Miami (EUA), 31 ago (EFE) - O furacão "Gustav" começou hoje a atingir as plataformas de extração de petróleo do Golfo do México em seu caminho à Louisiana (Estados Unidos) e teme-se que cause danos econômicos devastadores tanto ao país quanto a outras nações dependentes da commodity.
Os trabalhadores das plataformas foram retirados do local e a produção de petróleo e gás natural voltará a ser afetada gravemente como já ocorreu há três anos com o impacto consecutivo dos furacões "Katrina" e "Rita".
Justamente quando o preço do petróleo tinha começado a cair, depois de atingir a cotação máxima de US$ 147 o barril, na sexta-feira passada começou a ensaiar uma primeira alta e uma posterior queda no valor, à espera do impacto exato nas plataformas que extraem cerca de 25% da produção de petróleo dos EUA.
Em agosto, o preço do barril de Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve) caiu aproximadamente 7,5%, equivalente a US$ 8,62.
O Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, em inglês) reiterou hoje que "Gustav" é um furacão "extremamente perigoso" tanto pela força de seus ventos, de quase 200 km/h, quanto pelo seu tamanho.
O diâmetro do furacão abrange 85 quilômetros a partir de seu olho, enquanto os ventos com força de tempestade tropical se estendem por 325 quilômetros a partir do centro.
O olho do furacão ficará hoje no centro do Golfo do México e se movimentará rapidamente em direção noroeste a uma velocidade de 28 km/h, para chegar à costa da Louisiana amanhã.
A população de Nova Orleans e dos municípios próximos ao delta do Mississipi foi evacuada, mas milhares de pessoas correm o risco de ficar isoladas e sem possibilidade de abandonar a região pela falta de meios de transporte público suficientes.
Segundo fontes do NHC, o impacto de "Gustav" nas plataformas de extração de petróleo e gás natural do Golfo do México só será conhecido na terça-feira.
O efeito no preço do barril de petróleo também só será notado na terça-feira no mercado de Nova York, já que amanhã é feriado do Dia do Trabalho nos EUA.
Na sexta-feira passada, o preço do barril de WTI registrou uma leve queda em Nova York, paralelamente ao fortalecimento do dólar, e fechou a US$ 115,46, após ter ultrapassado os US$ 117.
O Golfo do México tem uma importância extraordinária para a economia americana, já que das plataformas da área é extraído em torno de 1,3 milhão de barris diários de petróleo - ou um quarto do total nacional - e mais de 7 bilhões de pés cúbicos de gás natural - ou 14% do total.
No Texas, também estão instaladas mais de 50 refinarias e no litoral da Louisiana se encontra o maior terminal marítimo de instalações petrolíferas, com um fluxo de mais de um milhão de barris diários de petróleo importado.
A força de "Gustav" afetará, por isso, a economia dos estados do sul e do setor petroleiro, como já ocorreu há três anos com os devastadores furacões "Katrina" (em agosto) e "Rita" (setembro) até que o petróleo e a gasolina atingissem a cotação recorde.
Os dois furacões foram, até agora, os prejudiciais para a indústria petrolífera e para as refinarias, por terem reduzido a capacidade total de refino em quase cinco milhões de barris diários - ou aproximadamente 29% - e por, praticamente, terem paralisado a produção de gás.
Para reduzir os possíveis danos, o Departamento de Energia dos EUA anunciou que utilizará parte dos fundos de reserva de petróleo, que chegam a 707,2 milhões de barris da commodity.
Além de atingir o setor petrolífero, o dano econômico a Louisiana pode ser enorme e, sobretudo, a Nova Orleans, que ainda está longe de se recuperar do efeito causado pelo "Katrina".
A população de Nova Orleans, segundo números do Escritório do Censo americano, é atualmente de 325 mil pessoas, ou seja, dois terços dos habitantes antes do desastre causado pelo "Katrina".
O número de estudantes nas escolas públicas continua sendo a metade de há três anos, a quantidade de ônibus públicos é um quinto de 2005 e a de hospitais que funcionam plenamente é também a metade de 2005.
Três anos depois, milhares de pessoas continuam vivendo em casas móveis em situação precária e sem que tenham visto o fruto dos investimentos milionários para a recuperação prometidos pelo Governo dos EUA.
O olho de "Gustav" estava perto da latitude 25,3 graus norte e da longitude 86,0 graus oeste, sobre o sudeste do Golfo do México, e a 520 quilômetros da foz do Mississipi, segundo o boletim de 12h do NHC.
domingo, 31 de agosto de 2008
"Gustav" pode gerar danos devastadores à economia dos EUA
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