Por Carlos Alberto Quiroga
LA PAZ (Reuters) - O governo da Bolívia denunciou na terça-feira o início de uma tentativa de "golpe civil" realizada pela oposição conservadora do Departamento de Santa Cruz, mas descartou a possibilidade de decretar um estado de sítio para diminuir a tensão política.
Uma série de invasões violentas de agências e empresas públicas da cidade de Santa Cruz e uma tentativa fracassada de interromper a exportação de gás natural ao Brasil fariam parte do "golpe cívico contra a unidade e a democracia na Bolívia", disse Alfredo Rada, ministro de Governo.
A agressividade das manifestações em Santa Cruz e em outros três dos nove Departamentos bolivianos, somada à denúncia do governo, marcaram um dos dias mais tensos do conflito travado atualmente no país sul-americano e provocado pelo rechaço por parte da direita às reformas socialistas defendidas pelo presidente Evo Morales.
"Denunciamos diante do país e da comunidade internacional que aquilo que vinha sendo arquitetado com apoio interno e externo, que vinha sendo preparado desde as organizações cívicas e os governos regionais da oposição hoje se materializou", afirmou Rada ao final de uma reunião noturna de emergência entre Morales e seu gabinete de chefes militares e policiais.
O ministro responsabilizou o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, e Branko Marinkovic, líder cívico desse rico Departamento, pela onda de violência alimentada por "grupos fascistas" que tomaram e saquearam várias instituições públicas, entre as quais a sede regional da TV estatal.
Segundo Rada, o governo, que pretende realizar um referendo em janeiro para colocar em vigor uma nova Constituição de viés socialista, "não vai cair nas provocações fascistas", mas sim "responderá com seriedade e também com firmeza democrática e constitucional".
"Ao contrário do que vem sendo dito em Santa Cruz, o governo nacional não decretará nenhum tipo de estado de sítio. As vidas dos 1 milhão de moradores (dessa cidade) e suas liberdades não serão alteradas por causa de 500 ou 600 malandros", afirmou na mesma entrevista coletiva o ministro boliviano da Defesa, Walker San Miguel.
(Reportagem de Carlos Alberto Quiroga)
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