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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Bolívia expulsa embaixador dos EUA; protestos crescem


Por Eduardo García

LA PAZ (Reuters) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, ordenou na quarta-feira que o embaixador dos EUA deixe o país, acusando-o de estimular os protestos que afetaram o gasoduto que abastece o Brasil.

"O embaixador dos Estados Unidos está conspirando contra a democracia e quer que a Bolívia se desintegre", disse Morales em discurso no palácio presidencial em La Paz.

Morales disse que a chancelaria enviará uma carta à embaixada dos EUA pedindo que Philip Goldberg "retorne urgentemente ao seu país".

As acusações de Morales contra o embaixador norte-americanos são "infundadas", disse Gordon Duguid, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, acrescentando que a embaixada do país em La Paz não recebeu qualquer pedido do governo para que Goldberg deixasse a Bolívia.

Os protestos contra Morales continuavam na quarta-feira, com a ocupação de prédios públicos em Santa Cruz pelo segundo dia consecutivo. Além disso, houve novos ataques a instalações energéticas, o que obrigou o governo a reduzir as exportações de gás, maior fonte de divisas do país.

A estatal YPFB disse que o fornecimento para o Brasil caiu 10 por cento desde os ataques dos manifestantes, qualificados pelo governo como "ato terrorista".

"As exportações para o Brasil foram reduzidas em 3 milhões de metros cúbicos", disse Santos Ramírez, presidente da YPFB, a jornalistas em La Paz.

Em Brasília, o Ministério de Minas e Energia disse que o abastecimento de gás boliviano continuava normal, em 31 milhões de metros cúbicos por dia.

Cinco Departamentos bolivianos governados pela oposição exigem mais autonomia e mais participação nos dividendos do gás e petróleo.

Os manifestantes também invadiram o campo de extração de gás de Vuelta Grande, no Departamento de Chiquisaca, obrigando a Chaco, subsidiária da YPFB, a suspender a produção na noite de terça-feira.

"Cerca de 100 pessoas ocuparam o campo, e tivemos de parar as operações por razões de segurança", disse Juan Callau, diretor de relações institucionais da Chaco, acrescentando que a produção só será retomada após a desocupação.

Vuela Grande produz cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, para os mercados doméstico e externo. A empresa não sabe avaliar se as exportações serão afetadas por causa da ocupação.

Morales, que há dois anos nacionalizou o setor energético, havia enviado tropas para proteger as instalações energéticas depois que os manifestantes ameaçaram atacar campos de extração de gás e gasodutos.

(Reportagem de Eduardo Garcia e Carlos Quiroga, em La Paz, e Denise Luna, no Rio de Janeiro)

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