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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Metalúrgicos amigos de Lula recebem indenização por terem sido perseguidos pela ditadura


Publicada em 23/09/2008 às 21h24m

SÃO BERNARDO DO CAMPO - Trinta e nove ex-companheiros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas greves do ABC nos anos 70 e 80 que foram presos, torturados e perseguidos políticos durante a ditadura militar, conseguiram reparações econômicas da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Nesta terça-feira, a comissão se reuniu em São Bernardo do Campo e concedeu indenizações que foram, em média, de R$ 264 mil, para 27 deles e mais R$ 2.078 por mês.

A indenização mais alta, contudo, foi de R$ 474 mil, mais uma pensão mensal de R$ 2.200 para Francisco das Chagas Souza. Doze deles terão uma parcela única, de R$ 78 mil, em média.

- Embora tardiamente, fizemos alguma justiça para a peãozada do ABC. Foi uma coincidência histórica muito grande eles terem sido anistiados exatamente neste governo do antigo companheiro de lutas deles - disse o presidente da Comissão, Paulo Abrão.

Chagas Souza, que recebeu R$ 474 mil, achou "pequena" a indenização:

" Foi uma coincidência histórica muito grande eles terem sido anistiados exatamente neste governo "

- Seu eu tivesse continuado a trabalhar na Cofap, teria recebido muito mais do que isso nesse período em que fiquei sem emprego.

No total, foram julgados 41 processos, mas dois tiveram pedidos de vistas. Foi o caso de Dogival Ferreira da Silva, ex-metalúrgico da Volkswagen, preso por cinco dias na greve geral de 1987 e demitido em seguida.

- Foi o Lula, que era deputado Constituinte, quem me tirou da prisão. De lá virei "piolho de gabinete" de vereador, ganhando muito menos e porque, graças a Deus, sou do PT. Mas ainda estou perdido na vida, nunca mais consegui um emprego decente, porque até hoje a empresa se recusa a me conceder anistia, ficou como justa causa por causa da prisão política. Até hoje não consigo um atestado de antecedentes. E agora, de novo, fiquei na mão - disse o ex-companheiro do presidente.

A "ex-companheira de Lula", Zoraide Gomes de Oliveira, no entanto, ficou contente. Conseguiu a indenização e uma renda mensal (ela pede que os valores não sejam divulgados). Passou um ano e meio presa, desde uma atividade clandestina na Cofap, em Santo André, em 1971. A filha, que tinha um ano e meio, foi levada pelos militares e demorou anos para ser resgatada por Zoraide:

- Ela nunca me perdoou. Fala que eu não gosto dela, que gostava mais da causa operária. Mas agora vou pegar o dinheiro e dar um apartamento para a minha filhinha - disse Zoraide.

" Para a nossa história esse reconhecimento é mais um avanço "

- No contexto geral, o resultado foi razoável. Mas alguns continuaram injustiçados e vamos recorrer. Antes, porém, faremos uma revisão dos casos. Agora, para a nossa história esse reconhecimento é mais um avanço - disse o diretor da Associação dos Metalúrgicos Anistiados do ABC, João Paulo de Oliveira.

Não é a primeira vez que a Comissão de Anistia indeniza ex-metalúrgicos nem será a última. Outros 20 ex-metalúrgicos ainda reivindicam indenizações. Dezenas de outros, como o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já foram reparados.

Os julgamentos dos casos duraram todo o dia nesta terça-feira e só foi encerrado à noite. Em vez de acontecer na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, a pedido de Abrão foi realizada na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, para evitar "distorções políticas". No final, o presidente da Comissão fez um pedido de desculpas oficiais aos perseguidos políticos:

- Temos a certeza de que o movimento metalúrgico foi crucial para a democratização do país. Pedimos desculpas oficiais em nome da União, por esse erro histórico que estamos tentando reparar aqui.

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