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sexta-feira, 13 de março de 2009

Mãe que esperava gêmeos foi alvo de piadas 'Um bebê comeu o outro', disseram

SÃO PAULO - Sem dormir e com dores desde que fez a cesariana, a auxiliar administrativa Andresa Sales, de 35 anos, tenta reunir forças para falar sobre o seu drama. No dia 27 de fevereiro, ela deu a luz a Gabriel, no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos, apesar de passar nove meses acreditando nos exames que confirmavam que estava grávida de gêmeos. Nesta quarta-feira, surgiu uma cardiotocografia feita no Hospital Geral da Pedreira, na zona sul, que indica batimento cardíaco de apenas um bebê , feito no dia 18 de fevereiro. Especialista, no entanto, diz que o exame não é 100% confiável e que o ultrassom permite uma avaliação mais correta .

Nesta quarta, 12 dias após o parto, Andresa prestou depoimento para o Ministério Público estadual. E reafirmou que fez ultrassons e outros exames de pré-natal em vários hospitais e postos de saúde, desde setembro de 2008, que apontavam a existência de dois bebês.

" Será que só os médicos que fizeram o parto estão certos? Os outros estavam errados? "

Segundo ela, o primeiro exame foi feito na Clínica Maxiimagem, na zona leste, em setembro de 2008 e o médico informou que estava grávida de gêmeos. Ela passou a ser atendida no posto Calmon Viana da Unidade Básica de Saúde em Poá por uma médica especialista em gestação gemelar. A médica teria pedido exames em clínica particular.

No posto de saúde da Vila Joaniza, na zona sul, foram feitos exames, entre eles o sonar, que teria constatado dois batimentos cardíacos fetais.

Na Ama de Itaquera, um ultrassom teria constatato gravidez de gêmeos, assim como cinco exames cardiotocos feitos no Hospital Geral de Ferraz de Vasconcelos.

Um exame sonar feito no Hospital Santa Marcelina de Itaquaquecetuba feito um dia antes do parto teria indicado dupla gestação e o hospital informou que não faria o parto porque tinha apenas uma incubadora na UTI neonatal, que não atenderia aos gêmeos.

Andresa contou que chegou a ser motivo de piada entre as enfermeiras do hospital Hospital Geral de Ferraz de Vasconcelos, onde o parto acabou sendo realizado.

"Algumas brincavam com o tamanho e peso do bebê (Gabriel nasceu com 3,4 quilos, acima dos padrões de um gêmeo) e falavam: 'Olha o tamanho dele, um bebê comeu o outro'".

Em outra oportunidade, Andresa diz que várias pessoas entravam no quarto e perguntavam: "Quem é a mãe dos gêmeos que tem um só?".

" Como alguém tem em mãos diversos exames que acusam a gravidez de gêmeos e na hora de dar a luz só nasce um? "

A ex-gestante fala que a médica que fez o parto, de primeiro nome Paola, não mostrou a criança para ela logo após o nascimento. "Cheguei a ouvir o choro da criança, mas não me mostraram. Depois, vi a Dra Paola falar no rádio para (alguém) procurar um familiar, pois só havia um bebê", diz no depoimento. "Só depois que o Rodrigo (pai da criança) chegou é que trouxeram o bebê. Fiquei desesperada! Ouvi (a médica) dizer: 'Ninguém precisa de bebê de ninguém aqui.'"

No depoimento, ela citou ainda um médico pediatra que teria feito a seguinte pergunta: "Você que é a mãe dos gêmeos que morreu o bebê no parto?"

Andresa passou por três hospitais e quatro postos de saúdes diferentes. "Lógico que eu estava grávida de gêmeos. Será que só os médicos que fizeram o parto estão certos? Os outros estavam errados?."

A auxiliar foi ouvida no Hospital Santa Marcelina de Itaquaquecetuba, onde está internada para tratar uma infecção pós-operatória. Durante o depoimento, que durou mais de três horas, ela precisou ser medicada. Além dos promotores, estavam presentes seu advogado e uma assistente social do hospital. "Agora vamos levantar o máximo de exames para levar para a perícia", disse o promotor público Sílvio de Cillo Leite Loubeh.

Para o advogado Wilson José Freire de Oliveira, a família está no direito de cobrar explicações sobre o parto.

- É muito complicado. Como alguém tem em mãos diversos exames que acusam a gravidez de gêmeos e na hora de dar a luz só nasce um? Agora, com o depoimento de Andresa no Ministério Público, espero que tudo se resolva.

O estudante Rodrigo Triano, de 19 anos, marido de Andresa, está agitado. Ele já roeu as unhas de todos os dedos das mãos, além de fumar vários cigarros seguidos ao longo do dia. Pai de Gabriel, ele aguarda com ansiedade a solução do caso.

- Minha cabeça está a mil. É uma coisa triste toda esta história. O erro existe. Agora cabe a Justiça resolver - disse Triano.

A avó paterna, a dona-de-casa Maria Francisca da Silva, de 41 anos, tem cuidado da criança nos últimos dias, já que Andresa está no hospital. A avó, como toda a família, acreditava que a nora estava grávida de gêmeos.

- A barriga da Andresa estava enorme. Nós estamos com esperança de que esse caso se resolva logo - desabafou Maria Francisca, que já prestou depoimento à polícia.

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