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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

CONSOLDA-Plano de Bush irrita Congresso e gera atrito eleitoral


Por Mark Egan

NOVA YORK (Reuters) - Funcionários do governo Bush alertaram na quarta-feira ao Congresso que o sistema financeiro dos EUA vai mergulhar num caos igual ao da Grande Depressão se não for aprovado um pacote de 700 bilhões de dólares para ajudar instituições financeiras -- o novo cavalo-de-batalha da campanha presidencial no país.

Enquanto o Congresso debate como e quando agir, os mercados norte-americanos estão em polvorosa. Investidores correram em busca de dinheiro vivo e ações seguras, o que fez com que os juros de curto prazo chagassem a ficar negativos. Especialistas dizem que os bancos estão acumulando dinheiro, temerosos de levar um calote caso emprestem para outros bancos.

Diante de parlamentares duvidosos, altos-funcionários do Executivo argumentaram que, mesmo custando mais do que toda a guerra do Iraque, o pacote de resgate financeiro é importante para evitar um desastre econômico.

Em meio à crise, o Berkshire Hathaway investiu 5 bilhões de dólares no combalido banco de investimentos Goldman Sachs Group, que está virando um banco de varejo para se proteger da crise. As ações do Goldman Sachs fecharam em alta de 6,4 por cento.

"Estou em certa medida apostando no fato de que o governo fará a coisa racional e agirá adequadamente", disse à CNBC o dono do Berkshire, Warren Buffett, que é um dos homens mais ricos do mundo e um dos investidores mais respeitados.

Em pronunciamento televisivo na noite de quarta-feira, o presidente George W. Bush tentará convencer a população dos benefícios do plano, que autoriza o governo a gastar 700 bilhões de dólares para comprar dívidas "podres" e sanear instituições em apuros.

O candidato republicano à Presidência, senador John McCain, decidiu suspender sua campanha e voltar a Washington para negociar o acordo no Congresso. Sugeriu que seu rival democrata Barack Obama, também senador, fizesse o mesmo, e que o debate entre ambos na sexta-feira fosse cancelado. Obama rejeitou a proposta.

"A manobra de McCain prenuncia uma maior politização da questão da crise/resgate, e poderia assim complicar os esforços para aprovar os 700 bilhões de dólares já no fim de semana", disse Chuck Gabriel, diretor-gerente da consultoria Capital Alpha Partners, de Washington, em nota a seus clientes.

Obama acusou indiretamente McCain de estar fazendo politicagem. "O importante é não infundirmos de repente a política presidencial no Capitólio. O que planejo fazer agora é debater na sexta-feira. Tenho a crença de que esta é exatamente a hora em que o povo norte- americano precisa ouvir algo da pessoa que dentro de aproximadamente 40 dias será a responsável por lidar com esta bagunça."

APOSTAS NA APROVAÇÃO

De acordo com o serviço eletrônico de apostas Intrade, os investidores vêem 80 por cento de chance de que o plano de resgate seja aprovado. Mas muitos parlamentares exigem emendas para dar mais proteção ao dinheiro público e para restringir pagamentos de benefícios a executivos de empresas que estejam sendo resgatadas.

O deputado Barney Frank, presidente da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara, disse que os democratas vão apresentar sua própria versão do projeto até quinta-feira, para começar a negociar com os republicanos.

A incerteza está corroendo os mercados. "Há uma tremenda ansiedade sobre se essa lei será aprovada", disse Thomas di Galoma, diretor de títulos públicos dos EUA na corretora Jefferies & Co., de Nova York.

O presidente do Fed (banco central dos EUA), Bem Bernanke, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, foram ao Congresso tentar promover as virtudes do projeto. Paulson, um ex-presidente da Goldman Sachs que acumulou uma fortuna de 700 milhões de dólares em Wall Street, tentou minimizar o custo do resgate.

"Não é um programa de gastos. É um programa de aquisição de patrimônio, e o patrimônio que está sendo adquirido e mantido vai acabar sendo revendido, com os dividendos voltando para o governo", explicou ele a parlamentares.

No segundo dia de audiências, o deputado democrata Baron Hill disse a Bernanke que "há grande angústia no Congresso sobre se devemos fazer isso". Ele então pediu explicações didáticas sobre a necessidade de um gasto maior do que todo o custo com a guerra do Iraque desde 2003.

"Sufocar o crédito é como tirar o sangue da economia", respondeu Bernanke asperamente.

Sobre a possibilidade de a atual crise ser mais grave que a Grande Depressão, na década de 1930, o presidente do Fed respondeu: "Acho que esta é a crise financeira mais significativa no período do pós-guerra dos Estados Unidos, e na verdade tem um alcance global".

(Reportagem de James Vicini, Mark Felsenthal, Gertrude

Chavez-Dreyfuss, Dan Burns, Richard Cowan, Richard Leong, Al Yoon, Jonathan Stempel e Steven C. Johnson)

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