para expressar sua opinião, como nós fazemos aqui na Itália”.

Deu-se coisa diversa com o presidente do Senado italiano, Maurizio Gasparri. O senador açulou o fogo:

“A amizade entre a Itália e o Brasil é tal, que podemos ignorar, mais uma vez, a patetice dita pelo senhor Genro”.

Os comentários do ministro da Justiça ecoaram também no Senado brasileiro. Líder do DEM, José Agripino (RN), disse:

“O governo italiano vai entender essa declaração como um insulto a sua realidade. O fascismo foi varrido da Itália há muito tempo...”

“...O ministro não deveria ter insultado a Itália com esta pejorativa declaração”.

Adversário de Tarso na política gaúcha, Pedro Simon, do PMDB, foi, por assim dizer, menos lhano que Agripino:

“O ministro perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Ele pode achar que Battisti deve ficar no Brasil, mas...”

Mas ...”o presidente tem que tomar a atitude correta e extraditá-lo, como determinou o STF”.

O diabo é que, diferentemente do que afirma Simon, o STF (Supremo Tergiversador Federal) decidiu não decidir.

Depois de referendar a extradição, transferiu a Lula a atribuição de devolver ou não Battisti à Itália, onde arrosta uma condenação por quatro homicídios.

Carlos Ayres Britto, que, depois de votar pela extradição, abraçou a tese de que cabe a Lula decidir, esforça-se agora para justificar a aparente dubiedade:

“Cada coisa em seu lugar. O Supremo decide sobre a extraditabilidade, a parte jurídica, encerra aí...”

“...Em sequência, vem a parte política, que é de responsabilidade do presidente da República”.

Lula já decidiu. Mas faz mistério. Para usar o linguajar de Ayres Britto, suponha-se que o presidente decida pela inextraditabilidade de Battisti.

A fogueira inaugurada por Tarso Genro parecerá brincadeira de criança perto do fogaréu diplomático que está por vir.

Escrito por Josias de Souza







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